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Luta pela terra

Estado passa por cima dos índios e exuma guarani-caiouá

Dois anos após o massacre de Amambay, o Estado brasileiro continua cuspindo nos direitos dos Guarani-Caiouá, pedindo uma exumação de corpo desnecessária e ofensiva

Na última terça-feira (11), dia 11 de maio, no último Programa de Índio, transmitido pela Causa Operária TV, foram discutidas questões cruciais que afetam a comunidade Guarani-Caiouvá no Mato Grosso do Sul pelos companheiros Valderir, Daniel Lemes, Josiel Machado e Marcelo Batarce. O programa, que vai ao ar toda semana, destacou a controversa exumação do corpo de Vitor, vítima do massacre de Amambay, e a falta de suporte do Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

Massacre de Amambay

Josiel Machado, um dos índios presentes no programa, relembrou os horrores do massacre em Amambay, onde sua comunidade foi brutalmente atacada pelas forças do Estado. Ele detalhou a brutalidade do ataque e o impacto devastador na comunidade: “Realmente a comunidade indígena foi massacrada pelo Estado, onde teve a integração de posse, ilegalmente, e o despejo que resultou em várias violências, onde várias crianças foram baleadas, mulheres foram violentadas com armas de fogo”. Durante essa operação, as forças policiais usaram armamento pesado, incluindo helicópteros e o batalhão de choque, para atacar os índios que estavam pacificamente protestando em suas próprias terras. O protesto foi motivado por uma tentativa de reintegração de posse de terras que eram historicamente ocupadas pelos índios e que apenas não estavam mais sendo ocupadas por um acordo firmado entre a burguesia e os índios para fazer daquela área uma “zona neutra”. O acordo, contudo, foi violado, com os capitalistas tendo iniciado a construção de um condomínio na região. Josiel destacou que várias pessoas foram feridas e Vitor, um dos índios presentes na manifestação, foi morto durante o ataque, que ocorreu em meio a uma reintegração de posse ilegal e violenta contra a comunidade indígena Guarani-Caiouvá.

Exumação Controversa

A recente decisão judicial de exumar o corpo de Vitor para uma nova perícia gerou indignação entre os índios do local. A exumação desrespeita a tradição dos índios e a cultura Guarani-Caiouvá. Josiel enfatizou a falta de clareza e comunicação por parte das autoridades: “Nós pedimos esse pessoal, que está lá em Brasília, que pediu essa remoção, venha até o território e que esclareça para nós qual vai ser resultado positivo para a comunidade do Guarani-Caiouvá. Porque até agora, nós não tivemos nenhuma resposta concreta que mostre um benefício real para a nossa comunidade”.

Além disso, Josiel relatou a desconfiança em relação ao sistema judicial brasileiro, mencionando que a exumação afeta profundamente a estrutura cultural da comunidade: “Realmente na nossa tecnologia e na cosmovisão, Guarani-Caiouvá, é difícil de fazer esse procedimento, embora cientificamente se faz dessa forma. Tira o cadáver do território e leva para um laboratório para fazer os exames que devem ser feitos. Só que na nossa cosmovisão, isso mexe muito com a estrutura da nossa cultura” .

Daniel complementou sua fala, destacando a dor e o trauma que a exumação traz, além de questionar a real necessidade desse procedimento: “A dúvida do juiz quando pediu é que para realmente se Vitor morreu baleado ou não. Então isso mexeu muito a nossa estrutura essa semana que passou no Guaporumirim Tujurir”.

Críticas ao Ministério dos Povos Indígenas

Também foi abordada a falta de ação e apoio do Ministério dos Povos Indígenas, especificamente da ministra Sônia Guajajara e seu assessor Luiz Eloy. Josiel mencionou a criação de uma “embaixada” em Campo Grande como uma manobra política que não consultou nem beneficiou a comunidade indígena. “Os Guarani-Caiouvá também, a Grande Assembleia Atiguassu, soltou uma carta em apoio à posição do Conselho Terena, e também os Guatós soltaram uma carta de apoio. Essa embaixada em Campo Grande foi criada sem consulta e sem trazer nenhum benefício real para nós”.

Situação dos presidiários

Valderir também relatou a situação precária dos presos indígenas na PED de Dourados, onde muitos estão detidos injustamente sem a devida defesa. Ele destacou a necessidade de maior apoio jurídico e a participação ativa da FUNAI e da Defensoria Pública. “Muitos patrícios nossos, que realmente estão lá sem ter uma defesa, sem ter uma chance de provar o contrário. Eles estão presos por falta de assistência jurídica adequada, e isso é algo que precisamos mudar urgentemente”, ressaltando que muitos presos não têm acesso a uma defesa adequada e estão detidos injustamente, muitas vezes sem sequer falar português e não possuindo nenhum intérprete.

Para ver a discussão na íntegra, veja o vídeo: Exumação: o que quer o Estado com o Guarani-Caiouá assassinado? – Programa de Índio nº 163 – 11/6/24 (youtube.com)

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