De acordo com uma pesquisa encomendada pelo partido Progressistas (PP) e realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, caso as próximas eleições presidenciais ocorressem hoje, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estariam tecnicamente empatados. Bolsonaro lidera a pesquisa de intenção de votos com 37,1%, enquanto Lula fica logo atrás com 35,3%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Segundo a pesquisa, Ciro Gomes (PDT) teria 7,5% das intenções de voto, enquanto Simone Tebet (MDB) teria 6,1%. Além disso, 8% dos entrevistados afirmaram que votariam em branco, nulo ou nenhum, enquanto 4,2% não souberam ou não quiseram responder.
O levantamento da Paraná Pesquisas ainda indica que Bolsonaro tem vantagem sobre Lula entre homens com idade entre 25 e 59 anos e aqueles com níveis de educação mais elevados, como ensino médio e ensino superior. O segmento em que Bolsonaro tem maior vantagem, no entanto, é o evangélico, em que o ex-presidente detém 50% das intenções de voto contra 27,3% de Lula. O petista, por seu turno, lidera as intenções de voto entre católicos, eleitores com ensino fundamental ou mais de 60 anos, jovens de 16 a 24 anos e mulheres. O levantamento ouviu 2.024 eleitores em 162 municípios de 26 estados e do Distrito Federal.
Qualquer pesquisa deve ser vista com desconfiança, uma vez que são realizadas por institutos diretamente ligados à burguesia. A manipulação de seus resultados não são exceção, mas sim a regra. A Paraná Pesquisas, por sua vez, é constantemente acusada de favorecer os candidatos bolsonaristas. No entanto, justamente por, no último período, a imprensa capitalista estar interessada em diminuir artificialmente a votação do ex-presidente Jair Bolsonaro, esse acabou sendo um dos institutos com números mais precisos.
Independentemente do grau de fidelidade da pesquisa, o fato é que ela expressa uma tendência. Não apenas uma tendência social, mas também uma tendência naquilo que a burguesia prepara para a próxima etapa. O governo Lula, longe de ser uma “unanimidade nacional”, segue sendo um governo fraco, com grandes dificuldades de levar adiante a sua política e, portanto, com grandes dificuldades de conseguir ampliar a sua base de apoio. Os capitalistas, principais responsáveis pela sabotagem ao governo, não estão nem um pouco interessados em fazer isso mudar. A pesquisa, neste sentido, também confirma que, no que depender da burguesia, ela torce para que o governo fracasse.
Uma coisa que chama muito a atenção na pesquisa é o próprio fato de que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi incluído no levantamento. Bolsonaro está inelegível, de acordo com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e ainda está sob risco de ser preso. Por que, então, a Paraná Pesquisas decidiu perguntar aos entrevistados se votariam no ex-presidente?
Por um lado, porque a própria burguesia reconhece que ele é um fator determinante nas eleições. Isto é, mesmo que não seja candidato, ele é capaz de influenciar, de maneira decisiva, no resultado. Tanto é assim que o mesmo levantamento sondou quem seria o substituto mais popular para Jair Bolsonaro.
Por outro lado, a pesquisa pode indicar que a candidatura de Bolsonaro não é, de acordo com os planos da burguesia, uma carta fora do baralho. Na medida em que a situação política evoluir, se não for viável impulsionar uma candidatura forte o suficiente para concorrer com Lula em 2026, Bolsonaro pode rapidamente se tornar elegível.
Outro dado muito significativo apontado é o de que, em quatro das cinco regiões brasileiras, a maioria da população desaprova o desempenho de Lula à frente do País. Esse resultado, antes de Lula completar a primeira metade do mandato, é verdadeiramente desastroso. Em mais dois anos, caso não tenha nenhum grande êxito, a tendência é que perca cada vez mais apoio popular.
A pesquisa pinta um quadro realmente ruim. E o que torna tudo ainda mais preocupante é a incapacidade do governo de reagir à situação. De acordo com informações publicadas no Brasil 247, Lula e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República estão tomando medidas para tentar “diminuir a polarização”. Isto é, o caminho da derrota, que tornará o governo ainda mais refém de seus inimigos.
Se o governo quer sobreviver até o fim do mandato e não ser derrotado em 2026, precisa adotar uma política oposta. É preciso tomar medidas de impacto, que digam respeito aos interesses da população, como o aumento real do salário mínimo, e mobilizar o povo contra aqueles que sabotam o País.