Os governadores das províncias da região da Patagônia, na Argentina, declararam neste sábado a possibilidade de suspender a produção de gás e petróleo na próxima quarta-feira, 28, como uma resposta à crise com o novo governo de Javier Milei que quer realocar os fundos federais destinados às províncias.
No sábado ,a reunião contou com a participação de seis governadores. Alberto Weretilneck (Rio Negro), Gustavo Melella (Tierra del Fuego), Marcelo Orrego (Neuquén), Sergio Ziliotto (La Pampa), Claudio Vidal (Santa Cruz) e Ignacio Torres (Chubut), afirmaram que estão sendo extorquidos por Milei.
“As províncias são pré-existentes à nação e merecem respeito. Ninguém pode subjugá-las ou extorqui-las com ameaças de restrição de fundos públicos que lhes pertencem por direito próprio ” enfatizaram.
Os governadores da Patagônia declararam que em fevereiro o Ministério da Economia “reteve ilegalmente 16.500 milhões [de pesos argentinos, cerca de 17 milhões de dólares], mais de um terço de sua co-participação mensal “, para Chubut.
O líder de Chubut, Torres, afirmou que “se o Ministério da Economia não der a Chubut seus recursos, então Chubut não entregará seu petróleo e gás”.
Nesse sentido, os governadores propuseram uma paralisação total da produção. Além disso, estão convocando uma manifestação em Caleta Córdova, em Comodoro Rivadavia (Chubut), de onde a produção de petróleo deixa a bacia do golfo de San Jorge.
“O governo nacional quer disciplinar províncias matando Chubut, uma pequena província que está longe de Buenos Aires. Mas defenderemos os nossos recursos até às últimas consequências”, declarou o governador.
Anteriormente, Milei declarou que os chefes das províncias eram “degenerados fiscais”. O presidente argentino também indicou que a ação seria para descontar de “uma dívida que a província de Chubut mantém com o Fundo Fiduciário para o Desenvolvimento Provincial”.
Torres também obteve o apoio do Governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof. Setores da burguesia que apoiaram Milei no segundo turno também declaram descontentamento.
“Estou entre aqueles que querem colaborar, mas não saem. Tudo é confronto, eles não aceitam nada e saem para dizer que não damos alternativas. Eles constroem uma ‘história’, mas também votaram em nós e temos que defender nossos cidadãos, ” afirmou um governador em condição de anonimato ao La Nación.
A crise dos governadores revela as dificuldades de impor por completo a política extrema do neoliberalismo na Argentina por parte de Milei. Apesar do apoio da burguesia ao projeto de Milei, a política de choque vem gerando atritos entre os diferentes setores deixando claro que o projeto de Milei é devastar a economia Argentina.