No último dia 30 de outubro, a direção do Banco Regional de Brasília (BRB) divulgou um Fato Relevante aos seus acionistas, cujo teor é o aviso do Conselho de Administração do banco, que aprovou mais um aumento de capital social da empresa.
Conforme nota técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), “serão disponibilizadas para subscrição privada 88,3 milhões de ações, sendo 35,3 milhões ordinárias e 53,0 milhões preferenciais, ao preço de R$ 8,49 por ação”. (Nota técnica Dieese, 01/11/2024)
“Com este novo aumento anunciado em outubro, caso todas as novas ações sejam adquiridas por outros investidores, a participação do GDF cairia para 53,71%, enquanto outros investidores aumentariam sua participação para 26,86%.” (Idem)
Em junho deste ano, o governador golpista e neoliberal já havia diminuído a participação do GDF, que passou de 71,92% para 65,63%; em contrapartida, houve um aumento de outros investidores, passando de 2,05% para 10,65%.
É claro que os especuladores financeiros já saíram comemorando a determinação da direção do banco. Um exemplo é o portal na internet “Acionista”, que divulgou a seguinte manchete em seu site logo após o anúncio: “BRB Aprova Aumento de Capital: Oportunidade de Investimento Imperdível!”
A comemoração dos capitalistas não foi à toa.
Com as vendas, “a participação do GDF em ações ordinárias cairia 7,01 p.p. entre hoje e janeiro de 2025, chegando a 56,48%, enquanto a participação em ações preferenciais cairia 22,67 p.p., atingindo 48,35%, ou seja, menos da metade. Em contraste, a participação dos ‘outros’ acionistas em ações ordinárias aumentaria 10,64 p.p. na mesma comparação, totalizando 14,25%, e em ações preferenciais, aumentaria 22,89 p.p., somando 51,17%, ou seja, mais da metade. Isso significa que outros investidores superariam o GDF nas ações preferenciais, ou seja, na preferência pelo recebimento de dividendos.” (Idem)
Com mais essa medida do governo golpista neoliberal da Capital Federal, além de fazer a alegria dos especuladores financeiros na Bolsa de Valores, dá-se mais um passo no sentido de privatizar o Banco de Brasília.
Segundo a justificativa do GDF, o “principal objetivo do aumento de capital é a expansão do banco em novas regiões e segmentos, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e a iniciativa visa fortalecer as carteiras de crédito comercial, imobiliário e rural, ampliando o papel do BRB como um banco de desenvolvimento sólido e rentável”.
Como se pode perceber, são belíssimas palavras que visam enganar os mais incautos ou aqueles que preferem não enxergar o que está diante dos seus olhos.
Ibaneis está implantando em Brasília uma política de total privatização do patrimônio público da cidade. Já se foram a Cia Energética de Brasília (CEB), agora Neoenergia, cujo controle está nas mãos de empresários espanhóis; a Rodoviária do Plano Piloto; o Estádio Mané Garrincha; o Ginásio Nilson Nelson; o Centro Poliesportivo e Aquático; o Parque das Águas Minerais; os estacionamentos, entre outros. Estão também na mira o Metrô de Brasília, a Cia de Água e Esgoto (Caesb), o Parque da Cidade e, é claro, o Banco Regional de Brasília.
No caso do BRB, com as vendas das ações, que já são uma forma de preparar o terreno para a entrega da maior parte das ações ao capital privado, Ibaneis recentemente vendeu 49,9% das ações da subsidiária do banco, a “Financeira BRB”. Isso sem falar dos ataques sistemáticos aos trabalhadores, através das famigeradas reestruturações, com demissões em massa, arrocho salarial, descomissionamentos, fechamento de agências e departamentos, etc.
Como bem disse o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, se o banco precisa de capital, quem deve investi-lo é o GDF e não realizar vendas de ações do banco.
Além da tal expansão do banco, Ibaneis justifica a venda de ações devido às dificuldades financeiras do BRB. Em um país que beneficia sobremaneira os banqueiros, onde nenhum banqueiro é responsabilizado pelos crimes que comete, o governo do DF segue a cartilha e procura responsabilizar os bancários e a população em geral, por uma conta que, com certeza, não é de sua responsabilidade.
Se as alegações de crise são verdadeiras, por que o governo, que se diz tão “democrático” e “transparente”, mantém, como qualquer outro governo, a contabilidade do banco fechada ao conhecimento de todos?
Por outro lado, se realmente a situação do BRB é deficitária, ao invés de querer aprofundar a política de privatização do banco, entregando suas subsidiárias, deveria investigar as várias denúncias de falcatruas realizadas pela administração do amigo pessoal de Ibaneis Rocha, o presidente do banco, Paulo Henrique Costa. Obviamente, isso não está em discussão; todos são santos, e os trabalhadores e a população é que pagam a conta.
Para enfrentar esses ataques e construir uma verdadeira luta em defesa de um BRB público e de qualidade, é fundamental que os trabalhadores procurem construir comitês de luta por local de trabalho, com o objetivo de constituir organismos capazes de discutir os problemas da categoria e apontar a luta e a resistência dos trabalhadores, tendo como base a independência destes diante dos patrões e um programa que reflita as necessidades mais urgentes da categoria.