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16ª Cúpula do BRICS

Encontro do BRICS termina com bloco mais forte e Brasil isolado

Adesão de Turquia e Arábia Saudita ao bloco foi uma importante derrota para o imperialismo que só pode comemorar a vergonhosa capitulação de Lula

Encerrada no último dia 24, a 16ª Cúpula do BRICS marcou um importante ponto de virada no cenário internacional ao consolidar a aliança entre seus países principais e incorporar outras nações à órbita do bloco. A ampliação do BRICS é especialmente relevante diante das constantes ameaças que seus membros enfrentam por parte do imperialismo, liderado principalmente pelos Estados Unidos e aliados europeus.

Para além da expansão em números, essa adesão representa um avanço na formação de uma rede robusta de alianças anti-imperialistas. Os principais impulsionadores dessa expansão são a Rússia e a China, que há anos trabalham para consolidar uma estrutura de cooperação internacional capaz de se contrapor à hegemonia ocidental e ao sistema financeiro global, dominado pelo dólar. Essa evolução é de grande importância estratégica e requer acompanhamento contínuo.

Entre os países-membros do BRICS, a Índia se destaca pela sua dimensão demográfica e econômica. Com uma população que ultrapassa um bilhão de pessoas, a Índia possui um potencial econômico enorme, ainda que internamente sofra com graves problemas sociais e desigualdade.

A relevância da Índia, no entanto, reside não apenas em seu peso econômico, mas na sua possibilidade de se alinhar de maneira mais contundente com os setores anti-imperialistas. Esse alinhamento é visto por muitos como uma peça-chave para fortalecer o bloco, mas o país tem historicamente mantido uma posição ambígua.

Ora se aproxima do imperialismo, ora toma ações independentes, como no caso do conflito com a China. A diplomacia russa e chinesa, no entanto, tem feito progressos para reduzir as tensões entre Índia e China, o que é visto como uma vitória diplomática que pode consolidar a estabilidade interna do BRICS e abrir caminho para uma atuação conjunta mais coerente e eficaz.

A entrada da Turquia no BRICS também representa um movimento ousado e inesperado. A Turquia, embora ainda membro da OTAN – o braço militar do imperialismo – demonstra um descontentamento crescente com sua posição subserviente dentro da organização. Ao buscar ingressar no BRICS, a Turquia desafia a ordem estabelecida pela OTAN e sugere um possível redesenho de seu papel político.

A adesão turca não deve ser vista como um ato isolado, mas sim como parte de um movimento mais amplo de países que, cansados de serem relegados a posições de coadjuvantes, buscam uma nova relevância no cenário global. A entrada de países como Turquia e Arábia Saudita – tradicionalmente alinhados aos interesses ocidentais – evidencia que até mesmo nações antes submissas ao imperialismo estão questionando essa relação e buscando alternativas de alianças que respeitem suas soberanias e interesses.

O alinhamento crescente entre Irã e Arábia Saudita é mais um indicativo dessa mudança de paradigma. Há poucos anos, seria impensável imaginar essas duas potências regionais realizando exercícios militares conjuntos, dada a rivalidade histórica. Contudo, o novo cenário global forçou uma reavaliação de prioridades e a busca por um denominador comum na luta contra o imperialismo.

O estreitamento de laços entre esses países demonstra que até potências regionais tradicionalmente em conflito podem encontrar uma causa comum quando o objetivo é resistir à dominação externa. Esse movimento de integração e cooperação no Oriente Médio aponta para uma nova dinâmica de política internacional que o BRICS, em sua expansão, precisa entender e explorar para fortalecer sua própria rede de apoio e influência.

Por outro lado, o comportamento da delegação brasileira na cúpula deixou muito a desejar, especialmente com o veto à participação de Venezuela e Nicarágua. Esse veto é um reflexo direto do alinhamento do governo brasileiro com o imperialismo, indo contra as expectativas populares que esperavam um posicionamento mais autônomo e soberano.

A ausência do presidente Lula, que alegou estar lesionado, deixou um vazio de liderança, preenchido pelo chanceler Mauro Vieira. Conhecido por sua postura pró-imperialista e alinhada aos interesses sionistas, Vieira adotou uma posição que foi, na prática, uma extensão dos acenos à direita promovidos por Lula.

Em Cazã, onde o encontro foi realizado, a delegação brasileira encabeçada por Vieira protagonizou o que muitos consideraram uma afronta à independência do BRICS ao barrar a entrada da Venezuela sob justificativas infantis e sem substância, como uma suposta “quebra de confiança”. O chanceler de facto, Celso Amorim, assessor especial de Lula, apoiou essa decisão, demonstrando um alinhamento surpreendente com as políticas de isolamento defendidas por forças externas interessadas em enfraquecer as vozes anti-imperialistas no continente latino-americano.

É importante lembrar que o presidente Lula foi eleito com a promessa de reestabelecer a soberania brasileira e de priorizar uma política externa independente. No entanto, ao adotar uma postura hostil em relação à Venezuela – que luta abertamente contra o imperialismo e paga um alto preço por essa resistência – Lula e seu governo não só frustram seus eleitores, como se afastam das bandeiras que tradicionalmente representam a esquerda latino-americana.

Essa posição foi justamente denunciada pelo governo venezuelano como equivalente às medidas adotadas pelo governo Bolsonaro, que se alinhava abertamente ao imperialismo contra o regime bolivariano. A atitude do governo brasileiro, especialmente em um momento em que o BRICS se expande para incorporar países que buscam resistir ao imperialismo, é uma traição à tradição de solidariedade e independência da política externa brasileira.

A Venezuela, por sua vez, permanece como a principal opositora do imperialismo no continente americano, enfrentando sanções brutais, embargos econômicos e perseguições internacionais. Mesmo diante desse cerco, o país mantém alianças importantes com a China e a Rússia e controla recursos estratégicos, como as maiores reservas de petróleo conhecidas e uma das maiores jazidas de ouro do planeta.

A resistência venezuelana ao imperialismo americano tem sido incansável, mesmo confrontada com desafios econômicos significativos. Trata-se de um país que se recusa a ceder, diferentemente do Brasil, cuja postura vacilante na cúpula do BRICS revelou uma disposição preocupante de ceder às pressões do imperialismo.

A decisão de Lula de se alinhar ao imperialismo em detrimento de uma parceria com a Venezuela revela um líder que, ao contrário do que prometeu, age como um mero garoto de recados do governo norte-americano. Essa postura, além de desmoralizar a política externa brasileira, coloca o governo em uma posição submissa, dando continuidade a um histórico de concessões aos interesses externos, tal como fazia o governo Bolsonaro.

A falta de posicionamento firme de Lula diante das agressões ao governo venezuelano fortalece, paradoxalmente, a extrema direita no Brasil, que capitaliza o descontentamento de setores nacionalistas e progressistas frustrados com o governo petista. Ao não adotar uma política de soberania clara, Lula não só abre espaço para o fortalecimento do bolsonarismo.

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