O Ministério Público da Bolívia anunciou nesta segunda-feira (16) o pedido de prisão do ex-presidente Evo Morales, principal representante da luta popular no país e, recentemente, principal figura da oposição ao governo golpista de Luis Arce. A acusação, que remonta a 2015, utiliza supostos crimes de “estupro, exploração e tráfico de pessoas” como pretexto para afastá-lo da disputa política, em uma clara manobra de perseguição política orquestrada por Arce e alinhada com os interesses do imperialismo norte-americano.
A promotora Sandra Gutiérrez, figura comprometida com o governo atual, solicitou a prisão preventiva de Evo Morales, baseando-se em um suposto acordo com os pais da jovem envolvida no caso. Gutiérrez já tentou prender Morales em setembro, mas a ordem foi anulada devido às irregularidades evidentes do processo. Ela, no entanto, retornou ao cargo após decisão judicial.
A acusação, que havia sido arquivada em 2020, reaparece em um momento importante da disputa política, com Evo Morales liderando mobilizações populares contra o governo de Arce. O caso, agora rebatizado com as acusações de “táticas de tráfico de pessoas”, busca dar legitimidade à perseguição jurídica contra Morales e permitir que o Ministério Público prossiga com a caça política sem necessitar de uma denúncia formal.
Perseguição e tentativa de golpe contra Evo
Para o ex-sindicalista cocaleiro, porém, não há dúvidas de que as acusações fazem parte de uma guerra jurídica orquestrada pelo governo Arce e seus aliados imperialistas. “Denuncio ao mundo que sou vítima de uma brutal guerra jurídica, executada pelo governo de Luis Arce, comprometido em me entregar como troféu de guerra aos EUA”, afirmou Morales em declaração pública. O ex-presidente também denuncia a tentativa de eliminação física como parte do plano de Arce.
As mobilizações populares em apoio a Evo Morales têm ganhado força nos últimos meses. Protestos, bloqueios de rodovias e marchas de trabalhadores, camponeses e movimentos sociais denunciam a ofensiva golpista. Na região de Chapare, reduto histórico de Evo Morales, a repressão brutal promovida pela polícia de Arce tem resultado em dezenas de feridos. Morales e seus apoiadores continuam exigindo a convocação imediata de eleições.
Em resposta à crescente pressão, Morales deu um ultimato ao governo de Arce, exigindo a substituição imediata de ministros. A resposta do regime foi acusá-lo de golpe de Estado.
Arce e o imperialismo
O governo de Luis Arce, ao contrário de representar os interesses do povo boliviano, tem seguido uma política alinhada ao imperialismo norte-americano. O ataque a lideranças populares, a repressão a movimentos sociais e a entrega de recursos naturais a empresas estrangeiras são alguns dos principais exemplos dessa política entreguista.
A perseguição judicial a Evo Morales é uma das principais expressões dessa submissão. Morales, que enfrentou o imperialismo e derrotou o golpe de Estado dado pelos Estados Unidos em 2019, é alvo de um processo político que visa afastá-lo da disputa eleitoral e enfraquecer os movimentos populares. Essa ofensiva faz parte de um quadro mais geral na América Latina, marcado por golpes e perseguições a lideranças populares. Casos recentes incluem o ataque a Nicolás Maduro na Venezuela, as manobras judiciais contra Lula no Brasil e a violenta repressão a movimentos sociais no Chile e no Peru.
Em outubro, Morales denunciou um atentado contra sua vida, quando disparos atingiram seu veículo durante uma viagem na região de Chapare, reduto histórico de sua base de apoio. Ele atribuiu o ataque a agentes do Estado, acusando o governo Arce de tentar eliminá-lo e desmobilizar seus apoiadores.
Mobilização popular contra o golpe
O pedido de prisão de Evo Morales é mais um ataque ao povo boliviano e à soberania nacional. É um sinal claro de que o governo de Arce não hesitará em usar o que for possível para manter seu poder.
A mobilização popular é a única saída para barrar o golpe e derrotar a ofensiva imperialista. Trabalhadores, camponeses e militantes de toda a América Latina devem se unir em solidariedade a Evo Morales e ao povo boliviano, denunciando o golpe em curso. Como já demonstrado em outras ocasiões, somente a mobilização nas ruas será capaz de derrotar os golpistas e defender os direitos do povo boliviano.