Nesta quarta-feira, dia 3 de abril, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu em defesa do governo golpista de Michel Temer (MDB). Na ocasião, Moraes afirmou que Temer sofreu “injustiças dolosas”, que, entretanto, “não apagaram o sucesso do seu governo”.
O discurso ocorreu durante a entrega do título de cidadão do Distrito Federal ao ex-presidente golpista. O emedebista foi agraciado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em uma cerimônia em que também estavam presentes o ministro José Antonio Dias Toffoli e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Para Moraes, Temer “Foi um grande presidente. Um presidente sério, um presidente trabalhador”.
No discurso, os “pontos positivos” que Moraes apontou, foram, todos eles, duros golpes contra a classe trabalhadora, como privatizações e “reformas”. Com destaque para a “reforma” trabalhista, uma destruição dos direitos trabalhistas ainda sentida pela classe trabalhadora.
Em resumo, Moraes elogiou as privatizações, que são um assalto ao patrimônio nacional, aos recursos públicos pertencentes aos trabalhadores. Fora isso, enalteceu as reformas que alteraram o regime político brasileiro em desfavor da maioria da população.
Magistrado do Golpe de Estado
As declarações de Moraes não são à toa. Ele foi ministro da Justiça do governo Temer, governo esse instaurado com o golpe de Estado 2016. Em 2017, com a morte do ministro Teori Zavascki, Temer indicou Moraes à vaga aberta no STF.
Sua ascensão política se consolidou com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Sendo uma peça importante no desenvolvimento do golpe, não é de se admirar que faça uma defesa aberta do governo golpista.
Ainda em 2016, durante a Operação Lava Jato, Moraes teria declarado: “teve [operação] a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”.
Tucano de carteirinha
Moraes era filiado ao PSDB até 2017. Ele ingressou no sistema judiciário em 1991, como promotor de Justiça no Ministério Público de São Paulo, cargo que exerceu até 2002. Deixou esta função para assumir a de secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, por indicação de Alckmin, quando acumulou a presidência da antiga Febem, hoje Fundação Casa, de agosto de 2004 a maio de 2005.
Na gestão de Gilberto Kassab, foi secretário municipal de Transportes da cidade de São Paulo (de 2007 a 2010). Na de Geraldo Alckmin, foi secretário estadual do governador de São Paulo, em duas pastas: da Defesa da Cidadania (SDC) de 2002 a 2005, e de Segurança Pública (SSP-SP) de 2014 a 2015.
Inimigo da esquerda
Durante seu período na SSP-SP, as polícias civis e militares foram oficialmente responsáveis por 25% de todos os assassinatos no estado. A maior taxa de letalidade policial registrada até hoje no estado.
Sua gestão também inovou na repressão utilizado blindados israelenses para dispersar um protesto. Além de se opor à legislação aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo que proibia o uso de bala de borracha em protestos: “sou contrário porque é um instrumento da segurança pública que deve ser bem utilizado”.
Se seu nome não consta mais nas listas do PSDB, a política do PSDB está gravada em seu coração.
Um magistrado de direita que trabalha para endurecer o regime político, alguém com orientação política clara, e oposta aos interesses da classe trabalhadora.