Nesta quinta-feira, 25, o jornal O Globo publicou um artigo intitulado Trump representa perigo imenso para o mundo. Embora seja parte da campanha histérica e cínica contra o ex-presidente republicano, o que chama a atenção especialmente neste artigo é o fato de que ele escancara os motivos pelos quais o ex-presidente é uma figura indesejada pelos grandes capitalistas.
Segundo o artigo, durante seu mandato anterior (2017-2020), Trump “criou um clima de caos e incerteza em torno de sua personalidade errática e mercurial”, relacionando isso ao fato de ter desagradado aliados ao desafiar a OTAN e ter se aproximado de figuras como Vladimir Putin e Kim Jong-un. O objetivo é apresentar tais comportamentos de Trump com algo irracional, fruto de algo pessoal do ex-presidente, do seu temperamento duvidoso. No entanto, acabam revelando que Trump seria uma figura menos agressiva, do ponto de vista da política imperialista, que Joe Biden.
O editorial destaca ainda supostas inclinações do ex-presidente à retirada de apoio à Ucrânia e a possível reaproximação com “a Rússia de Putin”, além de temer um aumento do “protecionismo” com a imposição de tarifas de importação.
O que o texto deixa de mencionar é que o governo de Joe Biden foi pior que o governo Trump. Promoveu a destruição de países como Iraque, Líbia e Afeganistão, tanto econômica como do ponto de vista social, usando a clássica desculpa de seus antecessores: defesa da “democracia” e dos valores da “civilização ocidental”.
Biden coordena políticas de guerra, boicote e embargos contra países oprimidos. Na verdade, Biden patrocina o genocídio em Gaza ativamente, mas não recebe metade da repulsa da imprensa que Trump recebeu no período pandêmico. O ex-presidente é, finalmente, mais voltado para a política interna do que Biden, que semeou guerra por todo seu mandado.
“Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de Paris”. Essa foi a declaração de Trump ao falar sobre a saída dos EUA do Acordo de Paris e resume bem a política trumpista. Trump, com seu foco na política interna, é, de certa forma, prejudicial aos interesses do imperialismo.