Na noite desta quarta-feira (20), o exército de “Israel” perpetrou um dos maiores massacres na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023. O Estado sionista bombardeou as casas das famílias Al-Arouqi e Abu Tahoun no bairro Sheikh Radwan, em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, demolindo um prédio de cinco andares que abrigava pessoas que haviam sido expulsas de suas terras ao longo do conflito.
Até o fechamento desta edição, mais de 66 palestinos haviam sido assassinados como resultado do ataque. Segundo a Defesa Civil, que continua com uma intensa operação de resgate na região, a maioria dos mortos é de mulheres e crianças. Além disso, o bloco residencial bombardeado pelo exército nazista de “Israel” ficava ao lado do hospital Kamal Adwan.
Com isso, desde a manhã de quarta-feira, mais de 140 palestinos foram assassinados por “Israel”.
A ofensiva genocida, que já ultrapassa a marca dos 411 dias, concentra-se atualmente nas áreas norte e central da Faixa de Gaza. Relatórios do Ministério da Saúde desta quarta-feira (20) destacam o massacre de 12 palestinos em Jabalia e a destruição de diversas residências ao redor do campo de refugiados da região. Beit Lahia, no Norte, também sofreu intensos bombardeios, ampliando a devastação.
Além disso, o Gabinete de Comunicação do Governo de Gaza divulgou que, até o último dia 19, após 410 dias de genocídio, 44.972 pessoas foram assassinadas, incluindo 17.492 crianças, e mais de 10.000 estão desaparecidas. Mais de dois milhões de palestinos foram forçados a deixar suas casas e 86% da infraestrutura de Gaza foi reduzida a escombros.
O setor de resgate e saúde, já profundamente afetado pelo cerco, enfrenta ataques diretos da ocupação sionista. No bairro de Al-Sabra, equipes de defesa civil foram alvos de ataques durante operações de salvamento. Ali Muhammad Omar, paramédico da Defesa Civil, foi assassinado, enquanto três colegas ficaram feridos. Um vídeo chocante registrou o momento em que um socorrista segurava o braço amputado de seu companheiro.
Único hospital governamental de Rafá, o Hospital Mohammed Yousef al-Najjar foi destruído por veículos terrestres não tripulados carregados de explosivos. Segundo o diretor Marwan al-Hams, a instalação atendia 300 mil pessoas e serviu mais de 1,5 milhão de deslocados durante a guerra.
“Os ataques refletem o objetivo de exterminar qualquer resquício de infraestrutura na Faixa de Gaza”, afirmou al-Hams, que apelou à comunidade internacional para agir imediatamente. A destruição sistemática inclui hospitais, ambulâncias e equipes médicas. A informação mais recente aponta que mais de 1.000 profissionais de saúde foram assassinados durante os ataques.
Veto criminoso
Expressando o apoio do imperialismo aos crimes cometidos por “Israel”, os EUA vetaram, no último dia 20, a proposta de uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia um cessar-fogo “imediato, incondicional e permanente” na Faixa de Gaza, onde os bombardeios israelenses continuam. Este veto é o quarto feito pelo governo Biden e impede a adoção de uma resolução capaz de encerrar o conflito.
O governo norte-americano justificou sua decisão afirmando que não poderia apoiar um cessar-fogo que não incluísse a liberação de prisioneiros mantidos pelo Hamas. Robert Wood, o enviado adjunto dos EUA à ONU, declarou que “um fim duradouro à guerra deve vir com a liberação dos reféns”.
Beth Miller, diretora política do grupo Jewish Voice for Peace, descreveu a ação como “patética”, afirmando que o governo Biden está “parafraseando” sua intenção de trabalhar por um cessar-fogo enquanto, ao mesmo tempo, bloqueia esforços para alcançá-lo e envia armamentos a “Israel”. Por outro lado, o embaixador de “Israel” na ONU, Danny Danon, elogiou o veto, afirmando que a Casa Branca estava “defendendo a moralidade e a justiça” ao se recusar a abandonar os prisioneiros, e que a resolução ignorava o sofrimento dos 101 prisioneiros.
Representantes de outros países expressaram frustração com a inação do Conselho de Segurança, ressaltando que a resolução vetada era o resultado de longas negociações. O embaixador da Palestina, Majed Bamya, enfatizou que um cessar-fogo é essencial para salvar vidas, afirmando que “um cessar-fogo não resolve tudo, mas é o primeiro passo para resolver qualquer coisa”.
Ele acrescentou ainda que o mundo não deve se acostumar com a morte de palestinos, questionando se “as vidas dos palestinos não valem a pena ser salvas”. O embaixador da Argélia também expressou descontentamento, indicando que o veto envia uma mensagem clara a “Israel” de que pode continuar suas ações com impunidade.
Os partidos e organizações da Resistência Palestina reagiram condenando o veto dos EUA no conselho de segurança contra a resolução de cessar-fogo em Gaza. Para o Hamas, a ação do governo norte-americano é uma posição hostil que anula a vontade da Comunidade Internacional. O Hamas também conclamou a comunidade internacional a “pôr um fim a essa invasão americana no desejo internacional, que só trouxe guerras, morte, destruição e caos na região e além”.
Já Movimento Mujahideen Palestino classificou o fracasso do Conselho de Segurança da ONU em emitir uma resolução de cessar-fogo em Gaza devido ao veto norte-americano como prova, mais uma vez, de seu fracasso e impotência e “de que todo o sistema internacional é refém da hegemonia e arrogância sionista-americana, e que a América e a entidade são uma ameaça real à segurança e estabilidade internacionais”.
A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) disse que esse veto representava uma nova queda moral para o governo dos EUA e não era um comportamento estranho para um país que fundou sua existência com base no genocídio e na limpeza étnica e tinha um longo histórico de massacres e terrorismo.
Todos os partidos da Resistência, bem como o Movimento da Jiade Islâmica na Palestina, reiteraram que o governo norte-americano participou do genocídio e da limpeza étnica dos palestinos em Gaza, juntamente com a ocupação israelense.
Por fim, o movimento Resistência Al-Ahrar declarou que “é desconcertante que os Estados Unidos tenham o direito de exercer o veto, apesar de serem parceiros ativos no genocídio cometido na Faixa de Gaza por meio de seu apoio material e moral sem paralelo. Os EUA representam os interesses sionistas na região e atuam como juízes, determinando quando, onde, porque e como a paz e a segurança internacionais são ameaçadas, além de definir crimes de guerra, crimes contra a humanidade e atos de agressão”.
Convocação
O Hamas descreveu o cenário atual como a execução do “Plano dos Generais”, cujo objetivo é expulsar os palestinos de suas terras. Em nota, o partido palestino acusa “Israel” de implementar todas as formas de genocídio, desde o cerco total e a fome até massacres diários de famílias em suas casas. “O inimigo sionista, desprovido de valores humanos e morais, pratica uma campanha de vingança e punição contra o nosso povo pela resistência em suas terras”, diz o comunicado.
O Hamas também destacou a importância de intensificar os atos de solidariedade em escala global, como marchas, protestos e bloqueios a embaixadas sionistas e seus apoiadores. “Convidamos os meios de comunicação a aumentarem sua cobertura sobre a tragédia humanitária e os massacres horrendos realizados pelo ocupante criminoso”.
Abaixo, a nota na íntegra produzida pelo Hamas no último dia 19 e traduzida para o português:
“Escritório de Comunicação do Hamas:
Convocação aos Veículos de Mídia para Intensificar a Cobertura dos Crimes de Limpeza Étnica e Deslocamento Forçado Cometidos pela Ocupação no Norte da Faixa de Gaza:
O inimigo sionista criminoso, desprovido de todos os valores humanitários e morais, intensificou sua campanha genocida, que tem se concentrado nos últimos 45 dias no norte da Faixa de Gaza. Ele pratica todas as formas de genocídio, incluindo limpeza étnica, deslocamento forçado, fome, cerco completo e massacres horríveis realizados diariamente contra famílias em suas casas e pessoas deslocadas em abrigos. Essas ações visam forçar os residentes a deixarem suas terras em execução do plano criminoso conhecido como “Plano dos Generais.”
Nós, do Escritório de Comunicação do Hamas, instamos você a persistir em focar sua cobertura midiática nos eventos no norte da Faixa de Gaza, redobrando seus esforços e intensificando a transmissão da crescente tragédia humanitária, dos horríveis massacres e da campanha desumana de fome sendo infligida a civis inocentes e desarmados pelo ocupante criminoso. Este é um ato de vingança e punição contra eles por sua resistência em sua terra e por frustrarem os planos da ocupação nazista de erradicar nossa causa nacional.
Além disso, fazemos um apelo às massas do nosso povo palestino, à nossa nação árabe e islâmica, e aos povos amantes da liberdade ao redor do mundo para continuarem e escalarem suas atividades de solidariedade, incluindo marchas, greves de fome e bloqueios das embaixadas da ocupação e de seus apoiadores. Enfatizamos a importância da atenção da mídia na cobertura dessas atividades, que estão sendo realizadas em várias cidades e capitais ao redor do mundo.”