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Imperialismo no Iraque

EUA seguem controlando a receita e o petróleo iraquiano

Imperialismo é responsável por dezenas de milhares de mortes no Iraque por sua política nefasta

Desde a invasão do Iraque em 2003, o imperialismo mantém o controle sobre as receitas de petróleo do país, uma forma de subjugação econômica que mina a soberania iraquiana e nega ao país o acesso aos seus recursos naturais. Segundo denúncia do portal The Cradle, de julho de 2024, o Banco Central do Iraque interrompeu todas as transações internacionais em yuan chinês após intensa pressão dos EUA.

A iniciativa iraquiana de permitir o comércio em yuan visava atenuar as restrições impostas pelos EUA ao acesso do país ao dólar, mas não incluía as exportações de petróleo, que continuam sendo realizadas em dólar. Washington, no entanto, enxergou essa medida como uma ameaça ao seu domínio financeiro sobre o Iraque.

O controle dos EUA sobre as políticas financeiras iraquianas remonta a 2003, quando o presidente George W. Bush assinou a Ordem Executiva 13303, colocando as receitas do petróleo iraquiano sob a jurisdição do Federal Reserve de Nova Iorque. Essa ordem foi renovada anualmente por todos os presidentes subsequentes, incluindo Joe Biden em 2024, e garante que Bagdá tenha controle limitado sobre seus próprios recursos.

O processo de subjugação financeira, no entanto, não começou com a invasão de 2003. Após a invasão do Cuaite pelo Iraque em 1990, sanções severas foram impostas pela ONU, isolando o país economicamente. Mesmo com o programa “Petróleo por Alimentos”, a população iraquiana sofreu imensamente, resultando na morte de mais de um milhão de iraquianos, incluindo milhares de crianças.

Revelando a face da política imperialista, a então secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, declarou em 1996 que as mortes resultantes das sanções eram “um preço que valia a pena pagar”. Com a invasão do Iraque em 2003, o Conselho de Segurança da ONU emitiu a Resolução 1483, que criou a Autoridade Provisória da Coalizão, liderada pelos EUA, e estabeleceu o Fundo de Desenvolvimento para o Iraque (DFI). O fundo, porém, foi colocado sob o controle direto também do Federal Reserve dos EUA, e não do Banco Central Iraquiano, como previsto originalmente.

Isso permitiu que os Estados Unidos mantivessem um controle rígido sobre as receitas do petróleo iraquiano. Desde então, o Ministério das Finanças do Iraque precisa solicitar transferências de recursos ao Tesouro dos EUA, que pode aprovar ou negar esses pedidos com base em critérios próprios.

Esse controle se estende ao ponto de as transferências mensais de dólares serem literalmente transportadas em paletes de dinheiro vivo para Bagdá, determinando a capacidade do país de pagar por itens básicos como salários, alimentos e medicamentos.

Sempre que os EUA percebem que o Iraque está agindo contra seus interesses, essas transferências podem ser atrasadas ou reduzidas. Um exemplo disso ocorreu em 2020, quando o parlamento iraquiano votou pela retirada das tropas norte-americanas após o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani e do comandante iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis. Em resposta, a administração de Donald Trump ameaçou congelar o acesso do Iraque às suas receitas de petróleo.

Hoje, o Iraque se encontra em uma situação financeira crítica. Apesar de acumular cerca de 120 bilhões de dólares em receitas no Federal Reserve de Nova Iorque, o país enfrenta dívidas crescentes que se aproximam desse valor.

A dependência das transferências dos EUA e a falta de controle sobre seus próprios recursos impedem o desenvolvimento e a reconstrução de longo prazo no país, forçando o Iraque a recorrer a empréstimos internacionais subordinados aos juros que engordam os bolsos apenas dos banqueiros dos países imperialistas. Essa situação não é isolada.

As receitas do petróleo iraquiano são controladas pelos EUA há décadas, perpetuando a corrupção e a disfunção no país. A corrupção massiva, criada pela política norte-americana de trazer dinheiro vivo ao Iraque da sua própria maneira, é um dos fatores que colocam o país entre os mais corruptos do mundo – algo que se deve, exclusivamente, ao imperialismo.

Além de controlar o petróleo, os EUA também influenciam as decisões geopolíticas do Iraque, especialmente em relação à resistência iraquiana contra alvos israelenses, em solidariedade ao Hesbolá e aos partidos e grupos da Resistência Palestina.

Embora o Iraque tenha, em teoria, assinado um acordo de “cooperação estratégica” com os EUA em 2008, que coloca as tropas americanas no país apenas a pedido do governo iraquiano, isso pouco tem a ver com a realidade. Em 2010, a Resolução 1956 do Conselho de Segurança da ONU determinou que o DFI fosse encerrado e os fundos transferidos para o governo iraquiano até 2011, o que nunca ocorreu.

Até hoje, os EUA se recusam a devolver o controle total ao Iraque, violando as diretrizes da ONU. Essa política de exploração e controle econômico contrasta com as frequentes acusações feitas pelos EUA de que a China estaria “explorando” os países africanos por meio de investimentos em infraestrutura.

Enquanto a China desenvolve projetos em parceria com governos africanos, sem interferência direta nos recursos soberanos desses países, o controle absoluto que os EUA mantêm sobre as receitas de petróleo do Iraque representa uma exploração verdadeira, despedaçando a soberania iraquiana e utilizando os recursos do país para reforçar a posição econômica e política do próprio imperialismo. Acusam países atrasados mais desenvolvidos como a China de adotar práticas predatórias, mas o que se vê no caso do Iraque é um exemplo claro e prolongado de controle e exploração econômica promovida pelo imperialismo, essa sim, uma política predatória e dedicada a saquear o país atingido.

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