Um relatório produzido pelo Instituto de Água e Saneamento e pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) apontou que cerca de 1,4 milhão de estudantes matriculados na rede pública no País não têm acesso à água potável.
O apontamento faz parte dos dados incluídos no estudo “Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial a partir do Censo Escolar” que procura destacar o fato de a maioria desses estudantes ser negra.
“A falta de água potável e abastecimento é mais acentuada em áreas onde estudantes negros estão em sua maioria, e isso pode ser explicado por uma combinação de fatores históricos, sociais, econômicos e políticos, que frequentemente refletem desigualdades estruturais”, apontou o secretário de combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Carlos Furtado.
Os dados trazidos pelo relatório mostram que além daqueles que não possuem acesso à água tratada, cerca de 5,5 milhões de estudantes da rede pública no Brasil não possuem nenhum tipo de abastecimento de água em suas escolas.
O relatório trouxe também, dados relativos à infraestrutura básica, ou seja, banheiros, coleta de lixo e tratamento de esgoto.
Nesse último caso, para o qual também foram verificadas as escolas que oferecem a Educação de Jovens e Adultos (EJA), os dados mostraram mais uma vez que os maiores prejudicados estão nas escolas de maioria negra sendo que 52,3% dos estudantes de escolas predominantemente negras não possuem acesso a pelo menos um dos serviços citados e em escolas predominantemente brancas, o número é de 16,3%.
Desses, 14,1 milhões de estudantes da rede pública não possuem acesso ao tratamento adequado de esgoto; 440 mil estudantes estão matriculados em escolas que não possuem banheiros e 2,15 milhões de alunos estão matriculados em 30,5 mil escolas que não possuem o lixo coletado pelo serviço público.
No quadro geral o que os dados trazidos pelo relatório mostram é a enorme precariedade da infraestrutura das escolas da rede pública. Isso é uma consequência direta do roubo do dinheiro público pelos banqueiros por meio do pagamento da famigerada “dívida pública” que apesar de já ter sido paga várias vezes continua sugando o dinheiro que deveria ser investido na saúde e na educação.
Portanto, para que a situação de completa precariedade relatada seja revertida é necessário não o embate entre estudantes negros e brancos como querem os identitários, mas sim, uma luta séria contra os parasitas do mercado financeiro que se expressam atualmente, por exemplo, por meio do pacote fiscal recentemente proposto pelo ministro Fernando Haddad.