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Eleições municipais

Ex-bolsonarista perde 90% dos votos em seis anos

Acreditando que o bolsonarismo estava acabado, Hasselmann viu sua carreira política desabar; quem está sendo liquidado é o centro polĩtico

Ex-deputada federal eleita em 2018 pelo extinto PSL (atual União Brasil) com mais de 1,07 milhão de votos, a jornalista Joice Hasselmann foi candidata à vereadora em São Paulo pelo Podemos nas eleições ocorridas no último dia 6, perdendo após conquistar apenas 1.673 votos. Outrora uma das principais porta-vozes da extrema direita brasileira, Hasselmann destoou de todos os “analistas” da imprensa burguesa que resolveram considerar o chamado “centro” (os partidos da direita tradicional) o campo vitorioso nas eleições municipais desse ano. Em entrevista ao Estado de S. Paulo, publicanada na matéria De 1.078.666 a 1.673 votos: Joice Hasselmann se diz aposentada da política: ‘Eleitor se radicalizou’, a ex-bolsonarista deu uma rara declaração honesta ao dizer que “o eleitor se radicalizou ainda mais”:

“Fui para a política por um convite, em um determinado momento da história brasileira, em que os ânimos estavam muitíssimo acirrados, talvez tenha sido o pico da polarização. E, apesar de estar em um partido que tinha muita gente de extrema-direita, eu fui com uma cabeça muito mais centrada em ajudar. Tanto que, apesar de ser líder de um governo que foi muito extremista, consegui aprovar projetos importantes, também pela oposição, porque sempre soube dialogar.

Mas, uma das coisas mais fortes que aconteceram para essa mudança toda foi a máquina de destruição do Gabinete do Ódio, que começou a funcionar contra mim ainda no final de 2019 e permaneceu até a eleição de agora. Isso foi muito forte. Não dá para desconsiderar. O que eu posso dizer é que mudei, fiquei muito mais centrada. Eu deixei o excesso de radicalismo de lado e o eleitor se radicalizou ainda mais. Em especial essa patota conservadora que se diz bolsonarista e até meio que se dividiu com o advento do Pablo Marçal.”

A apreciação feita por Hasselmann é importante justamente por fornecer outra evidência concreta de um fenômeno escamoteado, que é justamente a vitória maiúscula da extrema direita nas eleições municipais deste ano. A consideração e a situação da bolsonarista renegada demonstra quão desconectada da realidade estão as “análises” mirabolantes que se proliferam na imprensa brasileira e apresentam os partidos da direita tradicional como os grandes vencedores, o que é escandalosamente falso. Hasselmann, por sinal, personifica este dado da vida política nacional.

Eleita com uma votação estrondosa que a alçou a posição de mulher mais bem votada do País na época, contou com pouco mais de R$260 mil para conquistar os votos que a elegeram, segundo dados oficiais, naturalmente. Rompendo com o bolsonarismo e aderindo ao imperialismo no ano seguinte, disputou ainda pelo PSL a prefeitura de São Paulo em 2020. Seu financiamento subiu oficialmente para R$6 milhões, porém a votação desabou, conquistando menos de 99 mil votos.

Em 2022, já pelo PSDB, sua votação caiu ainda mais, atingindo 13.679 votos. Após tantas derrotas, a patroa do jornalista Pedro Zambarda ainda concorreu à vereança na capital paulista, tendo a votação pífia que segundo ela, foi motivo de “comemoração”. “Foi libertador para mim saber que eu não vou voltar mais para a vida pública, porque eu não preciso disso”, disse Hasselmann, acrescentando: “realmente estou feliz, eu não derramei uma lágrima. Na verdade, abri uma garrafa de champagne, uma não, algumas para comemorar”, concluiu. Claro que quem acredita nisso, acredita em tudo.

Tal qual o dono do antigo PSL, o deputado Luciano Bivar (União Brasil), Hasselmann acreditou que o bolsonarismo seria destruído pelos partidos da direita tradicional, porém aconteceu o contrário. Os bolsonaristas não conseguiram reeleger Bolsonaro, mas dominaram os principais estados brasileiros e as duas casas do Congresso Nacional.

O PSL, por sinal, foi engolido pelo DEM após Bivar fazer a mesma aposta e se chocar com o bolsonarismo. Terminou com uma fusão que resultou no atual União Brasil e que serviu para dar uma sobrevida ao partido da Ditadura Militar (1964-1985), mas acabou com a legenda de aluguel pela qual os bolsonaristas de 2018 se elegeram. Bivar sofreria ainda uma rasteira do governador goiano Ronaldo Caiado e do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, sendo posto para fora do comando da nova legenda.

Parte da esquerda repete a aposta de Hasselmann e Bivar e busca se amparar na direita tradicional, na esperança de que este conjunto de falidos derrote o bolsonarismo, recorrendo às mais variadas fantasias para isso. Inclusive a aceitação acrítica da propaganda imperialista, que em uma busca desesperada para recuperar o controle da vida política nacional, vale-se de todos os artifícios possíveis e naturalmente, a mentira escancarada.

Trata-se, porém, de um segmento da direita em franca decomposição. Repetindo os mesmos erros de avaliação de Hasselmann e Bivar, os setores da esquerda que insistem em aliar-se com o imperialismo terão o mesmo desfecho trágico dos direitistas que não dimensionaram corretamente o que estavam enfrentando. Para derrotar realmente o bolsonarismo, a esquerda deve abraçar a polarização, indo à raiz do problema, que é enfrentar a classe social que impulsiona a extrema direita: a burguesia.

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