As enchentes no Rio Grande do Sul continuam ceifando vidas e deixando um rastro de destruição e sofrimento. A Defesa Civil confirmou, neste domingo (26), mais três mortes em decorrência das fortes chuvas que assolam o estado, elevando o número de vítimas fatais para 169. Contudo, os números não param por aí: ainda há 56 pessoas desaparecidas e 806 feridos, enquanto a quantidade de desabrigados e desalojados chega a 55.813 e 581.638, respectivamente.
A situação é de calamidade em 469 municípios afetados pelas enchentes. Em meio ao caos, a população revive o pesadelo das cheias do lago Guaíba, que alcançou níveis históricos, superando marcas registradas décadas atrás. A previsão não traz alívio, indicando que os níveis das águas devem permanecer elevados nos próximos dias, ampliando o cenário de desolação.
Nesta conjuntura desesperadora, onde a população luta para se recuperar dos estragos causados pelas enchentes, uma ordem parece ecoar nos corredores do poder: “cortar mais”.
Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta uma catástrofe devido às enchentes, evidenciando os impactos devastadores do neoliberalismo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, surge como uma defensora dessa política, destacando o que ela considera ser “fazer o dever de casa” por parte da equipe econômica.
Em meio à tragédia que assola o estado, Tebet reiterou a importância da política de austeridade fiscal, afirmando que o governo criou um arcabouço com regras claras para controle dos gastos públicos. Ela enfatizou que apenas uma porcentagem limitada do aumento da receita está disponível para gastos, com um rigoroso limite de 2,5% para aumento real.
Essa política demonstra a prioridade dada aos cortes de gastos em detrimento das necessidades da população, especialmente em momentos de crise como o atual. Enquanto Tebet defende a política de austeridade, não há menção sobre a possibilidade de cortar repasses para bancos ou outras áreas que não afetam diretamente a vida da população.
O contraste entre a ênfase na contenção de gastos e a tragédia que se desenrola no Rio Grande do Sul destaca a política da direita, que pressiona por mais cortes, e não menciona a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura, prevenção de desastres naturais e assistência às vítimas.
A ministra Tebet, ao enfatizar a importância de não aumentar o déficit público, ignora, como seria de esperar dela, as implicações desastrosas para a população.
O debate dessas e de outras ideias cogitadas por ela, como a mudança do critério de reajuste anual dos orçamentos da saúde e da educação, levou a deputada federal Gleisi Hoffmann, que também é presidente do PT, a se pronunciar: “É no mínimo preocupante que (essas ideias) sejam defendidas pela ministra Simone Tebet. Responsabilidade fiscal não tem nada a ver com injustiça social”