Na última quarta-feira, 17 de janeiro, foi realizado um protesto pelos policiais penais do Rio Grande do Norte em frente à governadoria do estado. O grupo reivindicou aumento salarial para os membros da corporação, bem como incremento do efetivo que atua nas unidades prisionais. Alegando baixa remuneração e descompasso entre o número de policiais e o número de pessoas presas, um dos setores mais reacionários da sociedade, a polícia, para ganhar ainda mais força dentro do cenário político e assim contar com mais meios de reprimir a população.
O ato dos policiais penais do Rio Grande do Norte se torna ainda mais farsesco por acontecer justamente na semana em que o Ministério da Gestão e Inovação do governo federal aprovou um aumento de 60% na remuneração dos policiais penais federais, sendo até agora a única área do serviço público federal que contou com reajuste salarial. Assim, fica evidente que a suposta “falta de valorização” das polícias, uma das reivindicações pautas da direita nacional, é totalmente desprovida de realidade, pois cada vez mais são esses setores repressivos são privilegiados que faturam em cima da repressão da população trabalhadora.
Ainda, é importante apontar que, sendo a polícia em seu conjunto uma instituição totalmente contrária aos interesses dos trabalhadores e muito nociva ao desenvolvimento social, a polícia penal, ramo do aparato repressivo incumbido de ser o braço mais brutal do sistema prisional brasileiro, tem ainda o agravante de ter sido instituída em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, sendo dessa forma um dos frutos podres legados pelo golpe de estado de 2016, que derrubou o governo do Partido dos Trabalhadores e ainda impediu Lula de concorrer nas eleições seguintes, facilitando, assim, o avanço da extrema direita. Dessa forma, é preocupante observar que uma corporação como essa, que deveria ser imediatamente dissolvida pelo seu caráter golpista, vem na verdade ganhando força em meio à onda repressiva que cresce no Brasil e que tem levado inclusive setores da esquerda nacional a aderir a uma sanha repressiva tipicamente bolsonarista, tudo supostamente justificado por uma preocupação com a questão da segurança pública que, dentro da ditadura que é o sistema capitalista, não passa de uma tolice demagógica.
Outro fator a ser destacado é que essa movimentação dos policiais penais aconteça justamente no Rio Grande do Norte, estado da federação que em março do ano passado atravessou uma enorme crise quando diversas ações foram realizadas por pessoas ligadas ao crime organizado como forma de protesto e retaliação às condições absolutamente degradantes dos presídios potiguares. O tratamento sub-humano recebido pelos presos contrasta enormemente com os recursos esbanjados em repasses ao policiamento no estado, que em 2023 superaram os 57 milhões de reais. Não sendo essa situação em absoluto uma exclusividade do Rio Grande do Norte, visto que o encarceramento é uma ferramenta de repressão utilizada pelo estado capitalista de forma indiscriminada contra toda a população brasileira, não deixa de chamar a atenção que os policiais penais do RN, um verdadeiro esquadrão da morte, se movimentem com o intuito de terem ainda maior comodidade para esmagar a população pobre.
Por fim, é necessário alertar mais uma vez que esse tipo de investida repressiva da direita no âmbito da segurança pública, embora comprovadamente demagógica e inócua, representa do ponto de vista político uma enorme ameaça a toda a esquerda nacional e, consequentemente, às condições de vida dos trabalhadores. A dificuldade de diversos setores da esquerda brasileira de entender que quanto maiores os recursos destinados ao aparato repressivo do estado, maior será a repressão sobre a população e mais crescerá a extrema direita, sem que o problema da segurança pública passe nem perto de ser resolvido, é muito perigosa e inevitavelmente terá consequências políticas nefastas. Assim, diante da pressão crescente dos setores mais reacionários da burguesia nacional e do imperialismo para acirrar ainda mais a exploração dos trabalhadores, é urgente uma mobilização consciente das bases de esquerda para que o governo deixe de lado as futilidades institucionais e possa efetivamente atender aos interesses do povo que o elegeu.