Nessa quinta-feira (26), a França entregou oficialmente sua primeira base militar no Chade, ex-colônia francesa na África, como parte do plano de retirada de suas tropas do país. O anúncio da retirada foi feito pelos exércitos francês e chadiano.
O chefe do Estado-Maior do Chade confirmou que a base, localizada em Faya-Largeau, no norte do país, foi transferida. Ele também afirmou que bases francesas em Abeche e na capital, N’Djamena, devem ser retiradas em breve.
“A entrega foi realizada de acordo com o calendário e as condições acordadas com o Chade”, afirmou separadamente o chefe do Estado-Maior.
A decisão segue o anúncio do Chade, no mês passado, de encerrar a cooperação militar com a França. As forças francesas começaram a deixar o país na semana passada, 10 dias após a partida de aviões de guerra franceses. O plano de retirada das bases francesas ocorre às vésperas das eleições parlamentares e locais no Chade, marcadas para domingo (29).
Estima-se que o exército francês tinha 1.000 militares no Chade. Autoridades francesas informaram que veículos militares serão repatriados até janeiro, por meio do porto camaronês de Douala.
O Chade tem sido um país muito importante para a presença militar francesa na África. Até o anúncio do fim da cooperação, este era o último país da região do Sael a comportar bases francesas.
A região do Sael foi sacudida por uma onda de golpes de Estado nacionalistas no último período. Os mais significativos ocorreram no Mali, em Burquina Fasso e no Níger. Em Máli, a radicalização foi tanta que o idioma francês chegou a ser proibido nas instituições do Estado. No Níger, o golpe de Estado foi saudado pela população com a bandeira da Rússia, a principal apoiadora, do ponto de vista militar, desses golpes. Em Burquina Fasso, a liderança do jovem Ibrahim Traoré vem chamando a atenção de todo o mundo pela sua política decididamente anti-imperialista.
Mais recentemente, Senegal, embora não tenha sofrido um golpe de Estado, também passou por uma mudança significativa em sua política. Diante de uma enorme pressão social, o candidato do regime acabou sendo derrotado, dando lugar a um governo contrário à dominação francesa.
Recentemente, o presidente do Chade, General Mahamat Idriss Deby Itno, iniciou um processo de aproximação com a Rússia, embora os esforços para fortalecer as relações econômicas ainda não tenham produzido resultados significativos.
A eleição de Deby em maio encerrou uma transição política de três anos, desencadeada pela morte de seu pai em 2021, após confrontos com forças locais. Entre 2008 e 2019, Deby contou com bastante apoio das tropas francesas para conter os “rebeldes”. Com a estabilização do país, no entanto, esse apoio já não mais se mostrou necessário. Pelo contrário: se revelou, como no caso de todos os demais países do Sael, um estorvo para o povo africano.