Na semana passada, nos dias 26 e 27 de novembro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) reuniu em Brasília, vários representantes das empresas públicas de diversas regiões do País com o objetivo de debater as necessidades do segmento das estatais.
Conforme declarou o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, presente na atividade, “foram dois dias de debate muito rico, que culminou no nascimento do Fórum dos Trabalhadores das Estatais e Empresas Públicas. O encontro resultou no Manifesto que foi entregue aos representantes do governo. A CUT é uma central muito combativa, mas que também é propositiva, e agora não é diferente”. (Site CUT DF 27/11/2024)
A iniciativa da criação do Fórum dos Trabalhadores das Estatais e Empresas Públicas por parte da CUT tem a sua importância como um primeiro passo no sentido de fortalecer a luta desse setor, que está num fogo cruzado com a direita reacionária neoliberal que vem ao longo de vários anos pavimentando o caminho no sentido de privatizar as empresas estatais que são um patrimônio construído pelo povo brasileiro.
No bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Basa, Banco do Nordeste, Banco de Brasília, Banrisul, Banestes) o que se tem visto, como parte dessa política, a diminuição de postos de trabalho, através dos famigerados Planos de Demissões “Voluntárias” (PDV’s), fechamento de agências, descomissionamentos, arrocho salarial, etc., que visa a transferência do patrimônio dos trabalhadores e da população, através das privatizações, para um punhado de capitalistas, a exemplo do que foi feito com a Eletrobras, por exemplo, no governo do golpistas Jair Bolsonaro.
As reestruturações, que continuam em andamento nas dependências e agências dos bancos públicos, tem como objetivo o enxugamento do quadro funcional das empresas, preparando o caminho para as privatizações. Como aconteceu no governo golpista, Bolsonaro/Paulo Guedes, tanto no Banco do Brasil quanto na Caixa Econômica Federal e nos bancos de fomento, BNB (Banco do Nordeste) e BASA (Banco da Amazônia), foi uma verdadeira hecatombe para os bancários, quando jogaram no olho da rua dezenas de milhares de trabalhadores bancários e fecharam centenas de agências e dependências administrativas em todo o País.
Os bancos estatais são uma importante ferramenta de desenvolvimento do País e que exercem uma função de desenvolvimento de extrema importância nacional.
A Caixa Econômica Federal, por exemplo, é garantia de fundamental relevância como instrumento de função social decorrente do financiamento imobiliário, saneamento básico e infraestrutura, com taxas abaixo do mercado, favorecendo a população mais carente.
Já o BNB atua em mais de 2 mil municípios abrangendo estados mais pobres do País da região nordeste, tais como Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e, abrange também o norte de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo, que tem como objetivo a operacionalização de programas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), administra o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que tem programas para incentivo a microempreendedores, etc.
O Banco da Amazônia idem, em relação ao desenvolvimento social e industrial daquela região. O Banco do Brasil, nem falar então, com mais de 200 anos de existência é uma instituição de fundamental importância no desenvolvimento do País.
É nesse sentido que as organizações de luta dos trabalhadores, nesse próximo período, devem ter um eixo claro de qual deve ser o papel das empresas estatais, ou seja, para quem efetivamente, que classe social ou pelo menos a que segmento da sociedade deve estar voltada as verbas dos bancos estatais. Ter uma proposta de uma verdadeira política de utilidade das verbas dessas entidades que sejam um polo impulsionador do desenvolvimento social nacional, que deve expressar na construção e reformas de escolas, postos de saúde, moradia, facilidade no crédito para os trabalhadores, etc. Enfim, propostas para um verdadeiro papel social, ou seja, uma proposta de utilização dos recursos desses bancos em favor dos trabalhadores e da grande maioria explorada.
Dessa forma, é necessário que os sindicatos e a CUT lançarem uma campanha nacional de defesa das estatais, convocar uma plenária nacional dos trabalhadores das estatais, que deliberem as medidas necessárias para impulsionar uma campanha realmente de defesa dos bancos e das demais empresas estatais.