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Oriente Médio

‘Fundamentalismo islâmico’, uma justificativa para matar crianças

O jornal turco Evrensel, admirado pela Unidade Popular, ataca todas as organizações que lutam contra o imperialismo no Oriente Médio

Recentemente, a Unidade Popular (UP) republicou um artigo ultra pró-imperialista atacando o recém-falecido presidente do Irã, Ebraim Raisi. O jornal é de origem turca e se chama Evrensel. No fim de 2023, ele publicou um balanço político do ano intitulado Em 2023, o Oriente Médio: O Ano das Guerras e Novos Equilíbrios. Fica claro que a organização responsável pelo jornal é uma das mais pró-imperialistas do Oriente Médio, e foi justamente essa escolhida pela UP para ser sua aliada.

O artigo começa com a tese absurda do “imperialismo russo-chinês”. Uma política que sempre resulta na ausência de apoio às organizações que lutam contra o imperialismo, ou seja, termina em uma capitulação diante do imperialismo. O artigo afirma: “em 2023, as contradições entre os imperialistas continuaram a se aprofundar no Oriente Médio. O crescimento da extrema direita em todo o mundo também se manifestou na região, com grupos e Estados fundamentalistas islâmicos radicais fortalecendo-se”.

O absurdo é que o jornal turco, um país no Oriente Próximo, é incapaz de compreender a atuação política do Islã. Os partidos islâmicos atuam em todo o espectro político na região. Há os revolucionários como o Hamas, os ultra reacionários como o Estado Islâmico, os também reacionários como os sauditas. Há o governo do Irã, que é muito radical em sua política anti-imperialista. O chamado “fundamentalismo islâmico” passa longe de se igualar à extrema direita.

Mas, além disso, o texto tenta argumentar que Rússia e China são imperialistas no Oriente Médio. “De acordo com estatísticas da Comtrade, o maior comércio de armas entre Rússia e Irã começou em 2016, um ano após os imperialistas ocidentais assinarem o acordo nuclear com o Irã, e esse comércio vem crescendo desde então. No final de 2022, um contrato militar no valor de 1,7 milhão de dólares foi assinado entre o Irã e a Rússia. Além disso, os acordos financeiros entre China e Irã continuaram em 2023. Segundo as estatísticas mais recentes do Instituto Kepler, o Irã exportou para a China até 1,5 milhão de barris de petróleo por dia em alguns meses”.

Essas são as “provas” de que há imperialismo. Um acordo de venda de armas, que vale pelos dois lados, e compra de petróleo. É uma tese absurda. Imperialismo no Oriente Médio é o que acontece na Síria e no Iraque: bases norte-americanas ocupando o país para roubar o petróleo. Seguindo a tese do jornal turco, qualquer país que o Irã se relaciona seria imperialista, pois China e Rússia têm relações comerciais normais com o Irã.

Aqui, fica clara a consequência da política dos dois imperialismos. Os países que lutam contra o imperialismo real, os EUA, a Europa e o Japão, tendem a se aliar naturalmente aos russos. Se isso for considerado outro bloco imperialista, nenhum país do mundo se safa. Cuba, Nicarágua, Venezuela, Níger, Burquina Fasso, Irã, Palestina, Coreia, todos seriam aliados do “imperialismo russo-chinês” e, portanto, seus governos não podem ser defendidos. Ou seja, é uma tese que converge exatamente com a política do imperialismo.

O texto então continua com a questão do Eixo da Resistência: “o crescimento da extrema-direita em todo o mundo se manifestou no Oriente Médio com o fortalecimento de algumas representações políticas do Islã político e o fortalecimento de grupos fundamentalistas em 2023. O ‘Eixo de Resistência’, formado em 2002, iniciou movimentos para estabelecer novos grupos milicianos fundamentalistas. Esse eixo inclui a República Islâmica do Irã, o governo de Bashar al-Assad na Síria e milícias, o Hezbollah o Líbano, grupos xiitas no Iraque, os Hutis [Ansar Alá] no Iêmen e o Hamas na Palestina, entre outros estados e grupos”.

Para o jornal, o Eixo da Resistência, a organização que luta contra os sionistas e a ocupação dos EUA no Oriente Médio, é de extrema direita! É ainda mais absurdo ao se considerar que o jornal é sediado na Turquia, um país dominado pela OTAN, inimiga do Eixo. O erro aqui é que se desconsidera completamente uma linha política que é essencial para compreender o Oriente Médio, o nacionalismo. O Eixo da Resistência é composto por organizações nacionalistas. Muitas delas pode ser, inclusive, consideras de esquerda, basta ver o seu programa político. Retirando o Islã, aparentam ser a esquerda latino-americana.

Então, chega o momento mais absurdo do texto: “o fortalecimento do Eixo de Resistência dificultou a luta dos povos contra estruturas teocráticas em países como Irã, Afeganistão e Síria. Especialmente no Irã, protestos nas fábricas e manifestações de rua continuaram, enquanto o regime registrou o maior número de execuções dos últimos oito anos. No Afeganistão, houve um aumento da pressão sobre as mulheres, enquanto o número de assassinatos de mulheres com motivação desconhecida aumentou”.

O jornal repete exatamente a mesma campanha da imprensa imperialista! Ele ignora que o Eixo da Resistência é justamente a luta do povo oprimido contra o imperialismo. Basta ver os casos do Iêmen, onde todas as sextas-feiras, há centenas de milhares de pessoas nas ruas. Ademais, no Iraque, na Palestina e no Líbano, o Eixo da Resistência é um movimento guerrilheiro extremamente popular. Até mesmo na Síria, onde o governo é mais conservador, ele se apoia nas massas. Se não fosse assim, Assad já teria caído diante de tanta pressão do imperialismo.

No Irã, ficou evidente com o velório do presidente Raisi que o governo é extremamente popular. Algo que já era obvio, pois ele é fruto de uma revolução. Só quem acompanha a realidade do Irã pela imprensa imperialista pode acreditar que o governo é uma ditadura impopular. O Afeganistão, nem se fala, o texto basicamente defende a ocupação dos EUA no país. Essa é a conclusão da alegação de que o “Islã é de extrema direita”: não se pode apoiar a resistência.

Então, concluem o texto: “este quadro sugere que o bloco Rússia-China pode se fortalecer em relação ao bloco dos EUA nos próximos dias, enquanto o imperialismo e seus aliados continuam suas negociações às custas das vidas das pessoas”. Diante da gigantesca vitória do povo palestino e de todos os povos do Oriente Médio, o jornal só consegue enxergar o fortalecimento do “bloco Rússia-China”. É a prova mais cabal de que tal política serve aos interesses do imperialismo.

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