Funcionários do governo de Gaza acusaram a Autoridade Palestina (AP) de enviar agentes secretos para o enclave sitiado visando “semear o caos” no interior das fileiras da Resistência Palestina. A tentativa frustrada ocorreu no dia 30 de março, quando os sabotadores entraram no território vindos do Egito, pela passagem de Rafá, escoltando caminhões de ajuda humanitária oriundos do Crescente Vermelho egípcio. Segundo os membros do governo, os agentes da AP agiam em coordenação com a agência de espionagem interna de “Israel”, o Shin Bet.
“As forças de segurança suspeitam que entrou ontem, com caminhões do Crescente Egípcio, forças inteiramente coordenadas com as de ocupação“, disse um funcionário do Ministério do Interior de Gaza à TV Al-Aqsa no domingo (31). As forças de Gaza conseguiram capturar 10 dos agentes e estão em busca de um número desconhecido de outros sabotadores que escaparam da captura. Segundo o governo do enclave, o governo egípcio informou à autoridade de passagem de fronteira que “não tinha conhecimento” da força secreta.
A Autoridade Palestina nega, é claro. A agência de notícias Wafa, ligada à AP, citou uma fonte oficial do governo da Cisjordânia para dizer que a denúncia não tinha fundamento. “Continuaremos a fornecer toda a ajuda necessária ao nosso povo e não seremos atraídos por campanhas raivosas da mídia que encobrem o sofrimento do nosso povo na Faixa de Gaza e a matança, o deslocamento e a fome a que estão sujeitos“, disse a fonte ouvida pela Wafa.
No mesmo dia, o novo governo da AP era formalmente empossado. Após a renúncia de Mohammed Shtayyeh, ocorrida em fevereiro, o economista Mohammad Mustafá foi empossado pelo presidente da entidade, Mahmoud Abbas, no dia 14 de março, com o juramento ocorrendo no penúltimo dia de março. A denúncia apresentada pelo governo de Gaza mostra que a mudança dos quadros não alterou em nada a política de traição da AP e tampouco a disposição dos inimigos da Resistência Palestina para golpes rasteiros.
Incapazes de dobrar a guerrilha e vendo o alvorecer de uma derrota catastrófica, as forças invasoras da Palestina vêm lançando mão de estratégias sórdidas para impedir a vitória palestina. E, para isso, recorrem a fantoches escolhidos a dedo para o serviço sujo.
O episódio dá novas provas da total corrupção da Autoridade Palestina, uma organização criada para derrotar o levante revolucionário da Primeira Intifada e, por isso mesmo, para atender aos interesses do sionismo, de “Israel” e dos Estados Unidos. Sua política, nesse sentido, é coerente com seu histórico de traições da luta do povo palestino.
Essa operação também demonstra o tamanho do desespero de “Israel”. A tentativa de levar palestinos corruptos para semear caos e confusão no interior das fileiras da resistência palestina e entre moradores de Gaza – bem como o fracasso de tal operação – é outro reconhecimento de sua derrota militar.
Além disso, o uso destes métodos dá pistas de que o genocídio escancarado da população civil palestina, a principal tática de “Israel” para disfarçar as derrotas nos enfrentamentos com o Hamas e demais partidos revolucionários, também já apresenta um custo político demasiado para o sionismo.
Justamente por não conseguir enfrentar os revolucionários abertamente no campo militar e não poder continuar massacrando o povo palestino, “Israel” começa a utilizar outras táticas de desmoralização. É uma forma velada de reconhecer o fracasso absoluto de todas as formas tentadas pela ocupação sionista para conter a Revolução, cuja adesão cresce a cada novo martírio.