Há 35 anos, em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim desmoronava, e com ele, a ilusão sustentada pelo stalinismo de que a União Soviética representava a alternativa socialista à exploração capitalista. O muro, que por quase três décadas dividiu a Alemanha entre uma Berlim Oriental submetida à ditadura soviética, e Berlim Ocidental, controlada pelo imperialismo, era também o símbolo de uma fraude: a ideia de que o stalinismo estava em oposição ao regime mundial, quando, na prática, operava como seu maior aliado, minando sistematicamente a revolução socialista internacional.
A queda do muro foi o prenúncio do colapso do stalinismo, uma política reacionária que, sob a fachada socialista, neutralizava os avanços revolucionários em favor da ditadura mundial dos monopólios. Com seu enfoque nacionalista e avesso à expansão da luta socialista mundial, o stalinismo, desde seus primórdios, operou como uma verdadeira correia de transmissão do regime capitalista, manipulando o Estado Operário degenerado soviético em prol da estabilização da ordem burguesa internacional.
Assim, longe de representar o comunismo, ele operava em aliança com os interesses mais conservadores, facilitando o avanço imperialista em diversas partes do mundo. No momento da queda do muro, o mundo presenciou a última grande farsa da política stalinista, que não conseguiu sustentar o próprio sistema que havia erguido em Moscou.
Desde o ascenso de Stálin ao poder, o stalinismo trabalhou ativamente para impedir a revolução em escala internacional, muitas vezes tomando medidas contrarrevolucionárias. Na China, o Partido Comunista Chinês, sob influência de Moscou, foi forçado a subordinar-se ao Kuomintang em vez de mobilizar a classe operária para a luta socialista.
O resultado foi a traição da revolução e a subsequente derrota dos trabalhadores. Na Grécia, após a Segunda Guerra Mundial, a mesma política foi imposta, levando os revolucionários à derrota diante do avanço das forças reacionárias apoiadas pelo imperialismo.
Em cada uma dessas traições, o stalinismo fez uso de sua influência junto aos trabalhadores e estudantes para enfraquecer o movimento operário, e desviar os trabalhadores do caminho revolucionário. Nos próprios países do Leste Europeu, sua política não era menos desastrosa.
Em vez de incentivar a organização dos trabalhadores e o avanço da revolução, o stalinismo impunha regimes policiais que garantiam a estabilidade dos interesses imperialistas na região. Esse padrão de sabotagem deliberada se manteve em quase todos os momentos críticos da política mundial do século XX.
A crise do stalinismo ficou ainda mais evidente com o fracasso da União Soviética em lidar com a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962. Quando os Estados Unidos exigiram a retirada das armas nucleares soviéticas de Cuba, Khrushchev cedeu, desarmando a ilha e abandonando-a à mercê do imperialismo.
Esse recuo representou uma clara traição ao povo cubano e aos trabalhadores do mundo, revelando a subserviência da liderança soviética aos ditames imperialistas. Em vez de fortalecer uma resistência internacional ao capitalismo, o stalinismo preferiu manter um “equilíbrio” conveniente com o regime burguês, demonstrando que sua oposição ao imperialismo não passava de fachada.
Os eventos que culminaram na queda do Muro de Berlim são reflexos de uma política que já estava em ruínas há décadas. As reformas de Gorbachev – a glasnost e a perestroika – foram tentativas desesperadas de salvar o que restava de um sistema em colapso.
Com essas medidas, Gorbachev não só abriu o caminho para o enfraquecimento do bloco soviético, mas também acelerou o fim do stalinismo como força política. As reformas do último governo soviético preparavam o terreno para a restauração do capitalismo, sob um programa. Para os trabalhadores, a promessa de maior liberdade e transparência rapidamente se mostrou vazia, substituída pela rápida desintegração dos serviços sociais e pelo aumento da exploração.
Para o movimento comunista, a queda do muro representou uma oportunidade para expor o papel reacionário do stalinismo. A ilusão da “ordem socialista” que o muro simbolizava foi desfeita diante dos olhos do mundo, revelando a verdadeira essência do stalinismo: um regime burocrático e repressor que, ao invés de conduzir o proletariado à revolução, o submetia aos interesses dos capitalistas internacionais.
O desmoronamento do muro foi um símbolo não só da falência do stalinismo, mas também da libertação das forças revolucionárias que ele tentava conter. Hoje, o entendimento da traição stalinista e de seu papel servil diante do imperialismo se faz mais necessário do que nunca. O Partido da Causa Operária, comprometido em desvendar a verdade sobre o stalinismo e expor sua antítese ao verdadeiro marxismo, oferece um curso dedicado a estudar essa política criminosa que sabotou repetidas vezes as lutas da classe trabalhadora. Na Universidade Marxista, é possível acompanhar uma análise aprofundada desse fenômeno histórico, revelando o papel do stalinismo desde a Segunda Guerra Mundial até a queda do Muro de Berlim, por meio do curso “O que foi o stalinismo — parte 2”, que está disponível no sítio da Universidade Marxista.
Compreender a queda do Muro de Berlim é fundamental para desvendar o papel nefasto que o stalinismo desempenhou em desviar a classe trabalhadora da luta revolucionária, desmascarando a natureza reacionária que sempre o caracterizou. Longe de ser um regime verdadeiramente socialista, o stalinismo foi o mais eficiente defensor do regime burguês, operando de dentro das fronteiras soviéticas para sufocar a revolução internacional. A sua queda marca o momento em que a fachada finalmente ruiu, expondo para o mundo o verdadeiro rosto da política de Moscou, um rosto que jamais esteve ao lado da revolução mundial, mas sempre alinhado aos interesses do capitalismo.