Os resultados das eleições nos Estados Unidos revelaram um fato óbvio, ainda que ignorado por Joe Biden e seus asseclas: genocídio não é uma política que conquista simpatia. Kamala Harris, a representante do Partido Democrata para a sucessão, não conseguiu se eleger diante da onda de repúdio que tomou conta do país, e especialmente nas cidades de maioria árabe, onde Donald Trump levou a melhor sem grandes dificuldades.
As cenas de horror que chegam diariamente da Palestina e do Líbano, causadas pela máquina de guerra de “Israel” e com o respaldo direto do governo Biden, custaram caro ao Partido Democrata. Os eleitores das comunidades árabes, que historicamente já foram base para os democratas, viram-se diante de uma escolha insuportável: apoiar o massacre de seus próprios povos ou votar em um candidato que, ainda que reacionário, não se colocou ao lado de uma política genocida.
O Partido Democrata, que há muito perdeu sua relação com os movimentos sociais, entrou em choque com a parcela mais engajada de sua base. Não foi só entre os árabes; nas comunidades negras e entre os militantes que costumavam engrossar as fileiras democratas, a decepção foi tamanha que simplesmente não houve empenho em fazer campanha.
Ao tentar equilibrar-se entre seu eleitorado e os compromissos com o genocídio, o Partido Democrata despencou, mostrando que nem toda máquina de propaganda é capaz de mascarar o cheiro do sangue derramado.
Enquanto isso, Trump e seus aliados surfaram na onda de descontentamento. Assim, os verdadeiros derrotados destas eleições não foram apenas Biden e Harris, mas a política imperialista que eles representam.