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América do Sul

Gustavo Petro denuncia golpe de Estado na Colômbia

Presidente é vítima de cerco da burocracia judicial

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicou uma mensagem no X no último sábado (7) alertando a população para a ameaça de um golpe de Estado organizado pela burocracia judicial. Desde o ano passado, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE, similar ao TSE brasileiro) realiza “investigações” contra o mandatário, fazendo uso de métodos similares aos verificados no Brasil pela operação golpista Lava Jato. “Com os votos dos inimigos políticos do presidente no Conselho Eleitoral e depois na comissão de impeachment, eles tentarão destituí-lo do cargo sem ter cometido nenhum crime, sem nenhuma maldade, e zombarão do voto popular em 2022″, disse Petro, em sua mensagem:

“Enquanto, com um simples toque de caneta e contrariando a doutrina constitucional usada com todos os presidentes da Colômbia, ao se livrar, em um conceito não vinculante, da jurisdição integral do atual presidente da Colômbia, teve início um golpe de Estado à colombiana.

Com os votos de inimigos políticos do presidente no conselho eleitoral e depois na comissão de acusações, eles tentarão destituí-lo do cargo sem ter cometido nenhum crime, sem nenhuma maldade e zombando do voto popular de 2022.

A oligarquia colombiana, que não se cansa de tirar o leite do país e transformá-lo em um dos países mais desiguais e violentos do mundo, decidiu acabar com a pequena democracia estabelecida na constituição de 1991 e quebrar suas regras porque não suporta um presidente do lado do povo e não do lado de suas manobras mafiosas e assassinas.

Um golpe de Estado está sendo preparado pelos derrotados em 2022 contra a mudança na Colômbia e o voto do povo.

Diante de um golpe de Estado, não há outro caminho senão a mobilização popular generalizada. Uma zombaria do voto popular é respondida com o povo. Convoco esse gigante adormecido, o povo colombiano: sua juventude, seu campesinato, seus trabalhadores, suas mulheres, a se mobilizar nas ruas contra o golpe de Estado.”

A crise entre o presidente Gustavo Petro e o CNE teve início 12 meses depois da posse do presidente, com a burocracia judicial anunciando a abertura de uma investigação sobre possíveis irregularidades na campanha presidencial de Petro. As alegações de financiamento ilegal e uso de fontes proibidas foram os principais pontos que desencadearam a crise.

O mais velho dos seis filhos do presidente e um político ascendente, Nicolás Petro foi indiciado pela burocracia por lavagem de dinheiro e por enriquecimento ilícito, chegando a ser preso no dia 29 de julho, sendo solto posteriormente após aceitar “colaborar” com a Justiça, uma tortura similar às cometidas pela Lava Jato, operação organizada e orientada pelos EUA para intervir no regime político brasileiro. A ex-mulher do filho do presidente denunciou o uso de dinheiro ilegal na campanha do presidente e que parte do montante foi usada pelo filho para aumentar o seu patrimônio.

A tentativa de golpe de Estado na Colômbia contra o presidente Gustavo Petro reflete uma clara articulação do imperialismo para barrar qualquer política que não beneficie os monopólios. O uso das instituições judiciais e eleitorais para deslegitimar governos progressistas não é novidade na América Latina. A Venezuela é um exemplo clássico, onde tentativas de golpe, tanto por meio de sabotagens internas quanto por interferências externas, foram uma constante durante os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.

Assim como na Colômbia, a burguesia venezuelana, em conjunto com setores conservadores e o apoio imperialista, não mediu esforços para depor Maduro, incluindo um golpe fracassado em 2019. A semelhança dos métodos usados contra Petro e Maduro evidencia uma estratégia comum de desestabilização aplicada pelos mesmos interesses. Ambas as tentativas de golpe se amparam no desgaste institucional e na mobilização de um aparato jurídico manipulado, alegando crimes que muitas vezes não possuem qualquer substância ou respaldo jurídico real.

Essa convergência de golpes entre Colômbia e Venezuela deveria servir de alerta a Petro. Ele precisa repensar sua postura frente ao governo bolivariano. Se Petro continuar com uma política distante e, por vezes, crítica em relação ao seu homólogo venezuelano, estará se isolando justamente no momento em que mais precisa de alianças fortes e solidárias na região. O ataque que Petro sofre agora é parte de um cerco mais amplo contra qualquer projeto popular na América Latina, e apenas uma unidade de forças entre governos progressistas poderá barrar esse avanço.

A mobilização popular é sem dúvida essencial, mas Petro deve também fortalecer laços com Maduro e outras lideranças da região para criar um bloco sólido contra o imperialismo e seus agentes locais. Petro precisa de Maduro, assim como Maduro, em sua luta constante contra a desestabilização provocada pelos Estados Unidos, precisou e ainda precisa do apoio internacional para resistir aos ataques da principal potência imperialista do mundo.

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