De acordo com o Movimento ao Socialismo (MAS) e outras organizações, o ex-presidente boliviano Evo Morales foi alvo de uma emboscada neste domingo, perto das 7 horas da manhã, quando ele se deslocava para o seu tradicional programa de rádio de domingo e teve seu carro cercado por veículos diversos e homens fortemente armados que dispararam contra o ex-presidente.
Em entrevista à rádio Kawsachun Coca, Evo disse que “o carro em que cheguei tem 14 tiros. Me surpreenderam. Felizmente, hoje, salvamos nossas vidas (…). Os que atiraram estavam encapuzados (…). Isto foi planejado, era para matar (…) Lucho [o presidente Luis Arce] destruiu a Bolívia e agora quer eliminar nosso processo acabando com a vida de Evo. Vamos ver como nos preparamos (…). Está em marcha um estado de sítio”.
Anyelo Céspedes, deputado próximo de Morales, disse à AFP: “também temos imagens de que, depois do ocorrido, um helicóptero no aeroporto de Chimoré (em Cochabamba) transporta seis pessoas (…) Não temos certeza se eram militares ou policiais, mas a única coisa que realmente querem é assassinar Evo Morales (…) ontem, aconteceu uma mudança no alto comando militar e hoje tentam matar Evo Morales”.
Uma mulher que viajava com eles gravou um vídeo de 4 minutos que foi veiculado pela referida rádio, em que se ouve ela mandando-o se abaixar e há um momento em que a imagem e o som param, quando teriam teve que trocar de veículo, pois um dos pneus do anterior foi alvejado por um dos disparos.
Em nota, o MAS afirma que “este não é um acontecimento isolado, é a demonstração evidente de que estamos diante de um governo fascista, que não tem dúvida em atentar contra a vida do ex-presidente Evo Morales, de contratar grupos paramilitares, de criminalizar os protestos sociais, e de levar a Bolívia a um enfrentamento fratricida”.
Evo Morales se prepara para concorrer às eleições bolivianas de 2025, e manobras judiciais e policialescas foram colocadas em marcha contra o ex-presidente. O ex-presidente sofre um processo por um suposto estupro e pode ser preso por não ter atendido às ordens judiciais. Diante dessa possibilidade, camponeses bloquearam vias da Bolívia, no último dia 15, contra essa possível prisão. “Nesta tarde, amanhã, até os próximos dias, todo o país vai estar bloqueado”, afirmou Ponciano Santos, secretário da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia. Tais manobras foram arquitetadas pelo atual presidente Luis Arce, acusado de ser o responsável pela tentativa de assassinato de Evo Morales neste domingo (27/10).
Um manifesto de ativistas e organizações aliadas de Morales, chamado de Pacto de Unidade, afirma que “o governo traidor [Luis Arce] não respondeu o nosso pedido, nem teve a vontade de convocar para o diálogo sobre o abastecimento de combustível, a escassez de dólares, o aumento do custo de vida, o grave endividamento interno e externo”.
O país tem enfrentado uma série de manifestações em razão das condições sociais dos bolivianos e a crise tem se acentuado a cada dia que passa. Luis Arce, apresentado inicialmente como “esquerdista”, tem governado de acordo com os interesses do imperialismo norte-americano, e seu objetivo é justamente neutralizar qualquer perspectiva de uma candidatura mais à esquerda do MAS para as eleições do próximo ano. A tentativa de assassinato de Evo Morales é parte desse plano que certamente foi arquitetado pelos órgãos de inteligência norte-americanos.