Neste sábado (9), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, realizou sua tradicional Análise Política da Semana. Desta vez, no entanto, a transmissão foi feita do Rio de Janeiro, durante um evento que antecedeu o lançamento do livro O Hamas conta seu lado da história, no qual os acontecimentos são narrados pela própria resistência. Em sua análise, Pimenta abordou diversos temas, incluindo as eleições norte-americanas, a censura nas redes sociais, a política da esquerda brasileira, o papel do imperialismo e a relação entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e partidos da chamada “centro direita”.
O presidente do PCO criticou duramente propostas de proibição das redes sociais para menores de 16 anos, mencionando a recente discussão sobre o tema na Austrália, país onde foi proposto que as redes sociais fossem proibidas de funcionar para adolescentes e crianças. Ele destacou que essa restrição visa limitar a transmissão de informações, não havendo justificativa legítima para proibir o acesso de adolescentes à Internet. “Querem justificar com pedofilia ou tráfico, mas não é o problema. Esse é um sinal muito claro de que os chamados democratas estão perdendo a batalha da opinião pública”, declarou, afirmando que a medida busca conter críticas e alternativas à política imperialistas.
Pimenta comparou a situação atual à censura da ditadura militar no Brasil, destacando que, assim como no regime autoritário, os defensores da censura não confiam na aceitação pública de suas ideias. “São as pessoas que, no passado, lutaram contra a ditadura que, agora, querem censurar aqueles que apoiaram o regime de 64”, disse.
Ele também comentou um pronunciamento feito por Donald Trump recentemente em relação à liberdade de expressão. Conforme pode ser lido em artigo publicado na edição de hoje do Diário Causa Operária (DCO), Trump fez uma série de declarações radicais em relação à censura, prometendo acabar com o que ele chamou de “cartel da censura” da esquerda.
“É uma contradição um homem com um programa de extrema direita se tornar defensor radical de desmantelar o aparato de censura do imperialismo”, comentou Rui sobre o caso. Ele explicou que, apesar de não ser possível confiar nas promessas feitas pelo republicano, suas declarações mostram que Trump está convicto de que o Partido Democrata não é páreo para ele e que, com isso, tem ampla margem de manobra para conquistar a opinião pública da população norte-americana:
“O que está acontecendo é o que falei antes: a direita conquistou uma parcela majoritária da opinião pública da população norte-americana. Esse discurso dele e essa proposta dele é uma prova disso, de que eles vão aumentar essa influência política sobre a população dos Estados Unidos e do mundo inteiro. Ele acredita que o Partido Democrata não é páreo para ele, não é páreo para a direita do ponto de vista da disputa da opinião pública geral. Porque ninguém vai fazer uma coisa dessas se ele não confia que o que ele tem a dizer vai se impor.
Nós, por exemplo, vamos defender a liberdade de expressão em qualquer situação, independentemente de quem vai convencer quem. Mas não é o caso do Donald Trump, não é o caso da direita norte-americana. Eles estão agindo com a mais profunda convicção de que a política que está sendo usada contra eles é um castelo de cartas que vai desmoronar completamente”, afirmou Rui Costa Pimenta.
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No decorrer da análise, o dirigente trotskista questionou a força atual da esquerda brasileira e apontou o ex-presidente Jair Bolsonaro como o principal cabo eleitoral do País, ressaltando que seu partido, o Partido Liberal (PL), foi o mais votado nas eleições municipais deste ano. Pimenta criticou o que considera a “falência” da esquerda na falsa liderança de Guilherme Boulos, principal candidato da esquerda nas últimas eleições, afirmando que sua política durante o pleito se alinhou completamente com a direita. “No primeiro turno, todos queriam colocar o Marçal na cadeia, mas no segundo turno o Boulos se abraça com ele. Como explicar isso ao eleitorado?”, questionou.
Para Rui, o eleitorado brasileiro não deveria ser culpado por apoiar candidatos da direita, considerando o desgaste das opções de esquerda e a falta de propostas convincentes. “A esquerda não tem um programa político capaz de arrastar as massas do País”, afirmou, ressaltando que a atual crise de liderança na esquerda brasileira decorre da ausência de uma política clara e de alianças desmoralizantes.
Ele também abordou a aliança da esquerda brasileira com setores da política tradicional, como o Partido Democrata dos Estados Unidos. Ele observou que o PT estaria se aliando a partidos da direita, do chamado “centro”, e formando uma “frente ampla” com figuras políticas ultrapassadas, como o PSDB e o MDB. Essa aliança enfraquece a base popular do PT e abre caminho para o fortalecimento de Bolsonaro. “Não dá pra ficar pendurado na Rede Globo, no PSDB, no PMDB. Se ficar a reboque da frente ampla, quem vai ganhar é o Bolsonaro”, argumentou. Rui também comparou essa postura a partidos de esquerda na Europa, que foram derrotados ao tentarem se aliar à direita, como na França, com Emmanuel Macron e Marine Le Pen.
Este foi apenas um resumo do que foi apresentado por Rui Costa Pimenta durante a última edição da Análise Política da Semana. Abaixo, você assiste ao programa na íntegra: