Esta terça-feira (19), foi um dia de greve dos servidores públicos na França. Um em cada cinco trabalhadores da população ativa da França trabalha no setor público. Os sindicatos que representam as diversas categorias organizaram a greve pelo aumento salarial, que não acompanha a inflação.
Em um comunicado conjunto, afirmaram: “precisamos urgentemente abrir negociações para melhorar as perspectivas de carreira e tomar medidas gerais para melhorar os salários”. Estão exigindo “um aumento imediato de 10 por cento no valor do ponto de índice” – que o estado usa para determinar os salários no setor público – “e a recuperação do poder de compra perdido desde janeiro de 2000 em um momento em que os níveis salariais do setor público estão em colapso”.
[DIRECT] JOURNÉE NATIONALE DE GRÈVE DANS LA FONCTION PUBLIQUE
Les travailleurs de la fonction publique d’État, hospitalière et territoriale sont en grève dans tout le pays pour les salaires et contre la casse du service public.
A Paris, l’intersyndicale éducation 93 ouvre le… pic.twitter.com/IzV1UHkGxw
— Révolution Permanente (@RevPermanente) March 19, 2024
Mylène Jacquot, uma dirigente sindical do CFDT afirmou: “ainda estamos em um período de inflação bastante alta. O poder de compra dos trabalhadores do setor público é impactado, então essa é a nossa principal demanda”.
Ela continuou: “10 por cento dos trabalhadores do setor público ganham menos de 1.500 euros por mês. Então você não pode dizer que os funcionários públicos são melhor pagos ou pagos em excesso, e que as mudanças devem ser feitas apenas com base no mérito. Isso é uma noção totalmente ideológica.”
As previsões para a greve eram de que os hospitais e escolas seriam os serviços mais afetados na terça-feira, com mais de 100 manifestações planejadas em todo o país. A greve começou a ser convocada dia 25 de janeiro, poucos dias após o presidente Macron realizar uma grande conferência de imprensa na qual anunciou planos para revisar os salários do setor público.
Mireille Stivala, dirigente da CGT, afirmou: “somos totalmente contra essa noção [posição de Macron]. Consideramos que os serviços prestados à população não devem estar sujeitos a salários baseados em mérito, como se fossem mercadorias”.
A situação da classe operária francesa tende a mobilização. O país foi palco de greves gerais ao longo de boa parte do ano de 2023, posteriormente a juventude operária realizou um enorme levante e agora os camponeses estão sublevados.
A revolta se dá contra Macron, que se tornou um verdadeiro ditador da França. Ele inclusive aprovou uma reforma da previdência passando por cima do Parlamento. Algo inédito no país. O grande problema do movimento sindical é que a luta não se canaliza para o “fora Macron!”.
Desde a época dos coletes amarelos em 2018 essa política está em pauta, mas nenhum setor da esquerda a convoca. Dessa forma o governo Macron se desgasta, mas a esquerda não tem vitórias políticas.