Estamos em ano eleitoral, o que significa que a maior parte da esquerda vai concentrar seus esforços em conseguir votos. Estes setores não saem às ruas para nada, exceto nessas oportunidades. Exatamente o oposto do que faz o bolsonarismo, que tem mobilizado sua base e feito demonstrações políticas de força a depender da situação política.
O desastre eleitoral para a esquerda é fácil de antever, mas não será um raio em céu azul, apenas o resultado de sua paralisia política. A única forma de reverter – ou minimizar – esse quadro é tomando as ruas com reivindicações populares.
Neste momento, a luta mais importante é a defesa da resistência palestina. A extrema direita tem saído às ruas ostentando as bandeiras e apoiando o Estado fascista de “Israel”, que promove em Gaza um dos genocídios mais inacreditáveis de que se tem notícia. Todos os dias surgem notícias de massacres que vão se sucedendo. Não faltam imagens de crianças decapitadas por explosões, mortas, ou amputadas. Famílias inteiras são varridas por bombas norte-americanas, há corpos servindo de brinquedo para soldados sionistas em escavadeiras.
Não há crime de guerra que “Israel” não tenha cometido, mas, mesmo assim, a esquerda não quer se levantar para defender todo um povo oprimido por um brutal genocídio.
A esquerda deveria aprender, mas insiste nos seus erros. Foi assim em 2020, durante a pandemia da COVID-19. A política da esquerda à época foi repetir a palavra de ordem “fique em casa”, criada diretamente pela direita. Em vez de sair às ruas para exigir auxílio financeiro real para a população, de exigir testagem em massa, vacinação etc., a esquerda pequeno-burguesa se escondeu debaixo da cama. Apenas o PCO saiu às ruas para, de verdade, lutar contra a direita, que deixava a população desamparada enquanto dava para os bancos quase 20% do PIB em vez de gastar com saúde pública.
Quando a esquerda se lembrou de ir para as ruas? Na hora de fazer campanha eleitoral. Naquele momento, não havia vírus letal o suficiente para impedir o corpo a corpo pelo voto. No entanto, por que a população votaria em uma gente que só sabia se esconder, pedir prisão para quem divulgasse “fake news” e falar em “negacionismo”?
Não será diferente desta vez se a esquerda não abraçar uma luta tão importante como defender a resistência armada do povo palestino. Esse seria um confronto direto com a extrema direita. Expondo a brutalidade do imperialismo, mostrando que os fascistas estão apoiando o assassinato de crianças, mulheres e idosos, os trabalhadores iludidos pela direita seriam novamente atraídos para as posições da esquerda.
A população sempre criticou os políticos que só aparecem no período das eleições, são tratados como caloteiros, oportunistas, e a esquerda está copiando esse comportamento. Por isso, a hora é de todos irem para as ruas defendendo a revolução contra o imperialismo que está em curso no Oriente Médio, especialmente na Palestina.
Defender o povo palestino é defender a classe trabalhadora do mundo todo contra seu principal inimigo. A tarefa da esquerda é mobilizar os trabalhadores, elevar sua consciência de classe, apenas isso é capaz de derrotar a burguesia. Apenas com a mobilização haverá apoio, caso contrário, a direita continuará avançando, como temos visto na Europa.