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Bolsa Família

Guerra a ‘bets’ não defende Bolsa Família; é ataque aos pobres

Verdadeiro objetivo do ataque às 'bets' é o controle de um mercado altamente lucrativo, mas se isso pode ser feito esmagando a população mais pobre, por que não?

O jornalista Paulo Moreira Leite publicou um artigo no Brasil 247 intitulado Lula tem razão em proteger o bolsa família contra a jogatina, tendo como premissa, a ideia de que “a sugestão de liberar os recursos do Bolsa Família para apostas na loteria é uma vergonha social”. Apesar da aparência de defesa do programa de assistência social, que “nem Jair Bolsonaro, adversário ideológico do programa, se atreveu a mexer”, o que Leite realmente faz é defender que o Estado tenha o direito de dizer aos pobres que recebem o auxílio como ele deve ser gasto. Não custa lembrar que além dos muito pobres, existe uma outra parcela da sociedade que também recebe sua “bolsa”, porém em valores muito maiores e para beneficiar uma quantidade muito menor de famílias: trata-se da rolagem da dívida pública, que nem passa pela cabeça de Leite, mas que demanda um olhar mais atento.

Oficialmente, mais de dois trilhões de reais serão destinados à amortização da dívida pública brasileira, estimada em pouco mais de sete trilhões de reais. Isso significa que a cada dois anos e meio, essa dívida é paga, porém em um milagre que só o banditismo explícito é capaz de explicar, essa dívida só cresce. Esse dinheiro, finalmente, não “evapora”, mas vai abastecer os cofres de famílias bilionárias e que, ao contrário dos miseráveis assistidos pelo Bolsa Família, não tem nenhuma condicionante para o que farão com os recursos trilionários que recebem do governo. Avaliando-se a posição de Leite não pelo que diz, mas pelo que não diz, embora fique implícito, o que o jornalista chama de “proteção do Bolsa Família contra a jogatina” é, na realidade, um ataque aos setores mais pobres e massacrados do País.

É como se o autor dissesse “vocês são muito pobres, não almejem nada além de um prato de comida”. E isso com muitas ressalvas, já que o valor médio do Bolsa Família não paga sequer uma cesta básica em muitas capitais brasileiras. Ao contrário do que faz com o repasse da amortização da “dívida pública”, o valor pago às famílias em situação famélica é cheio de condicionantes, afinal, os banqueiros são honestos, diferente do povo e especialmente dos pobres que pedem Bolsa Família.

Demonstrando uma imensa insensibilidade para as pressões que sofre a população, Leite considera “uma vergonha social” as famílias necessitadas usarem “recursos do Bolsa Família para apostas na loteria”. Ora, “vergonha social” é o fato de dezenas de milhões de trabalhadores dependerem de um auxílio miserável para não serem castigados pela fome.

Se apoia a defesa do Bolsa Família, o jornalista deveria lutar pelo seu aumento, de modo a proporcionar o atendimento das demandas emergenciais da população. Um País riquíssimo como o Brasil não poderia dar menos do que uma cesta básica a famílias famélicas, mas faz isso, o que causa menos espanto a Leite do que a consequência desse fenômeno, materializado na tentativa desesperada encontrada pela população para melhorar um pouco que seja sua situação.

O regime político brasileiro encontra-se totalmente submetido pelo imperialismo desde a Ditadura Militar quando a batalha política entre o nacionalismo e os monopólios internacionais fora vencida pelos últimos. Desse arranjo, origina-se a sequência de ataques contra o País que culminaram nas devastadoras eras Collor e FHC, quando o País viveu o mais violento processo de desindustrialização já observado em uma economia capitalista.

Desse problema estrutural até hoje não solucionado é que surgiram dezenas de milhões de famílias miseráveis, que no final do governo FHC simplesmente passavam fome até morrer, destino de uma média de 300 crianças por dia nos últimos anos do mandato tucano. Incapaz de antagonizar o imperialismo nesse momento de forte pressão, o governo Lula não cria um programa de desenvolvimento capaz de efetivamente, melhorar a vida da população por meio de empregos e salários. Por outro lado tampouco o governo Lula consegue dar um valor minimamente razoável ao Bolsa Família, o que se chocaria com os interesses dos banqueiros, quer querem uma fatia cada vez maior do orçamento nacional.

Ainda que Lula tenha promovido certas mudanças em aspectos sociais, como a criação do Bolsa Família, seu governo se mantém refém das mesmas amarras econômicas que atravancam a nação há décadas. A tentativa de Paulo Moreira Leite de justificar a interferência estatal no uso dos recursos destinados aos beneficiários do programa, supostamente para evitar “tragédias sociais”, não passa de um subterfúgio para ocultar o verdadeiro problema, que é o controle de um mercado altamente rentável e se isso pode ser feito com mais opressão aos setores mais pobres da população, por que não?

No fim das contas, o que Leite defende sem dizer abertamente é um ataque velado à liberdade dos mais pobres de escolherem, ainda que minimamente, como usar o pouco dinheiro que têm. É a velha política de manter o trabalhador submisso, desprovido de qualquer autonomia, sob a tutela de um Estado que, na verdade, não protege, mas vigia e pune.

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