O editorial da Folha de S. Paulo, intitulado Fogo cruzado, é o mais novo exemplo da propaganda pró-imperialista que diante de uma realidade desfavorável, busca distorcê-la e fazer uma interpretação dadaísta dos acontecimentos no Oriente Médio, especialmente em relação à força crescente do Eixo da Resistência, liderado pelo Irã e no mundo árabe, pelo partido revolucionário libanês Hesbolá. Ao longo de seu texto, o editorial se esforça para passar uma visão de que o enclave imperialista e seus aliados ainda mantêm a superioridade militar e estratégica na região, mas a verdade é bem diferente.
Primeiro, o editorial menciona que “o Irã —líder de uma rede que inclui o Hamas, o Hezbollah libanês, os houthis do Iêmen e outros— atacou Israel pela primeira vez na história”, caracterizando esse movimento como uma retaliação no que o jornal chama de “espiral sem fim de acusações entre as partes”. Essa descrição simplista é, no mínimo, uma tentativa de minimizar o impacto significativo da ação iraniana, que revelou não apenas a fragilidade da defesa israelense, mas também a capacidade do Irã de confrontá-los.
O ataque coordenado por Teerã em abril foi uma clara demonstração de que o país possui pleno conhecimento da capacidade do sistema de defesa antiaéreo de “Israel”, o tão aclamado Domo de Ferro. Além disso, os iranianos deixaram claro que tem condições de ultrapassá-lo com sucesso.
O fato de os EUA, a principal potência imperialista do planeta, acatarem a ordem de não interferir e ainda dissuadirem “Israel” de retaliar, é uma prova contundente da superioridade militar e estratégica do Irã na região, além do reconhecimento desse fato, claro para qualquer um minimamente informado sobre o que se passa no Oriente Médio. A suposta “tréplica de Telavive”, que o editorial da Folha apresenta como “ainda mais calculada”, se resumiu a um foguete lançado em uma rotatória no meio do nada — um gesto que se aproxima mais do circo do que de uma operação militar séria. Esse “revide” é emblemático da incapacidade do Estado sionista de lidar com a nova realidade imposta pelo Eixo da Resistência.
Além disso, a Folha sugere que “a fragilidade política do regime” no Irã e o “medo” do Hesbolá de “tornar a situação no Líbano mais caótica” são fatores que influenciaram a suposta cautela de ambos os lados. Nada poderia estar mais distante da realidade. O Irã, longe de estar politicamente fragilizado, tem mostrado uma coesão interna e um apoio popular crescente, evidenciado pelas gigantescas manifestações de solidariedade à Palestina.
No Líbano, o Hesbolá não demonstrou medo algum. Pelo contrário, desde o começo do confronto em Gaza, os militantes libaneses dedicaram-se a castigar duramente o norte do país artificial, levando a um êxodo da região. Atualmente, centenas de milhares de habitantes da região norte de “Israel” estão agora no centro do enclave imperialista, constituindo um grave problema social para o governo de Benjamin Netaniahu, este sim, extremamente debilitado politicamente.
As ações recentes do Hesbolá provam também que o partido revolucionário libanês está mais do que bem preparado, militar e politicamente, para enfrentar “Israel” e superar a falida defesa do Domo de Ferro. A Folha, em seu esforço de desinformação, chega a afirmar:
“Numa guerra que muitos veem como inescapável entre Israel e Hezbollah, o resultado foi mais adiamento. Ambos podem dizer que mostraram força, dando um respiro fugaz à crise.”
No entanto, apenas o Hesbolá demonstrou força real e concreta. O Estado sionista, por sua vez, revelou, mais uma vez, a fragilidade de sua defesa e a incapacidade de lidar com a artilharia libanesa. Os colonos da região próxima à fronteira com o Líbano permanecem sem uma definição e causando transtornos para o Knesset (o parlamento israelense).
Esse “adiamento” da guerra não é resultado de uma demonstração de força de “Israel”, mas a própria estratégia já demonstrada pelo Eixo da Resistência, de cozinhar a situação em fogo baixo, para minar não apenas “Israel”, mas também o imperialismo, que vive dias de crise política e econômica com o impasse no Oriente Médio. Ao mesmo tempo, evitam se envolver diretamente, demonstrando por sua vez a debilidade do próprio conjunto. Um reconhecimento de que, no atual cenário, qualquer escalada seria catastrófica para o enclave imperialista e para as nações desenvolvidas.
O editorial da Folha, ao final, é um panfleto de propaganda imperialista quase esquizofrênico de tão fora da realidade, mas visivelmente destinado a enganar aqueles que não estão familiarizados com a realidade do Oriente Médio. Para aqueles que conhecem minimamente a situação, no entanto, fica claro que as forças do Eixo da Resistência estão cada vez mais próximas da vitória, e o desespero dos sionistas e seus aliados ocidentais só confirma esse fato.