No último dia 20 de fevereiro, o Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), durante coletiva de imprensa, reafirmou alegações anteriormente provadas falsas de que o Hamas teria estuprado mulheres israelenses. Ao mesmo tempo, diga-se de passagem, em que ignora relatos factuais de soldados israelenses estuprando e massacrando mulheres em Gaza.
O porta-voz do órgão afirmou, na ocasião, que recebeu confirmações “independentes” acerca das alegações de estupros coletivos promovidos pelo Hamas contra mulheres israelenses. Desde outubro, porém, vem sendo noticiado por diversos veículos de imprensa contrários ao imperialismo que as alegações do uso de violência sexual como arma de guerra por parte do Hamas eram falsas, inclusive com entrevistas com famílias das supostas vítimas de estupro.
O presidente do Hamas, Ismail Ranié, inclusive declarou para Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), que o partido que ele preside rejeita o estupro, tendo em vista que seria uma direta contradição com seus princípios básicos de democracia. O dirigente palestino ainda revelou que falou aos sionistas que, se essas denúncias eram verdadeiras, que eles enviassem as informações sobre os casos de estupro para que o próprio Hamas punisse os responsáveis.
Ao mesmo tempo, após as alegações por parte do Departamento de Estado de que haveria recebido a citada confirmação “independente” de que os estupros estariam ocorrendo por parte do Hamas, após pergunta de uma jornalista, o representante do órgão declarou que os EUA “não podem verificar” eles próprios as acusações provenientes da ONU de que soldados israelenses teriam estuprado mulheres palestinas em Gaza.
A jornalista, então, retrucou, questionando se os EUA teriam tido alguma confirmação independente acerca dos supostos estupros cometidos por membros do Hamas. A isso, o porta-voz se limitou a dizer que “especialistas médicos israelenses que testemunharam a favor disso”.
Em outras palavras, os Estados Unidos acreditam cegamente no que dizem os israelenses, defendendo sua versão mentirosa sem a necessidade das chamadas “confirmações independentes”. Ainda, o testemunho de “especialistas médicos israelenses” é o suficiente para verificar determinada acusação, enquanto que um relatório da ONU não.
Decerto que não se pode ter qualquer confiança na ONU. Mas, se estamos falando do direito internacional, é no mínimo necessário que quem esteja acusando um dos lados em um conflito não seja o outro lado. Além disso, no caso da ONU, apesar de ser uma organização imperialista que serve aos interesses do imperialismo, a situação em Gaza é tão grotesca e a ação dos soldados israelenses é tão nazista que ela é praticamente obrigada a denunciar certas coisas.
E mais, conforme demonstrou Max Blumenthal, jornalista do jornal The Greyzone, o relatório israelense sobre os farsescos estupros cometidos pelo Hamas “carecia de novas pesquisas, não apresentava evidências concretas e dependia, em vez disso, de trechos de artigos desafiados pelos mesmos veículos ocidentais que promovem sua publicação“. Blumenthal ainda mostrou que a publicação do relatório havia sido financiada pelo lobby sionista.
Abier Mohammed Gheben, uma palestina que foi sequestrada em Gaza por israelenses durante o cerco que se mantém de pé, descreveu ter sido torturada, humilhada e mantida em cativeiro durante mais de 50 dias, conforme confirma o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O órgão ainda afirmou ter recebido testemunhos de diversas mulheres e meninas palestinas sequestradas pelas Forças de Ocupação Israelense, que vão de estupros a serem “submetidas a várias formas de agressão sexual, como serem despidas e revistadas por oficiais do exército israelense”.