O Club de Regatas Vasco da Gama, time popular de dimensão nacional e internacional, é uma das principais vítimas da intervenção do imperialismo no futebol brasileiro por meio do conhecido Clube-Empresa ou Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Para entender essa situação é necessário refletir dialeticamente e não metafisicamente, ou seja, refletir sobre a realidade, entendendo-a como um processo e não individualmente enquanto uma sequência de acontecimentos isolados e independentes da totalidade das relações humanas e sociais.
Por detrás dessas denominações ou conceitos abstratos (Clube Empresa e SAF) exite o conteúdo concreto que marca essa sociedade historicamente, onde tudo é mercadoria, e, por conseguinte, em se tratando desse fato social, a intensificação da internacionalização da mercadoria. A SAF é fruto do golpe de Estado de 2016, tendo seu início no ano de 2019 após aprovação no parlamento e sanção de Jair Bolsonaro.
Não que anteriormente o futebol nacional não estivesse pautado em grande medida pelo mundo da mercadoria, mas o que está diante de nós diz respeito ao aprofundamento da mercantilização do mundo da bola e do conjunto da vida humana.
A constituição da Sociedade Anônima do Futebol marca também um processo de esgotamento do clube associativo, que politicamente foi hegemonizado pelos chamados cartolas, que são dirigentes dos clubes associativos. O clube associativo não conseguiu competir com o assédio da imprensa pró-imperialista e com o ouro de tolo (o montante de recursos aportados pelos capitalistas estrangeiros no curto prazo).
Isso significa que aquilo que já não funcionava de maneira democrática, e que já caminhava caracterizado pela grande exclusão dos trabalhadores nas decisões nos rumos do mundo da bola, aumentou ainda mais esse fosso, entre torcedores e os espaços de poder.
Outro aspecto relevante da situação é relacionado a questão política e geopolítica. É preciso individualizar cada vez mais o esporte coletivo que é o futebol, individualização essa cada vez mais característica com o esvaziamento dos estádios e a elitização desse esporte popular, para minar a aglomeração dos trabalhadores (tentativa de abolir o direito de reunião e mobilização de forma “sutil”). E relacionado à geopolítica, para o imperialismo é preciso e é estratégico destruir por dentro o futebol brasileiro, pois esse esporte provoca unidade nacional e demonstra que um país de capitalismo atrasado pode ser superior aos países imperialistas, e qualquer superioridade nesse sentido é um risco à dominação do imperialismo.
A 777 Partners, empresa norte-americana dona de 70% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Vasco da Gama, ganhou de presente esse histórico clube do povo brasileiro, por meio de um contrato onde os norte-americanos tem a obrigação de desembolsar o equivalente a menos do que o clube associativo arrecada em três anos! Este é um escândalo da magnitude dos processos de privatização das estatais.
Somente com a venda de jogadores no último período os pilantras da 777 Partners já recuperaram os “investimentos” que teve de fazer e de quebra levou o controle político do Vasco. Venderam uma pseudo sofisticação de gestão para dar um golpe no torcedor vascaíno e roubar na mão grande um patrimônio nacional.
Após realizar os compromissos dos aportes estabelecidos contratualmente, a 777 Partners não terá nenhuma obrigação em ter de fazer investimentos no futebol do Vasco. As promessas de pagamento das dívidas do clube associativo ficaram somente nas promessas, sendo irrisório aquilo que foi quitado.
O Vasco corre sérios riscos de caminhar para falência se esse modelo de gestão não for alterado imediatamente. As torcidas organizadas, juntamente com o presidente do clube associativo, nosso ídolo, Pedrinho, precisam tomar a iniciativa política de se insurgir contra a SAF e tirar das garras do imperialismo um dos principais patrimônios nacionais, que é o Club de Regatas Vasco da Gama.