Retrospectiva

Golpes na África revelam tendência de luta contra o imperialismo

Foi contra a situação de completa dominação que os povos de vários países africanos se insurgiram nos últimos anos

O ano de 2023 foi uma verdadeira hecatombe política para os países imperialistas em se tratando do continente africano. 

Ocorreram golpes militares, de caráter progressista, ou seja, que colocou o imperialismo em xeque, em vários países daquela região, principalmente o imperialismo francês que, após a segunda guerra mundial teve que se apoiar nas suas antigas colônias africanas para se reconstruir.

Isso levou a que o imperialismo francês adotasse um conjunto de sistemas e mecanismos que permitisse a França a manter as suas antigas colônias dependentes, construindo bases militares, um sistema das moedas desses países, política econômica, etc. e, assim, sugar os abundantes recursos naturais dos países africanos levando à miséria os povos africanos para beneficiar meia dúzia de banqueiros e capitalistas.

Para Amzat Boukari-Yabara, autor de vários livros sobre a dominação francesa na África, “esse sistema de dominação evoluiu ao longo do tempo sendo a sua primeira etapa envolvia a concessão de independência às antigas colônias africanas, mas com meios de reduzir a sua soberania. Em seguida, a França colocou ditadores ou presidentes muito alinhados com ela no comando desses Estados. Por fim, a Françáfrica (termo usado em referência a uma relação de controle e dominação da França sob a África)  também estabeleceu rituais, com as cúpulas França-África, nas quais o presidente francês mantém uma relação privilegiada e dominante em relação aos outros presidentes africanos”. (Entrevista exclusiva com Zamzar Boukari-Yabara site DCO 29/09/2023)

Foi contra toda essa situação de completa dominação que os povos de vários países africanos se insurgiram nos últimos anos, principalmente entre os anos de 2020 e 2023. 

Casos como o golpe militar no Níger, golpe esse que tomou forma depois de um massivo apoio da população, que se manifestou nas ruas contra o imperialismo francês, inclusive saindo às ruas empunhando bandeiras pró-Rússia. 

Esse fato ocorreu, também, depois de outros dois golpes que ocorreram nos últimos três anos naquele continente: Mali e Burkina Faso.

No Mali, em agosto de 2020, Ibrahim Boubacar Keita, e seu primeiro-ministro, Boubou Cissé, presidente e primeiro-ministro, respectivamente, foram detidos por soldados revoltados com sua administração e, logo em seguida anunciaram as suas renúncias, além disso houve, também, a dissolução do parlamento maliano, fruto das gigantesca manifestações populares que pedia a queda de Boubacar. O porta-voz dos insurretos, que se apresentavam como “Comitê Nacional para a Salvação do Povo”, convidou partidos e organizações para que as condições fossem criadas para organizar um governo civil transitório, visando a organização de novas eleições gerais. Claro que o imperialismo, naquele período, se colocou prontamente contra a insurreição dos soldados malianos, taxando o ocorrido de “golpe”.  

Burkina Fasso, o golpe militar de 2022 teve também um caráter de romper com o domínio econômico francês. Em julho de 2023, no Níger, o golpe militar foi um acontecimento na região subsaariana de caráter nacionalista e anti imperialista dentre os quatro paíse do Sahel (Mali, Burkina Fasso Guiné e Níger), fartos da exploração francesa. O Gabão, país que está fora da região do Sahel, foi o mais recente golpe de Estado realizado no continente africano onde o imperialismo sofreu mais uma derrota.

Tais acontecimentos representam inequivocamente o enfraquecimento do domínio imperialista sobre os países atrasados e expressa uma tendência geral de luta dos povos oprimidos naquele continente. Os golpes militares e consequentemente a expulsão das forças militares e representações imperialistas nesses países escancaram o caráter anti-imperialistas de tais acontecimentos com a derrubada dos governos subservientes aos interesses imperialistas.

Evidentemente que os golpes nestes países revelam o desenvolvimento da crise capitalista global. A derrota dos Estados Unidos no Afeganistão encorajou a tomada de decisão da Rússia, que vem impondo uma derrota acachapante sobre a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Ucrânia. Estes acontecimentos também serviram de cálculo para os golpes militares nos países africanos que claramente buscam se apoiar na China e principalmente pela Rússia, os quais também sofrem com sanções econômicas como parte de uma guerra comercial e lideram os países dos BRICS.

É importante salientar que os golpes militares no Mali, Burkina Faso, Níger e Gabão tem amplo apoio popular. Portanto, se trata de movimentos senão revolucionários, ao menos progressistas, nesses países. Como efeito desses acontecimentos condenados pelo imperialismo, os governos capachos de seus interesses buscam conter essas ondas como no Camarões que promoveu um grande expurgo em suas Forças Armadas.

Não se pode ter qualquer dúvida sobre qual posição a esquerda deve defender diante dessa luta, independentemente de se tratar de setores militares ou da questão ideológica como atribuída ao Talibã, por exemplo. A luta dos operários e da população explorada de todo o planeta é a luta contra a dominação do imperialismo.

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