Na quarta-feira (17), o Catar anunciou que “Israel” e o Hamas chegaram a um acordo para permitir a entrega de medicamentos aos prisioneiros israelenses detidos na Faixa de Gaza e para transportar ajuda aos residentes no território palestino.
O acordo prevê a entrega de ajuda humanitária a civis em “áreas mais afetadas e vulneráveis” em Gaza, em troca da entrega de medicamentos aos prisioneiros israelenses detidos pelo Hamas, afirmou o Ministério das Relações Exteriores do Catar em um comunicado na terça-feira.
O porta-voz do ministério, Majed al-Ansari, disse que os medicamentos e a ajuda sairão de Doha em direção à cidade egípcia de El Arish, em preparação para sua entrega na Faixa de Gaza. Ele afirmou que o acordo foi mediado pelo Catar em cooperação com a França.
Anteriormente, Philippe Lalliot, chefe do Centro de Crises do Ministério das Relações Exteriores da França, que organiza esforços de ajuda, afirmou que as negociações estavam em andamento havia semanas e a ideia inicial havia surgido das famílias de alguns dos prisioneiros israelenses.
Pacotes médicos específicos para vários meses, montados na França, serão entregues a cada um dos 45 presos. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha coordenará as ações no local.
A ajuda, que inclui medicamentos para os prisioneiros israelenses ainda detidos pelo Hamas, estava a caminho do Egito na quarta-feira (10), após ser transportada da França para o Catar. Paris e Doha anunciaram no dia anterior que haviam intermediado o primeiro acordo entre “Israel” e o grupo palestino desde o cessar-fogo em 1º de dezembro.
No entanto, os esforços para levar “Israel” e o Hamas de volta à mesa de negociações têm enfrentado obstáculos desde então. “Israel” afirmou que não interromperá seus bombardeios a Gaza até que todos os prisioneiros sejam libertos e o Hamas seja destruído; o Hamas, acertadamente, diz que não libertará mais prisioneiros sem um cessar-fogo total.
A ajuda para Gaza também é desesperadamente necessária, com a maioria dos 2,3 milhões de habitantes expulsa de suas casas e em risco de fome.
Diante da piora da situação em Gaza, há relatos de que a busca por outro cessar-fogo entre Israel e o Hamas pode estar ganhando impulso mais uma vez. Na terça-feira, a Casa Branca informou que o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Brett McGurk, esteve em Doha nos últimos dias discutindo um possível acordo.
Enquanto isso, “Israel” intensificou seus ataques aéreos criminosos no sul de Gaza na quarta-feira. “Foi a noite mais difícil e intensa em [a cidade do sul de] Khan Yunis desde o início da guerra”, disse o governo do Hamas, cujo ministério da saúde relatou 81 mortes em todo o território palestino.
Osama Hamdan, membro do Birô Político do Hamas, concedeu uma coletiva de imprensa em Beirute, capital do Líbano, sobre o novo acordo. O dirigente palestino forneceu detalhes sobre as condições firmadas entre o Hamas e “Israel” para concretizar a entrada dos suprimentos.
“A Cruz Vermelha apresentou um pedido para fornecer medicamentos aos prisioneiros israelenses em Gaza, e havia 140 tipos de medicamentos, então estabelecemos várias condições”, afirmou.
Dentre essas condições, ele afirmou que “para cada caixa de medicamentos enviada aos prisioneiros israelenses, mil deveriam ser destinados ao nosso povo”. Além disso, a “Cruz Vermelha deveria distribuir medicamentos em quatro hospitais que cobrem todas as áreas da Faixa de Gaza, incluindo medicamentos para os prisioneiros israelenses”.
O líder do Hamas também mencionou que os medicamentos deveriam ser fornecidos por meio de um país de confiança do partido. Ademais, a organização exigiu a introdução de mais ajuda humanitária e de mais alimentos para a população de Gaza.
O acordo em questão demonstra a fragilidade interna e externa de “Israel” em meio ao conflito intensificado a partir de 7 de outubro. Finalmente, ao mesmo tempo em que o Hamas está em vantagem e tem as condições políticas e militares de impor uma série de condições para o Estado sionista, a população israelense está fazendo uma grande pressão contra o governo Netanyahu para que este liberte os prisioneiros na Faixa de Gaza.