Georges Abdallah, o revolucionário libanês, é o prisioneiro mais antigo da Europa e seu crime é lutar contra o colonialismo. É por isso que há 40 anos está atrás das grades. Ao longo desse período, organizações de direitos humanos, como a Liga dos Direitos Humanos (LDH), deputados de esquerda têm pedido por sua libertação.

Nesta sexta-feira (15), um tribunal francês ordenou a libertação de Abdallah, que foi preso em 1984 e condenado em 1987. O tribunal condiciona sua libertação desde que não pise mais na França. Mesmo assim, promotores franceses “antiterrorismo” apelaram da decisão e conseguiram adiar sua soltura, que pode ter de esperar por até três meses. Nada mais do que se era esperado, uma vez que a política antiterror é uma doutrina americana que serve para perseguir inimigos políticos do imperialismo, ou serve como pretexto para bombardear países e se espalhar bases militares (em nome da democracia) por todo o mundo.
Georges Ibrahim Abdallah, foi fundador da FARL (Forças Armadas Revolucionárias Libanesas, um grupo marxista e antissionista. Nasceu em 2 de abril de 1951, tem 73 anos, em Al-Qoubiiat, norte do Líbano. Está preso na prisão de Lannemezan, no sudoeste da França. Está preso por lutar contra os crimes e injustiças praticados contra o povo palestino.
Acusações
Abdallah foi acusado de participar do assassinato do adido militar dos Estados Unidos, Charles Robert Ray e do diplomata israelense Yacov Barsimantov em 1982, o que redundou em sua condenação.
Georges Abdallah jamais respondeu às acusações e disse que o sistema judicial francês desconsiderou, de forma desprezível, o direito de resistência. Ainda que seus advogados procurassem baixar a pena para 10 anos de prisão, a Justiça francesa o condenou à prisão perpétua, o que seu advogado, Jacques Verges, chamou de verdadeira “declaração de guerra”.
Apesar de, conforme a lei, Georges Abdallah ter direito à liberdade condicional desde 1999, todos os seus 11 pedidos foram sistematicamente negados. Em 2013, finalmente, sua libertação foi condicionada à expulsão da França
Quem manda são os EUA
A não libertação de Georges Abdallah tem a influência direta de Washington. Segundo o sítio libanês Al-Mayadeen, um documento do Wikileaks sobre os e-mails vazados da ex-secretária de Estado Hillary Clinton revelou que, entre 10 e 14 de janeiro de 2023, ela enviou um e-mail para o ex-ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, dizendo que “embora o governo francês não tenha autoridade legal para anular a decisão de 10 de janeiro do Tribunal de Apelação, esperamos que as autoridades francesas possam encontrar outra base para contestar a legalidade da decisão”.

Desta vez, a decisão do tribunal não depende de autorização governamental, o que seu advogado considera uma “uma vitória legal e política”.
Apoio da esquerda
Abadallah tem recebido apoio de setores da esquerda, que exigem sua libertação. Em outubro, Annie Ernaux – Nobel de Literatura em 2022 – disse que essa prisão envergonhava a França. Porém, isso nem chega a ser uma novidade. A Europa, que se diz democrática, costuma dar guarida a criminosos como Pinochet, e, ao mesmo tempo, encarcerar jornalistas, como foi o caso de Julian Assange, perseguido e preso por fazer jornalismo e denunciar os crimes bárbaros dos EUA contra civis no Iraque.
No dia 20 de abril, celebração do Dia dos Prisioneiros Palestinos, Georges Abdallah enviou uma mensagem dizendo que celebrar esse dia visa, acima de tudo, “confirmar nossos deveres para com os prisioneiros, em voz alta e clara”.
Também de acordo com o Al-Mayadeen, “Na época, Abdallah disse que este dia também visa ‘encorajar as forças revolucionárias vivas e suas vanguardas de resistência a tomar todas as medidas necessárias para praticamente expressar nossa determinação definitiva de libertar nossos camaradas das garras de seus carcereiros’. E ressaltou que ‘milhares de prisioneiros que estão presos há muitos anos, e alguns há várias décadas, ‘refletem hoje, mais do que nunca, a resistência do povo palestino em suas várias formas’ contra a ocupação israelense.”
Abdallah apontou que heróis da luta revolucionária, especialmente aqueles que encarnaram a vontade coletiva da Resistência (referindo-se aos prisioneiros), são “os alvos preferidos das políticas de extermínio que os fascistas de todos os espectros correm para implementar, especialmente porque o genocídio torna mais fácil fazê-lo”.
Georges Abdallah é um exemplo de como os países imperialistas tratam aqueles que lutam contra um regime de opressão brutal, como é o sionismo. No Brasil, Lucas Passos, está sendo condenado a 16 anos de prisão por ordem direta do Mossad, seu crime é estar “ligado” ao Hesbolá. Uma verdadeira aberração e mais uma prova da monstruosidade que é o imperialismo.