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EUA

Esquerda pró-imperialista denuncia o ‘imperialismo’ … da China!

Uma união maior entre China a América Latina teria o pendor de aprofundar dramaticamente a crise imperialista, o que parece apavorar esquerdistas norte-americanos

O sítio esquerdista norte-americano Worker’s Voice publicou, no último 27 de junho, uma curiosa matéria intitulada Competing imperialist powers exploit Latin America (Jose Monterojo), analisando “a rivalidade inter-imperialista na qual as potências imperialistas dominantes (principalmente os Estados Unidos e a China [grifo nosso]) tentam restabelecer o controle social/político e a acumulação lucrativa de capital”, que segundo o órgão, “está remodelando as realidades políticas, sociais e econômicas da América Latina.” Curiosa porque, como destaca o trecho grifado, coloca no mesmo conjunto de “potências imperialistas” uma nação de desenvolvimento capitalista avançado (os EUA) e uma nação atrasada (a China). É perceptível o fato de os esquerdistas não terem se dedicado a compreender o fenômeno do imperialismo antes de se aventurar a denunciá-lo.

Desconsiderando completamente os problemas fundamentais da constituição dos monopólios nos países desenvolvidos, o artigo de Worker’s Voice trata como manifestações do “imperialismo chinês”:

“Embora historicamente os EUA e a Europa tenham sido os principais exploradores dos recursos do continente, o surgimento da China como uma potência imperialista em ascensão a motivou a se expandir para a América Latina para atender às suas crescentes necessidades de energia e alimentos. Hoje, a China se tornou o maior parceiro comercial na América do Sul, inclusive nas maiores economias da região, como Brasil e Argentina, com incursões significativas na América Central, no Caribe e no México. Isso deslocou os Estados Unidos desse papel, à medida que os EUA se envolvem cada vez mais em conflitos na Europa, no Oriente Médio e no Pacífico.”

Para os esquerdistas norte-americanos, o estreitamento das relações comerciais entre China e os países latino-americanos, seria uma manifestação do “imperialismo chinês”. Outra, está descrita no parágrafo seguinte:

“O relacionamento da China com a América Latina evoluiu nos últimos 15 anos, aproximadamente. Após sua admissão na Organização Mundial do Comércio em 2001, a China acelerou seu relacionamento comercial com o continente, utilizando a América Latina como mercado para seus produtos manufaturados baratos e como fonte de energia e alimentos para alimentar seu crescente mercado interno. Nesses anos, a China começou a fazer incursões nos setores agrícolas, de petróleo e de energia da América do Sul. A inundação de produtos chineses em lugares como o México, por exemplo, desempenhou um papel importante no deslocamento de capitalistas locais menores em um processo de acumulação e centralização de capital, que continua até hoje.”

O que escapa aos esquerdistas do Worker’s Voice é que embora tenha passado por um surto de crescimento impressionante, a China continua sendo um país onde pelo menos 30% da força de trabalho está alocada no campo, tendo um longo caminho no desenvolvimento burguês para percorrer antes de poder sequer ser considerado um país desenvolvido. O imperialismo, finalmente, só é possível a uma nação onde o capitalismo se desenvolveu a ponto de superar a etapa da livre concorrência e dar início à formação dos monopólios, que por sua vez, preparam o caminho para a centralização econômica do socialismo.

Absolutamente nada disso está posto no crescimento econômico chinês, como não esteve na etapa de crescimento vertiginoso da antiga União Soviética, que ao superar o gigantesco atraso que separava a primeira república operária dos países desenvolvidos, crescia a taxas ainda maiores, chegando, tal como a China hoje, ao posto de segunda maior economia do mundo. A superficialidade de tal indicador se provou na implosão da URSS noa anos 1990 e continua sendo evidenciada pelo cerco do imperialismo contra a Rússia, que se bem desenvolveu uma capacidade de se proteger melhor do que Brasil ou México, nem de longe consegue impedir, por exemplo, que o imperialismo impulsione guerras em suas fronteiras, como faz atualmente.

Além disso, fora as sobras, não há nenhum setor de ponta da economia mundial em que a presença da China seja marcante. Não controlam, por exemplo, o mercado de petróleo a ponto de ditarem o preço desta ou de outras commodities, ao contrário dos EUA e da Europa, não tem uma praça financeira capaz de influenciar a política monetária e econômica de outros países.

O artigo desconsidera, por exemplo, que a parceria com a China é tão mais sólida em países latino-americanos governados por lideranças de enfrentamento ao imperialismo, do que em países onde a ditadura dos EUA e da Europa é mais profunda. Com um território gigantesco e uma população colossal, as dimensões da China garantem um mercado interno capaz de impulsionar um grande crescimento econômico, o que nem por acaso a coloca em pé de igualdade com a mais atrasada das nações imperialistas, que controla seu país e influencia decisivamente dezenas de outras.

Fosse apenas um problema de concepção totalmente desorientada do fenômeno do imperialismo, não haveria maiores consequências para as loucuras publicadas pelo Worker’s Voice, porém, na luta política, não é isso o que acontece. O que o artigo faz, consciente do erro de julgamento crasso ou não, é defender o verdadeiro imperialismo, a ditadura dos monopólios estabelecidos nas nações desenvolvidas.

“O imperialismo dos EUA”, diz Worker’s Voice, “vê com preocupação o grande investimento da China na América Latina.” A pretexto de fazer uma análise sobre o crescimento da participação chinesa na América Latina, o que o artigo realmente faz é dar um verniz esquerdista a um medo real dos EUA: o estreitamento dos laços entre as nações atrasadas, especialmente na América Latina, o esgoto natural do imperialismo norte-americano para que a sujeira do capitalismo decadente não provoque uma explosão no próprio país.

Uma união maior entre as principais nações atrasadas do mundo (Brasil, Rússia, China, Índia e Irã) e a América Latina teria o pendor de aprofundar dramaticamente a crise imperialista. Seria um golpe fatal para o imperialismo norte-americano. O fato de Worker’s Voice dedicar tanta energia a criticar uma aliança importante para a luta contra o imperialismo evidencia o quão longe da defesa dos trabalhadores e próximo da ditadura mundial do imperialismo o órgão está.

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