No artigo Por que Moraes e delegados têm dados devassados, mas a PF não consegue devassar celulares de investigados?, o jornalista Moisés Mendes, do Brasil 247, defende abertamente que a Polícia Federa “devasse os celulares” de pessoas “investigadas”. A ideia de devassar celulares é tão criminosa, é tão antidemocrática, que o próprio Mendes compara esse tipo de iniciativa com o suposto vazamento de dados por parte de servidores públicos.
Diz Mendes:
“Não são hackers, são delinquentes de dentro da estrutura do Estado os que acessaram ou cederam suas senhas para o uso criminoso de dados de Alexandre de Moraes e de delegados da Polícia Federal. São servidores públicos devassando informações de um ministro do STF e de colegas do serviço público.
Sabemos que hackers invadem ambientes virtuais com o artifício das chaves falsas. Os que chegaram a dados de Moraes em arquivos oficiais, conforme reportagem de Leticia Casado, do UOL, usaram senhas de funcionários públicos”.
Se é fato o que Mendes diz, é óbvio que um funcionário público não poderia utilizar a sua função perante o Estado para vazar informações. No entanto, é até compreensível isso aconteça porque a pessoa atingida – o ministro Alexandre de Moraes – não cumpre nenhuma lei. Com sua toga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes age como um ditador, atropelando a Constituição e atuando como promotor, juiz e vítima ao mesmo tempo. Quem é perseguido por Moraes não tem a quem recorrer – é inevitável que ações como essas aconteçam, na tentativa de frear as suas ações arbitrárias.
Já o que Mendes quer, no entanto, é flagrantemente criminoso:
“Como os conteúdos são facilmente acessados, por consultas em massa, para ameaçar um ministro do Supremo e delegados da Polícia Federal, enquanto a PF não consegue acessar informações de investigados, mesmo que com a toda a estrutura de peritos dedicados a essas tarefas?
Um exemplo que já ficou clássico: como a PF não consegue devassar dois aparelhos do autoproclamado véio da Havan, apreendidos em agosto de 2022, enquanto dados de Moraes são acessados por robôs com senhas dos próprios servidores públicos?”
Para o jornalista, a Polícia Federal deveria ter o direito de espionar os celulares e computadores de qualquer pessoa “investigada”. É o fim de qualquer direito a privacidade na comunicação.
Cabe destacar que os tais “investigados” não estão sendo acusados de crimes comuns, mas sim de crimes artificiais, como “atentado contra o Estado democrático de direito” ou crimes que visam limitar a liberdade de expressão. Mendes quer que a Polícia federal possa monitorar os celulares de qualquer pessoa para saber o que ela fala e o que ela não fala – um sonho para o Big Brother, de George Orwell.
Todo mundo sabe, também, que essa mesma Polícia Federal que quer investigar o que é dito pelos “investigados” vaza aquilo que apura. O próprio Alexandre de Moraes é adepto dessa prática. Isto é, da manipulação de processos policiais e jurídicos com fins políticos.
Mendes, ao defender que a Polícia Federal consiga invadir a privacidade dos “investigados”, não está defendendo o “combate ao crime”. Está defendendo o reino de arbitrariedades instituído por Moraes.