Editorial

Governo Lula largou a toalha de vez na política monetária?

Após cerca de um ano de embates com o atual presidente do Banco Central, presidente Lula indica neoliberal para comando da instituição e se cala diante de aumento da taxa de juros

Pela primeira vez desde que o presidente Lula tomou posse, o Banco Central (BC) aumentou a taxa de juros. Em reunião concluída nessa quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição elevou os juros básicos em 0,25 ponto percentual, de 10,50% para 10,75% ao ano. Em contrapartida, os Estados Unidos, que vinham servindo de referência para a manutenção das altas taxas de juros, reduziram sua taxa.

As taxas de juros em valores estratosféricos sempre foram uma realidade no terceiro mandato de Lula. Elas eram de início, o resultado direto do tal BC “independente” – isto é, do fato de que o governo federal era obrigado a conviver com um presidente do órgão que havia sido escolhido por seu antecessor. Durante metade do atual mandato petista, Lula teve de se submeter às decisões do neoliberal Roberto Campos Neto – que, por sua vez, havia sido indicado por Jair Bolsonaro (PL).

O fato de Campos Neto ter sido imposto ao governo Lula cumpriu um papel importante nos planos da direita. Graças a essa medida, o Banco Central pôde contribuir para sabotar a política econômica do governo. Com base nos governos anteriores, Lula pretendia estimular a economia do País por meio de várias linhas de crédito. Com as taxas abusivas, a política é praticamente impossível.

Campos Neto aboliu, na prática, o desenvolvimento econômico impulsionado por meio de empréstimos. E, ao mesmo tempo, vem forçando o aumento dos preços, como forma de os capitalistas redistribuírem os seus gastos com os juros. As famílias, por sua vez, ficaram ainda mais sufocadas, de forma que a economia se encontra em um impasse ainda maior.

É por isso que, em várias oportunidades, Lula criticou não apenas Campos Neto, que visivelmente sabota o País, como a própria ideia de um BC “independente”. Essas críticas, no entanto, foram desaparecendo com o tempo.

O motivo? Lula indicou, para a sucessão de Campos Neto, um homem muito próximo da atual presidência do órgão: Gabriel Galípolo, que já integrava a direção da instituição e que, mesmo antes de ser indicado por Lula, já admitia que era favorável ao aumento da taxa de juros.

A escolha de Lula para a presidência do órgão não pode ser vista de outra forma que não uma capitulação. Pressionado por todos os lados na política interna, o presidente parece ter decidido abrir mão de um aspecto fundamental de seu plano econômico e entrado em acordo com os seus sabotadores.

O desastre é inevitável. Abrindo mais espaço para os sabotadores, o governo terá cada vez mais dificuldade de satisfazer as necessidades do povo e, com isso, perderá a única coisa que o sustenta: o apoio popular.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.