Segundo o advogado israelense Eitay Mack, “Israel” contribuiu para a manutenção da ditadura militar de 1964 no Brasil. Mack é um dos pesquisadores que analisou a influência da ocupação sionista durante as ditaduras e guerras civis na América Latina.
Décadas de colaboração criminosa
O trabalho dos pesquisadores apontou que Telavive tinha relações de colaboração com regimes latinos na repressão antes mesmo da onda de golpe das décadas de 60 e 70. O papel militar de “Israel” foi reconhecido em países como Guatemala, Argentina, Chile e Brasil.
Para Mack, essa era uma tática comum do governo israelense para reestabelecer relações diplomáticas com diversos Estados após a Guerra dos Seis Dias e a Guerra de Outubro. Ele ainda especifica que, mesmo que não se tenha indícios acerca do envolvimento direto nos golpes, o Estado sionista colaborou com a manutenção dos regimes de exceção.
Nas palavras de Mack em entrevista ao portal Opera Mundi: “ao contrário dos Estados Unidos, Israel não estava envolvido diretamente nos golpes militares aqui citados, mas ajudou na sobrevivência das ditaduras, na repressão interna e nos crimes que elas praticaram por muitos anos”.
Mack ainda situa o cenário político-econômico da época: “após as guerras de 1967 e 1973, Tel Aviv estava isolada do mundo, já que dezenas de países cortaram relações. Além disso, sofreu com inflação e estava desesperado por moeda estrangeira. É por isso que Israel estabeleceu relações diplomáticas e militares alternativas com os regimes que compravam equipamentos militares e treinamento“.
A especialidade do sionismo
As exportações israelenses aos governos da America Latina resumiam-se, basicamente, à produção de armas, espionagem e treinamento de repressão. O segundo serviço, com valor mais comodo, era apreciado justamente por ser usado para repressão da população pobre mobilizada contra seus governos.
Na perspectiva de Mack: “Israel se aproveitou das condições existentes na região para promover cinicamente seus próprios interesses, mas não foi Israel quem as criou”, colaborando, assim, com os regimes de exceção e seus crimes, principalmente na tecnologia utilizada para a repressão.
“O treinamento militar é relativamente barato, e o treinamento israelense ainda é bastante popular na região, especialmente o que ensina combater o terrorismo que, na realidade, é usado para suprimir e controlar populações pobres, minorias e grupos de esquerda”, afirma Mack.