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Eleições norte-americanas

EUA: a hora da decisão

Os EUA, país imperialista mais poderoso do mundo, vivem uma crise de dominação internacional e uma situação de instabilidade interna muito grande

As eleições presidenciais dos Estados Unidos acontecem nesta terça-feira (4), o evento mais importante do ano. Os EUA, país imperialista mais poderoso do mundo, vivem uma crise de dominação internacional e uma situação de instabilidade interna muito grande. Uma recente pesquisa do New York Times e Siena College mostram um empate técnico entre a candidata do setor dominante do imperialismo e atual vice-presidente, Kamala Harris (Democrata), e o ex-presidente, representante de um setor secundário do imperialismo, Donald Trump (Republicano).

Segundo a pesquisa, há uma competição intensa nos chamados “estados pêndulos” (“swing states”, em inglês). Estes cinco ou seis estados são fundamentais, pois oscilam, todas as eleições, entre o Partido Democrata e o Partido Republicano — portanto, são eles que definirão o resultado final das eleições. São eles Pensilvânia, Wisconsin, Michigan, Carolina do Norte, Geórgia, Nevada e Arizona.

Harris mostra força apenas na Carolina do Norte e Geórgia, enquanto está tecnicamente empatada com Trump na Pensilvânia, que pode ser o estado definidor. Supostamente, ela lidera de forma apertada em Nevada e Wisconsin, enquanto Trump tem vantagem no Arizona. No Michigan, a disputada também está extremamente acirrada. Na verdade, em todos os sete estados, a diferença entre os candidatos está dentro da margem de erro, tornando o cenário altamente imprevisível. 

Para ser eleito, são necessários 270 votos no Colégio Eleitoral. Segundo a pesquisa, entre os 8% que decidiram o voto recentemente, Harris possui uma vantagem de 55% a 44%. Isso significa, se for verdade, que a pressão da imprensa e da burguesia para derrotar Trump com a campanha do “mal menor” tem mais ou menos funcionado. Ainda existem 11% de eleitores indecisos.

70 milhões de eleitores já teriam votado antecipadamente, de acordo com o University of Florida Election Lab. Desses, Kamala Harris estaria liderando com uma margem de oito pontos percentuais. No entanto, Trump lideraria entre aqueles que afirmam estar altamente propensos a votar, mas que ainda não compareceram às urnas.

Porém, não há um consenso sobre isso. Os números da votação antecipada na eleição presidencial dos EUA parecem “assustadores” para a candidata democrata Kamala Harris, segundo Jim Messina, um ex-gerente da campanha de reeleição de Barack Obama em 2012. No domingo (3), durante uma entrevista com Jen Psaki, apresentadora da MSNBC e ex-porta-voz da Casa Branca, ele afirmou que “os números da votação antecipada estão um pouco assustadores”.

De acordo com Messina, os apoiadores do candidato republicano Donald Trump têm sido muito mais ativos em comparação com a eleição anterior. “Os republicanos não fizeram o que fizeram da última vez. Na eleição passada, Trump disse: ‘não votem antecipadamente’, e então eles não votaram. Agora, os republicanos têm uma vantagem nos números da votação antecipada. Quando os votos antecipados forem contados, vai parecer um pouco diferente de 2020”, explicou.

Esses números de votação antecipada “fizeram muitos dos seus amigos e dos meus amigos me ligarem, em pânico”, disse a Psaki. De acordo com os dados da NBC, 76,2 milhões de votos antecipados, tanto por correspondência quanto presencialmente, já foram registrados nos EUA. Entre os que votaram antecipadamente, 41% seriam democratas e 39% republicanos, com a filiação partidária dos 20% restantes desconhecida. No entanto, mais republicanos votaram em quatro dos sete estados decisivos, com a maior margem no Arizona: 42% contra 33%.

O cenário acirrado também foi apontado pela última pesquisa nacional da CNN, conduzida pelo SSRS. O levantamento mostra que a democrata e o republicano possuem exatos 47% de apoio cada um entre os prováveis eleitores (nos EUA, o voto não é obrigatório). Segundo a pesquisa da CNN, Trump lidera por 49% a 47% no Arizona, 48% a 47% na Carolina do Norte e em Nevada, e 49% a 47% na Geórgia. Já Kamala lidera por 48% a 46% em Michigan e 49% a 46% em Wisconsin. Na Pensilvânia, ambos teriam 48%. O cenário, portanto, revela um cenário parecido com a pesquisa NYT/Siena. Da mesma forma, uma nova pesquisa da NBC News mostra que Kamala Harris e Donald Trump estão empatados nacionalmente, com 47% dos eleitores apoiando Trump, e 46%, Kamala. A mesma conjuntura é apontada pela FiveThirtyEight.

Porém, um levantamento do Des Moines Register com a Mediacom no estado de Iowa mostrou uma mudança em direção a Kamala Harris em um estado que Donald Trump venceu os pleitos de 2016 e 2020. Mesmo assim, os dados mostram uma diferença dentro da margem de erro, com 47% para a democrata e 44% para o republicano. Trump, no entanto, rechaçou a pesquisa, afirmando que ela não é precisa.

Já se antecipando a uma possível derrota da candidata oficial do imperialismo, a britânica BBC publicou um artigo explicando “por que apuração dos votos da eleição dos EUA tem tudo para dar problema”, nesta segunda-feira (4). O órgão britânica destaca que ouviu “observadores eleitorais”, afirmando que “já há uma expectativa de que o processo de contagem de votos que se seguirá seja lento e tumultuado. Ou seja, a apuração do resultado deve se arrastar por alguns dias”.

“Uma série de fatores explica o pouco otimismo destes profissionais em ver um processo eleitoral ordeiro e tranquilo: a falta de regras e padrões eleitorais nacionais, lentidão na apuração em Estados-chave, possível comportamento antidemocrático dos próprios candidatos, a chance de haver correntes de desinformação, e a possibilidade razoável de judicialização da disputa.”

“Além, é claro, do histórico de descrédito eleitoral de 2020, quando quase metade do país se convenceu de que as eleições tinham sido fraudadas, graças às infundadas declarações do então presidente Donald Trump e de seus aliados, derrotados naquele pleito.”

“O processo desaguou numa inédita invasão de apoiadores de Trump ao Capitólio no momento em que o Congresso certificava a vitória do democrata Joe Biden, em 6 de janeiro de 2021. Até por isso, há um clima de tensão e ansiedade em relação aos dias que sucedem o pleito, marcado para 5 de novembro.”

A imprensa imperialista, assim, já prepara o terreno para questionar o processo eleitoral ou defendê-lo a depender do resultado final. Todos os principais órgãos da imprensa imperialista já declaram apoio a Harris nas eleições. Além disso, os democratas já estão manipulando as redes sociais — coisa que acusavam os trumpistas de fazer — como foi exposto pelo Diário Causa Operária (DCO).

Trump, um sintoma do caos imperialista

O presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, durante o programa Análise Internacional, no canal do Diário Causa Operária no YouTube, afirmou que é “impressionante” como o “complexo de forças que é o imperialismo se mostra frágil diante de um aventureiro como Donald Trump”. Segundo ele, Trump “é um arrivista, saiu do nada, sem apoio dos grandes capitalistas norte-americanos, que apoiam os democratas; sem apoio do complexo industrial-militar, sem apoio da imprensa; e tem a possibilidade de ganhar as eleições pela segunda vez”.

De acordo com Pimenta, isso mostra um “colapso da ordem imperialista” gigantesco. Trump é “um fator de desagregação [do imperialismo norte-americano] e um sintoma do caos, de uma crise muito profunda”, afirmou, destacando que “a boa notícia das eleições norte-americanas são as evidências do colapso do regime político norte-americano em casa, que tem a ver com o colapso desse regime fora de casa”.

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