Na última quarta-feira, 10 de julho, o ator George Clooney, membro do Partido Democrata dos EUA, publicou uma coluna no The New York Times defendendo que Joe Biden desista de sua candidatura à presidência do país. No título da matéria, ele diz: “eu amo Joe Biden, mas nós precisamos de um novo candidato” (tradução livre). Clooney é ligado ao ex-presidente Barack Obama e um árduo defensor do imperialismo norte-americano. Ou seja, faz parte da ala mais direitista dentro do Partido Democrata.
Após a publicação desse artigo, uma nova etapa de crise se abriu no interior desse setor dos democratas. Defensores da candidatura Biden acusam Obama de impulsionar uma campanha contra a candidatura Biden. Outros democratas se somaram à posição do ator e publicaram críticas a Biden nas redes sociais.
De acordo com o site Politico, Obama aprovou o texto de Clooney. A CNN endossa a tese dizendo que o ex-presidente tem recebido muitos pedidos de outros democratas para intervir contra a candidatura Biden. Após o desastroso debate contra Trump, a Revista Rolling Stone também afirmou que Obama teria sido procurado por vários políticos pedindo para que ele convencesse Biden a desistir imediatamente.
A candidatura do atual presidente já foi muito questionada por diversos setores de seu próprio partido por alguns motivos diferentes. Uma parte da base mais esquerdista do Partido Democrata, ligada aos sindicatos e estudantes, já rompeu com Biden há tempos por conta de sua política. Esse rompimento se radicalizou após o 7 de outubro, quando o Hamas iniciou sua operação gloriosa contra a ocupação sionista de “Israel”. Ainda, eles são contra a política de guerra, o aumento do orçamento militar, as políticas nazistas contra os imigrantes e a própria política econômica interna, que não atende à população mais pobre do país.
No entanto, mais recentemente, mesmo a ala mais direitista, os verdadeiros representantes do imperialismo norte-americano, têm se indisposto com a ideia da candidatura Biden – como mostra a coluna de Clooney e a repercussão da mesma -, o que é mais um dado da crise geral em que o imperialismo se encontra.
Esse setor do Partido Democrata apoia todas as políticas genocidas e contra a população de todos os países do mundo. A preocupação deles é com o próprio regime imperialista. A impopularidade de Biden é enorme, tanto nas bases do partido quanto na população norte-americana, seu estado físico e mental é combustível para a oposição a ele e degradante para seus aliados e, por consequência, as chances dele ganhar a eleição contra Trump, que possui uma base sólida de apoiadores na população, são pequenas.
O tamanho da crise pode ser vista ao enumerá-las sumariamente. Biden, com suas quedas em escadas, discursos sem sentido, entre outras insanidades, é praticamente uma manifestação física da degeneração do regime imperialista. Trump, seu adversário, é a crise interna em pessoa, tendo causado uma grande fissura no esquema bipartidário norte-americano. Bernie Sanders, líder mais proeminente do que seria a ala esquerda do Partido Democrata, apoia Biden, enquanto sua base o detesta. Barack Obama, um dos aparentes grandes apoiadores do presidente, está sendo acusado de conspirar contra ele, enquanto sua esposa, Michelle Obama, é aventada pela imprensa como sendo uma possível substituta.
Em suma, as forças políticas do imperialismo norte-americano não conseguem encontrar uma maneira simples de resolver a crise e estão tendo um árduo trabalho para encontrar uma maneira de contê-la o mínimo que seja. A tendência é o aprofundamento dessa situação até as eleições, momento em que uma nova etapa da mesma crise geral do imperialismo se abrirá.