Denis Malyuska, ministro da Justiça da Ucrânia, afirmou em entrevista à RBC-Ucrânia que seu país não deve hesitar em recrutar pessoas condenadas para o serviço militar. Ele argumenta que “criminosos corruptos” podem ser “patriotas gananciosos” que serão bons soldados. O chefe da pasta ainda defendeu que até mesmo prisioneiros violentos podem ser utilizados na guerra.
Malyuska admite, na mesma entrevista, que considera sua opinião como sendo “radical”. “Nas condições de uma guerra difícil, os militares, a inteligência militar devem escolher quem quiserem”, afirmou. Ele ainda disse que alguns comandantes têm interesse em sua proposta, pois “aqueles que podem matar são de valor em certas operações especiais”.
O chefe do Ministério da Justiça deixou claro que, oficialmente, a posição de sua pasta é solicitar mudanças mais leves para que o parlamento possa aprová-las. Nesse sentido, afirma que um tipo de condenado que pode ser enviado à linha de frente “sem pensar duas vezes” são aqueles considerados culpados de corrupção.
“Muitas vezes são patriotas, mas o seu patriotismo é bastante particular e são gananciosos. Bem, não apenas ganancioso, sejamos francos. Nossa nação vem cultivando a corrupção há décadas […] Continua generalizado. Então, dizer ‘uau, ele é corrupto’ [é hipocrisia].”
Apesar disso, Malyuska afirma que tal reforma precisa ser feita de maneira organizada, principalmente porque permitiria que os presos reduzissem suas penas servindo nas forças armadas.
“Certamente não queremos que algum alto funcionário corrupto, apanhado com subornos no valor de milhões, acabe cercado na Transcarpatia”, disse, referindo-se a uma parte do extremo oeste da Ucrânia que faz fronteira com a Romênia, Hungria, Eslováquia e Polônia.
O recrutamento do lado ucraniano da guerra tem sido um enorme problema, principalmente a partir do segundo ano do conflito. De acordo com cálculos da emissora britânica BBC, cerca de 20.000 pessoas fugiram do serviço militar por meio da fronteira do país até o final de agosto de 2023. Levando em consideração que a BBC é uma das grandes defensoras do regime nazista ucraniano, pode-se esperar que este número esteja mais próximo das centenas de milhares.
Finalmente, a Ucrânia, utilizada pelo imperialismo como bucha de canhão para atacar a Rússia, está sofrendo uma derrota cada vez maior. Seja pela falta de munição, armas e veículos militares, seja pela baixa de soldados, a crise do regime ucraniano não para de se aprofundar.
As declarações do ministro da Justiça vão nesse sentido, mostram que o regime está desesperado para conseguir novos combatentes após os anteriores ou morrerem, ou desertarem, ou fugirem do alistamento. O mesmo vale para a questão financeira. Os principais países imperialistas estão começando a se recusar a enviar dinheiro e armamentos para a Ucrânia.
Em 30 de janeiro de 2024, o governo apresentou um projeto de lei ao Parlamento que reduz a idade de elegibilidade para o serviço militar de 27 anos para 25 anos. A medida foi feita após o Estado-Maior General da Força Armada Ucraniana enfatizar, em dezembro de 2023, a necessidade de recrutamento de 450.000 a 500.000 homens a mais.
Como era de se esperar, a população se revoltou contra o projeto, que foi devolvido para revisão.
Segundo o Washington Post, essa falta de qualquer estratégia para conter essas perdas nas fileiras das forças armadas ucranianas está alimentando “divisões profundas no parlamento ucraniano e, de forma mais ampla, na sociedade”. O mesmo jornal afirma que “não há consenso político” sobre como remediar a grave escassez de tropas na frente de batalha.
Isso, por sua vez, está criando uma enorme divisão entre Zelensky e seus principais comandantes no que diz respeito a um plano para recrutar novos soldados. Com isso, ainda segundo o Washington Post, os militares têm “confiado numa miscelânea de esforços de recrutamento e semearam o pânico entre os homens em idade de lutar”.
“[Os homens da Ucrânia] se esconderam, preocupados com a possibilidade de serem convocados para um exército mal equipado e enviados para a morte certa”, diz a publicação.