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Política nacional

Governo apela aos evangélicos para aprovar veto das ‘saidinhas’

Com ou sem veto, a resolução para as saídas temporárias de presidiários não se diferenciam em muita coisa.

As saídas temporárias para presidiários em progressão de pena, conhecidas popularmente como ‘saidinhas’, continuam sendo motivo de disputa no Congresso. Enquanto a direita defende o fim desse direito através do PL das ‘saidinhas’, o presidente Lula resolveu acatar a recomendação do ministro Lewandowski para vetar o projeto de lei.

Porém, a controvérsia reside no texto original já aprovado pelo Congresso e no veto que pode ou não ser mantido, pois o texto aprovado permite o direito somente àqueles que frequentam cursos profissionalizantes, ensino médio ou graduação.

Com o veto, o direito se estenderia àqueles que possuem ‘méritos prisionais’, os quais consistem em bom comportamento e realização de tarefas dentro do cárcere. O uso da tornozeleira e a proibição do direito para condenados por crimes hediondos permanecem.

Lembrando que entre esses crimes está o tráfico de drogas, fator de maior condenação entre a população carcerária, a qual, em sua maioria, se dedicou à atividade para o sustento próprio e de familiares.

O discurso do governo para manter o veto apela para a questão religiosa. Lewandowski citou a família como um ponto central da doutrina cristã e apelou para o próprio trabalho das igrejas, inclusive as evangélicas, na ressocialização dos presidiários. A finalidade do argumento é convencer os direitistas apelando para a conduta cristã que alegam defender.

Porém, o cristianismo da direita, principalmente a bolsonarista, passa longe do perdão e da solidariedade em relação às pessoas que pretendem sair da vida do crime. Eles se apegam justamente a uma minoria dos beneficiados pelas ‘saidinhas’ que ‘aproveitam’ a medida para cometer crimes, revelando o caráter fascista da defesa de maior pena e sofrimento para a massa carcerária.

A saída temporária é um importante, porém insuficiente, meio para garantir a ressocialização do presidiário na sociedade civil. Para a justiça, serve como teste para provar a capacidade de sua convivência em sociedade; para o indivíduo, o mais importante é poder ter novamente contato com a sua própria família, principalmente aqueles que têm filhos.

Aqueles que apelam para a volta da prática de crimes e o não retorno após o fim do benefício, em sua maioria, o fazem para garantir algum sustento para seus familiares, que sofrem com a miséria do lado de fora dos presídios, e não para sanar seu imenso desejo de cometer crimes, como pensa a direita.

O argumento do governo deveria basear-se em algo concreto a ser realizado para que o sujeito beneficiado pelas ‘saidinhas’ possa efetivamente se ressocializar e oferecer possibilidades para trazer uma melhora na vida de suas famílias, podendo inclusive prolongar o período em que o presidiário permaneça fora da prisão.

As prisões brasileiras são verdadeiros depósitos de gente pobre. Muitos daqueles que lá se encontram nem sequer foram julgados ou de fato cometeram algum crime e ainda há os que já deveriam ter recuperado sua liberdade e, por falta de assessoria jurídica ou de apoio de fora do presídio, permanecem encarcerados.”

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