O dia é 26 de janeiro de 2024. É o terceiro seguido em que milícias sionistas bloqueiam a passagem de fronteira de Karm Abu Salem para impedir a entrada de ajuda humanitária destinada aos palestinos em Gaza, que morrem aos milhares, seja em decorrência dos bombardeios, de doenças contagiosas, ou mesmo de fome.
A passagem fica na junção de duas seções de fronteira: uma entre a Faixa de Gaza e “Israel”, e outra entre a Faixa de Gaza e o Egito. É usada por caminhões que transportam mercadorias de “Israel” ou do Egito para a Faixa de Gaza. É ao lado da cidade de Rafá, região sul de Gaza.
Em vídeos que circulam em páginas diversas nas redes sociais, vê-se os bandos fascistas do sionismo empunhando as bandeiras de “Israel”, impedindo caminhões de seguirem viagem. Muitos deles inclusive armados com rifles de assalto, comprovando que são, de fato, milícias fascistas.
E isto ocorre quando a situação em Gaza não poderia ser mais catastrófica, do ponto de vista humanitário.
Segundo o relatório mais recente da Sociedade Palestina do Crescente Vermelho (organização que faz parte das organizações humanitárias Cruz Vermelha e Crescente Vermelho), disponibilizado no dia 21 de janeiro, “ mais de 900 mil crianças nos abrigos correm o risco de desidratação, fome, doenças digestivas e respiratórias, doenças de pele e anemia”. Além disto, “mais de 50 mil mulheres grávidas nos abrigos não têm água, alimentos e cuidados de saúde, e cerca de 180 mulheres dão à luz diariamente em condições inseguras e desumanas”.

Igualmente, a organização humanitária Rede Euro-Mediterrânica de Direitos Humanos (EuroMed Rights Monitor) alerta para “o número crescente de vítimas palestinas da campanha de fome” realizada por “Israel”:
“Os 2,3 milhões de pessoas que vivem na Faixa de Gaza enfrentam um risco crescente de fome, segundo o Euro-Med Monitor. Este risco está correlacionado com um grave declínio na saúde, nutrição e segurança alimentar, um aumento no número de mortes provocadas por doenças infecciosas e uma grave falta de acesso a serviços básicos de água, saneamento e higiene.
[…]
Israel ignorou a Resolução n.º 2720 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, emitida há um mês, relativa à expansão da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, e ainda utiliza a fome como arma de guerra contra os civis palestinos.”
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) relata a mesma catástrofe humanitária, que está sendo causada pelos crimes de “Israel”. Segundo relatou a entidade, em 22 de janeiro, 570 mil palestinos estavam passando fome, o que corresponde a cerca de 25% da população de Gaza.
Segundo António Guterres, Secretário-Geral da ONU:
“Apenas 16 dos 36 hospitais de Gaza estão parcialmente funcionais.
A doença está se espalhando à medida que o sistema de saúde entra em colapso.
O povo de Gaza não só corre o risco de ser morto ou ferido por bombardeamentos implacáveis; eles também correm uma chance crescente de contrair doenças infecciosas”.
A respeito das doenças, vale frisar que já em meados de novembro de 2023, a UNRWA alertava que uma epidemia de Hepatite A já se espalha pelos campos de refugiados em Gaza, em razão da alta densidade demográfica causada pelo fluxo de refugiados (este, por sua vez, resultado dos bombardeios sionistas) e da falta de água potável e condições sanitárias.

E a situação se agravou desde então, após “Israel” intensificar seus ataques às regiões central e sul de Gaza após romper, em 1º de dezembro, a trégua temporária que havia sido firmada com o Hamas.
Sobre a superlotação dos abrigados, a entidade citada acima, que faz parte da ONU, registrou nesse dia 25 que, em um de seus abrigos, há cerca de 43 mil palestinos refugiados.

Nessa conjuntura, os setores mais vulneráveis da população são os mais afetados. Assim, “os casos de diarreia em crianças menores de cinco anos aumentaram de 48.000 para 71.000 em apenas uma semana, a partir de 17 de Dezembro, o equivalente a 3.200 novos casos de diarreia por dia”. Este foi a informação publicada pela UNICEF, no início deste mês de janeiro de 2024.
No que se refere aos direitos das mulheres, a agência ainda relatou, no último dia 23, que quase 1 milhão foram expulsas de suas casas desde que “Israel” iniciou os bombardeios ao enclave. Detalhando a situação trágica das mulheres e garotas palestinas, especificou que há cerca de 690 mil necessitante de produtos íntimos de higiene, além de acesso a água potável, banheiro e privacidade.

Contudo, este acesso lhes é negado (e a todos os palestinos) pela política oficial de “Israel”, que vem realizando um bloqueio total à Faixa de Gaza há mais de três meses.
E esse bloqueio, agora, também é feito pelas milícias fascistas do sionismo, compostas pelos ditos “colonos”, pessoas armadas com rifles de assalto e que impedem que caminhões com ajuda humanitária cheguem aos palestinos. São genocidas assim como os militares das Forças de Ocupação de “Israel”.
Tais milícias são os mesmos bandos fascistas que atuam contra os palestinos da Cisjordânia, agredindo-os, roubando-lhes suas casas e bens móveis e, frequentemente, assassinando-os. Lá, nos territórios ocupados, atuando junto das forças de ocupação, já assassinaram 370 pessoas, sendo pelo menos 99 crianças. Feriram mais de 4.250.
Assim, se ação do Estado sionista já não era suficiente para estabelecer que o sionismo é uma forma de fascismo, equivalente até mesmo ao nazismo, a ação dos tais “colonos”, isto é, das milícias fascistas paraestatais, que vêm há três dias bloqueando a passagem de ajuda humanitária na fronteira de Karm Abu Salem, deixa claro o caráter nazista do sionismo.




