O aguardado programa especial Diário de Viagem, com Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), está marcado para a próxima quinta-feira (26), às 12h30, pelo canal Causa Operária TV. O especial trará as experiências vivenciadas pela direção do partido durante sua viagem à China. Convidados pelo Diário do Povo, veículo do Partido Comunista Chinês, os representantes do PCO visitaram Chengdu, capital da província de Sichuan, onde participaram do Fórum de Cooperação de Mídia, um encontro importante para fortalecer a imprensa que luta contra o imperialismo.
É relevante mencionar que a Rússia também faz parte dessa articulação internacional com os chineses e as forças rebeldes ao imperialismo, embora nem sempre os dois países, que compartilham mais de 4 mil quilômetros de fronteira, tiveram uma relação próxima como atualmente, nem mesmo após as revoluções do século XX. Na realidade, 20 anos após a Revolução Chinesa, o gigante asiático seria levado a uma guerra contra os vizinhos do norte.
A Guerra Sino-Soviética de 1969 foi um desdobramento das tensões entre a China e a União Soviética. Ao contrário do que alegam os que simplificam o conflito como um “desentendimento comunista”, as raízes estavam em questões concretas: disputa por território, recursos e influência geopolítica na Ásia.
Esse confronto não se deu por uma mera divergência de estratégias políticas, mas pela disputa pelo controle de áreas estratégicas e ricas em recursos. As tensões entre os dois países já existiam há muito tempo, agravadas por acordos territoriais injustos impostos à China pelos russos no século XIX, como o Tratado de Aigun (1858) e a Convenção de Pequim (1860).
Esses tratados forçaram a China a ceder enormes extensões de terra, uma questão que Mao nunca deixou de lado e que se tornou uma pedra no sapato das relações sino-soviéticas ao longo das décadas. A União Soviética, por sua vez, tratava essas terras como seus bens adquiridos e não tinha intenção de devolver um único palmo.
Entre 1965 e 1969, a União Soviética reforçou significativamente sua presença militar ao longo dos 7.500 quilômetros de fronteira com a China, em parte devido ao aumento das tensões entre os dois países após o rompimento ideológico. Estima-se que cerca de um milhão de soldados soviéticos foram posicionados nas áreas estratégicas perto do Rio Ussuri e em outras partes da fronteira sino-soviética, acompanhados por armamentos pesados, aviões e tanques.
Esse deslocamento começou em meados da década de 1960, especialmente após a invasão da Tchecoslováquia pela URSS em 1968, o que aumentou os receios chineses sobre uma possível invasão soviética. O estopim veio em março de 1969, quando as tropas chinesas atacaram uma patrulha soviética na Ilha de Zhenbao (Damanski, em russo), localizada no rio Ussuri, marcando o início de confrontos armados.
A União Soviética retaliou rapidamente, e o conflito se estendeu por vários meses, com intensos confrontos fronteiriços até setembro daquele ano. O saldo de vítimas foi severo: cerca de 150 mortos do lado soviético e estimados 800 a 1.000 mortos do lado chinês, refletindo a desigualdade do poderio militar, com os soviéticos tecnologicamente superiores.
O regime soviético, liderado por Leonid Brejnev, estava em uma fase de estagnação econômica e precisava garantir sua posição como superpotência global, lutando contra o imperialismo norte-americano em uma frente, enquanto enfrentava esse inesperado e delicado desafio no outro extremo. Já a China, por sua vez, vivia o auge da Revolução Cultural.
Mao, que já havia rompido com a União Soviética anos antes, via no confronto com os soviéticos uma oportunidade para fortalecer sua base interna e galvanizar o apoio popular contra a “ameaça estrangeira”, mantendo a China longe de qualquer submissão a potências externas, fossem elas imperialistas ou ditas “comunistas”. O conflito não se arrastou por muito tempo, mas deixou cicatrizes profundas.
Apesar da superioridade militar soviética, o enfrentamento levou as duas partes a negociarem um cessar-fogo. Não houve grandes alterações territoriais imediatas, mas o verdadeiro impacto foi na reorganização das alianças políticas.
A China, sob a liderança de Mao, reaproximou-se dos EUA, então sob a presidência de Richard Nixon, que em 1972, visitou Pequim, selando a aproximação entre os dois países em meio ao conflito global da Guerra Fria. Do lado soviético, o conflito foi um amargo lembrete de que o stalinismo definitivamente já não era a força hegemônica na região.
Após o fim da União Soviética, em 1991, as relações entre a Rússia e a China começaram a se recompor. A Rússia, devastada economicamente, percebeu a importância de uma aliança estratégica com o gigante chinês, enquanto a China, agora sob um regime de forte crescimento econômico, via a Rússia como um parceiro estratégico contra os EUA e o imperialismo global. Hoje, os dois países mantêm uma aliança baseada em interesses mútuos, especialmente na resistência às pressões dos EUA e seus aliados imperialistas.
Com a retomada da ofensiva mais agressiva dos norte-americanos contra a China, a aliança entre os dois países colossais se aprofundaria, englobando também uma articulação global contra a ferocidade crescente da ditadura dos países desenvolvidos, o que por sua vez, está na raiz do encontro ocorrido no início de setembro e que será discutido no especial da Causa Operária TV. Por isso, anote na sua agenda a data de exibição: próxima quinta-feira (26), às 12h30.
Todos que desejam compreender essa articulação e outros aspectos da luta de classes global estão convidados a se juntar a Rui Costa Pimenta na Causa Operária TV. Ajude também a divulgar este importante evento entre seus amigos e contatos, a participação de todos é fundamental para fortalecer uma imprensa operária, independente e revolucionária.