A gloriosa operação Dilúvio de Al-Aqsa aconteceu em um sábado, dia de Análise Política da Semana. Com isso, Rui Costa Pimenta teve a oportunidade de comentar praticamente em tempo real a ação heroica do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe) contra a ocupação. Já naquele momento, Pimenta declarou que ele, bem como o Partido da Causa Operária (PCO) de conjunto, têm como posição o apoio irrestrito à luta da resistência palestina e ao Hamas:
“Quando a população negra do Quilombo dos Palmares se ergueu contra a elite colonial, falaram, na época, que era terrorismo. O povo palestino é um povo martirizado, pois esmagado e oprimido não descreve mais a sua situação. A posição do PCO não é 100% com o Hamas. Não é 200%. É 1.000% com o Hamas. Não aceitaremos nenhum tipo de hipocrisia política cujo resultado será um novo massacre e o esmagamento completo da população palestina. (…) O Hamas está organizando a resistência do povo palestino”, afirmou Pimenta.
Antes de 7 de outubro, no entanto, o PCO já havia deixado claro de que lado estava. Exemplo disso é o panfleto publicado em 2014 pelas Edições Causa Operária, que trouxe dois documentos fundamentais: a análise Na luta contra o Estado de ‘Israel’, o Hamas tem de ser apoiado incondicionalmente e a nota da Direção Nacional intitulada Com Palestinos em Gaza contra o Estado Sionista, assinada em 5 de agosto daquele ano. Ambos reafirmavam o apoio direto do partido à luta do povo palestino e denunciavam a política genocida do Estado sionista.
No primeiro texto, o PCO caracterizou de forma categórica que o que ocorria em Gaza era um genocídio. O documento comparava a ofensiva de “Israel” às ações fascistas de Hitler e Mussolini na Abissínia, na Tchecoslováquia e na Polônia, para mostrar o verdadeiro caráter do massacre. Em seguida, explicava que a escalada de violência tinha relação direta com a crise capitalista internacional, marcada pela crise de 2008, e pelas disputas de força no Oriente Médio.
Outro ponto central era a crítica às posições humanitárias e “solidárias” de setores da esquerda, que se limitavam a notas e declarações sem oferecer qualquer saída real. O documento deixava claro que a única posição consequente era a defesa da destruição do Estado sionista. Como afirma o texto: “a função da verdadeira revolução social é destruir o estado opressor. E essa palavra de ordem tem de ser defendida por todas as pessoas que sejam socialistas e revolucionárias, como também por um verdadeiro democrata”.
O panfleto também abordava o sentido de classe dessa posição. Contra o discurso sentimental ou moralizante, apontava que se tratava de estar do lado dos povos oprimidos contra o imperialismo. Citando Trótski, lembrava: “eu ficaria ao lado do Brasil fascista contra a Inglaterra democrática”. O exemplo demonstrava que, diante de uma luta concreta, é preciso apoiar o campo que enfrenta o opressor, mesmo que não corresponda a ideais abstratos de “democracia” utilizados para encobrir a dominação imperialista.
Já a nota da Direção Nacional, assinada em agosto de 2014, reforçava esse posicionamento. Condenava de forma contundente os ataques de “Israel” contra Gaza, chamava a luta palestina de revolucionária e denunciava a política de extermínio praticada pelo Estado sionista. A nota também destacava a limitação da esquerda brasileira — PT, PSOL, PSTU e outros — que, mesmo condenando os massacres, se recusava a defender abertamente a revolução palestina e o apoio à resistência armada.
O PCO, portanto, já em 2014 havia fixado uma posição que se diferenciava de toda a esquerda pequeno-burguesa: apoio incondicional ao Hamas e à resistência palestina. A linha traçada naquele panfleto conecta-se diretamente à posição expressa em 2023, quando o partido declarou ser “1.000% com o Hamas”. Trata-se de uma política contínua, que se mantém firme ao longo de mais de uma década, baseada na defesa da luta revolucionária do povo palestino contra o imperialismo e contra o Estado sionista.






