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Judiciário

Só agora esquerda começa a perder as ilusões com ‘Xandão’

A esquerda começa a perder suas ilusões, principalmente a de que o Judiciário iria resolver suas questões políticas e colocar seus adversários na cadeia

Franciso de Goya

Neste sábado (8), Moisés Mendes publicou um artigo no portal Brasil 247 intitulado “Faça a sua lista: quantos irão escapar da Justiça?”. O texto reflete o desalento que se abate sobre aqueles que apostaram suas fichas nas instituições burguesas, como o STF, para resolver as questões políticas.

O autor diz que “O tempo corre de mãos dadas com todos os investigados por crimes cometidos em conexão direta ou indireta com planos, ações e ideias das estruturas da direita e da extrema direita.” E que “Há um sentimento de que estão sendo invertidas as expectativas. Não se vê mais com a mesma certeza a vasta lista dos que poderão ser enquadrados pelo sistema de Justiça.”

O ceticismo não para por aí, pois, segundo Mendes, “São mais citados os que poderão escapar, enquanto a velha direita se alia ao novo fascismo para, entre outras coisas, tentar anular delações de companheiros presos”.

Na verdade, este Diário cansou de repetir que não haveria punição para os verdadeiros mandantes da extrema direita ou mesmo da direita tradicional porque a burguesia pode precisar deles. Um burguês ou seus representantes só poderão sofrer algum tipo de punição se houver conflito de interesses com burgueses mais poderosos. Isso não é uma novidade.

Não podemos acreditar que o Estado burguês vá punir justamente a burguesia, a quem deve proteger.

Política x Crime

Boa parte da esquerda se iludiu com Alexandre de Moraes, um ministro do STF ligado a Michel Temer. Viram nele uma espécie de justiceiro que, a despeito de ter cara de vilão, tinha colocado dois ou três direitistas sem importância na cadeia. Isso bastou para assanhar aqueles que pretendem resolver as questões da política com a polícia.

Há pelo menos duas razões para a pequena burguesia acreditar nas Instituições. Primeiro, como o próprio nome demonstra, o pequeno-burguês está atrelado à burguesia e por isso comparte de sua ideologia. Seu medo de ser assaltado e perder alguns bens faz com que necessite da polícia e do judiciário. Segundo, a esquerda pequeno-burguesa não consegue mobilizar a classe trabalhadora, essencial para de fato se fazer frente à burguesia. Só resta a ela buscar os mecanismos que o próprio Estado burguês supostamente oferece.

De uns tempos para cá, especialmente após a vitória eleitoral de Lula, temos ouvido a esquerda gritar “Sem Anistia” e exigir prisão para todos os golpistas. Os pedidos, porém, não têm nenhum efeito, pois a esquerda não percebe que vencer uma eleição não corresponde ao controle político do Estado e de suas instituições. Pedem a prisão dos militares, mas quem vai fazer isso sem um poder real? Os militares estão com as armas, e essa esquerda pacifista quer o quê, que o STF coloque os generais na cadeia?

Consciência de classe

Ao contrário daquilo que muitos imaginam, a burguesia é, em grande medida, a classe mais consciente. Ela possui maior consciência de seus interesses e age de acordo com eles. E por isso deixa de lado qualquer tipo de moralismo e se for preciso fazer um acordo com Bolsonaro, ou com quem quer que seja, para assegurar determinados ganhos políticos, isso será feito.

O afastamento de Alexandre de Moraes deixou claro que esse acordo já está sendo feito. O alto comando das Forças Armadas, por sua vez, esteve o tempo preservado, pois a burguesia não vai prescindir de suas forças armadas. Apenas os iludidos acreditaram que os generais pudessem ir para atrás das grades. Está descartado que algum vá preso? Não, mas, de novo, isso vai depender de quais interesses estão em jogo.

Quando alguns “pobres coitados” dos distúrbios de 8/1 foram julgados de forma arbitrária por Moraes e receberam penas abusivas, a esquerda sorriu feliz e ficou esperançosa. O tempo, no entanto, é implacável e está demonstrando que tudo não passou de jogo de cena, e que, como sempre, a corda arrebenta do lado dos mais fracos.

Mendes fez sua lista de “golpistas, lavajatistas, muambeiristas, cloroquinistas, patriotistas, vampiristas de vacina, negacionistas, rachadistas”. E, como ele mesmo disse, enfileirou os nomes de forma aleatória. Mas é obrigado a admitir que “Os casos de muitos deles já estão próximos do estágio do esquecimento. Quase todos dependem de decisões do Supremo e em especial do ministro Alexandre de Moraes”. Que já não tem tanto poder.

Moisés Mendes, em sua lamentação, diz que é “apenas uma versão de listas possíveis com os nomes de investigados, com poucos indiciados e processados até agora. (…) muita gente ficou de fora. (…) a lista dos que, enquanto o tempo avança, têm cada vez mais chances de escapar”.

Para quem tiver curiosidade, a lista é longa e não vamos publicá-la aqui integralmente. Começa assim: “Jair Messias Bolsonaro, general Walter Braga Netto, general Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga, Onyx Lorenzoni, Ernesto Araujo, coronel Elcio Franco, Ricardo Barros, Anderson Torres, Silvinei Vasques, Flavio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro…”.

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