O autogolpe, até agora fracassado, do presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol ajudou bastante a esclarecer o cenário político mundial. Trata-se, afinal, da tentativa de estabelecer uma ditadura militar em um país que o imperialismo procura apresentar como “desenvolvido”, como “civilizado”. Um país que a propaganda imperialista procura apresentar como “a maior democracia da Ásia”, para assim se contrapor à “ditadura” da Coreia do Norte.
Ainda que a Coreia do Sul seja um país atrasado, muito distante de ser de fato um país desenvolvido, ela também não é um país da África subsaariana, cujo regime seja tão instável que os golpes militares são tão banais que ocorrem a todo momento e muitas vezes são ignorados do outro lado do oceano. Pela importância que a Coreia do Sul tem para a dominação imperialista, uma crise dessa magnitude no país é a demonstração de que o próprio imperialismo está em uma profunda crise.
A Coreia do Sul em crise é parte do mesmo fenômeno que está levando “Israel” a sua dissolução. Do mesmo fenômeno que levou o primeiro-ministro francês à queda mais rápida das últimas décadas. Do mesmo fenômeno que levou o Partido Democrata a uma derrota humilhante nas eleições norte-americanas. O imperialismo está, cada vez mais, com dificuldades de manter a sua ditadura sobre os países atrasados.
Ainda que a tentativa de golpe no país asiático seja um indicativo de crise interna, uma vez que o regime político não consegue se manter por vias de aparência democrática, tamanha a contestação de sua política, ela também é um indicativo de que o imperialismo pretende utilizar cada vez mais a força. Uma coisa está ligada à outra. Na medida em que o imperialismo vê sua ordem sendo contestada em todo o mundo, ele irá reagir da forma mais brutal que conseguir.
É por isso que a tentativa de golpe de Yoon está muito longe de ser uma tentativa isolada. Neste exato momento, dezenas, ou até mesmo centenas de golpes de Estado estão sendo planejados em todo o mundo. Em países como Colômbia, Honduras, Moldávia, Geórgia e Turquia, essas tentativas já vieram à tona. Em países como Bangladexe e Moldávia, o golpe, na verdade, já aconteceu.
O imperialismo, diante das derrotas no Oriente Médio e no Leste Europeu, está em uma contraofensiva. O autogolpe na Coreia do Sul é apenas uma entre as milhares de demonstrações disso.