A posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à situação política na Venezuela gerou um escândalo na imprensa golpista. No jornal O Estado de S.Paulo, Eliane Cantanhede, jornalista do PSDB, associou Lula ao presidente venezuelano reeleito, Nicolás Maduro, e chamou o líder chavista de “maluco”.
“Depois da sucessão de erros graves do presidente Lula, o Brasil aliou-se a México e Colômbia para manter ‘o diálogo’ com a ditadura venezuelana e o sonho de chamar Maduro à razão”, disse a tucana. “O impasse é geral e, no Brasil, Lula atrai um tsunami de críticas internas por um Maluco, quer dizer, Maduro, que desdenha do esforço e não quer soluções, quer guerra”.
No mesmo Estado de S.Paulo, o jornal mais consciente da burguesia golpista, J.R. Guzzo destacou que “Lula decidiu ser cúmplice de crime cometido por Maduro na Venezuela”. “O fato é que Lula decidiu ser cúmplice de um crime. Não há remédio para isso: ele está condenado, agora, a trair o comparsa ou trair o Brasil, e mesmo que decida fazer a primeira traição, para salvar o próprio couro mais adiante, a segunda já entrou no seu prontuário”.
Percebe-se, portanto, que não se tratam de críticas, mas de um ataque generalizado ao presidente brasileiro. O mais interessante é que as críticas surgem apesar da posição capituladora e direitista de Lula, que, pressionado pelo imperialismo, decidiu não reconhecer imediatamente a vitória eleitoral de Maduro, pedindo a divulgação das atas eleitorais.
A crítica a Lula se dá justamente porque o presidente brasileiro não acompanhou a política golpista do imperialismo de denunciar “fraude” nas eleições que deram nova vitória ao chavismo e por condenar as manifestações golpistas que ocorreram na Venezuela.
Quer dizer, na sua política de tentar agradar a todos, Lula conseguiu desagradar todo mundo, e a imprensa golpista aproveita essa fraqueza para aumentar a ofensiva contra o petista. O correto seria uma posição firme de Lula contra o golpe na Venezuela, defendendo Maduro abertamente contra o golpe promovido pelo imperialismo. Separar o joio do trigo e apontar: tem os golpistas e nós somos contra eles, pois são os mesmos que deram o golpe contra o governo do PT em 2016 e prenderam Lula ilegalmente, e podem dar um novo golpe no Brasil.
A cobertura jornalística frequentemente ataca Lula não apenas por sua posição em relação à Venezuela, mas também em outras áreas. O ataque feroz e constante, mesmo em decisões onde Lula buscou a “cautela”, aponta para uma estratégia de minar sua imagem pública de forma sistemática — isto é, uma campanha de tipo golpista.
Assim como na Venezuela, onde tentam um golpe, observa-se uma preparação do terreno para desestabilizar o atual governo brasileiro. Lula precisa chamar a mobilização popular contra o conjunto da direita golpista.