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Oriente Próximo

Míssil de longo-alcance: Iêmen domina ainda mais o Mar Vermelho

Bombardeio de cargueiro israelense a 600km de distância demonstra um poder de fogo da nação árabe até então desconhecido pelo imperialismo e que se estende além do Mar da Arábia

Após o anúncio de que as forças armadas iemenitas ampliariam seu raio de ação em apoio à Resistência Palestina, o navio cargueiro MSC Orion, de bandeira portuguesa, foi atingido por VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) disparados pelo Iêmen, a cerca de 600 quilômetros da costa do país árabe. Segundo o portal norte-americano dedicado a informações e notícias militares Military, a embarcação se encontrava “nos confins do Mar da Arábia” e levanta suspeitas de que “os houtis – ou potencialmente seu principal benfeitor, o Irã – podem ter a capacidade de atacar as [grandes] distâncias do Oceano Índico, como os rebeldes ameaçaram anteriormente em sua campanha contínua contra a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza”. (“Portuguese-Flagged Ship Is Hit Far in Arabian Sea, Raising Concerns over Houthi Rebel Capabilities”, Jon Gambrell, 30/4/2024).

Ainda segundo o órgão militar, o general de brigada Iahia Saree, porta-voz militar do partido revolucionário do Iêmen Ansar Alá, reivindicou o ataque ao Orion no dia 30, sem explicar, no entanto, por que os iemenitas levaram dias para reivindicar a autoria do ataque.

As Forças Armadas do Iêmen asseguram repetidamente que garantirão a segurança das embarcações que trafegam através do Mar Vermelho, do Golfo de Áden e do Estreito de Bab al-Mandab, exceto para os navios israelenses e com destino a “Israel”, bem como para os navios norte-americanos e britânicos. Em apoio à ditadura sionista, os dois países bombardearam a nação árabe no dia 11 de janeiro.

Anteriormente, os iemenitas haviam fechado a passagem do Golfo de Aden às embarcações que apoiam o genocídio do povo palestino em Gaza. As ações do Iêmen foram iniciadas três dias após a ação da Resistência Palestina, que tomou 130 israelenses como prisioneiros para trocá-los por alguns dos milhares de palestinos submetidos ao cárcere e à tortura nas masmorras sionistas.

Desde o dia 21 de novembro, no entanto, o apoio iemenita aos palestinos tem se traduzido no ataque às embarcações que tentam atingir cruzar o Golfo para atingir o Mar Vermelho, e deste, chegar ao Mar Mediterrâneo, por onde podem seguir à Europa ou ao Atlântico, rumo ao continente norte-americano. Desde novembro, a Forças Armadas Iemenitas realizaram mais de 50 ataques a navios, capturando uma embarcação e afundando outra, conforme relatado pela Administração Marítima dos EUA.

A ligação marítima entre o Mar Vermelho e o Mediterrâneo é feita através do Canal de Suez, por onde passam também o abastecimento de alimentos como óleo de palma e grãos para a Europa, além de matérias-primas energéticas e todos os tipos de produtos destinados ao Velho Continente entregues em navios porta contêineres. Ainda, 14% do comércio mundial trafega pela região, o que permite uma dimensão do duro golpe desferido pelos iemenitas, não apenas contra “Israel”, mas contra o imperialismo e a economia mundial, assim como a preocupação com a capacidade do pobre país árabe conseguir fechar completamente o Mar da Arábia. 

Para os russos e iranianos, no entanto, o fechamento do Mar Vermelho teria ainda o pendor de impulsionar uma nova rota de comércio estimulada pelos governos dos dois países, ligando a Rússia à Índia, passando por Azerbaijão e o Golfo Pérsico. Desta forma, não seriam as nações do Eixo de Resistência ao imperialismo as afetadas, mas as beneficiadas pela ação iemenita. Além, é claro, da Palestina.

Para os corruptos governos árabes de colaboração com o sionismo, as notícias não poderiam ser piores. A Arábia Saudita, por exemplo, precisou invadir o Barém durante as insurreições populares da Primavera Árabe e tem todos os motivos para temer que a demonstração de força do Iêmen estimule ainda mais as manifestações que eclodem por todo o Mundo Árabe contra “Israel” e em apoio à Palestina. Nessa conjuntura, defender os invasores sionistas tornou-se mais complicado.

O imperialismo, por outro lado, corre contra o tempo por saber que mais cedo ou mais tarde a situação sairá do controle. Enquanto isso, os países árabes, como Arábia Saudita, Egito e Jordânia, estão reprimindo duramente os movimentos que demandam maior apoio à Palestina. Não por medo de uma revolta interna, mas devido à pressão imperialista. Essa repressão dispensada, no entanto, longe de arrefecer os manifestantes, os mantém ativos, podendo inflamar os ânimos ainda mais, tal como ocorrido na onda revolucionária que atingiu o Mundo Árabe há mais de dez anos.

Se os governos árabes de colaboração com a ditadura sionista encontram-se em uma situação incontornável, nem “Israel” e nem o imperialismo dispõe de melhor sorte na atual conjuntura. Para os invasores da Palestina, a demonstração da capacidade de ação dos iemenitas é um novo e importante fator de pressão para um regime à beira de uma crise terminal. Após o ataque ao MSC Orion, o Iêmen soma-se ao Irã e ao conjunto de forças cuja extensão do poder de fogo o imperialismo desconhece, mas se demonstrou muito maior do que o esperado.

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