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América Latina

Em que consiste o problema da economia mexicana?

Eleiçao de Claudia Sheinbaum está diretamente ligada ao desenvolvimento da economia mexicana, submetida ao imperialismo norte-americano

A vitória de Sheinbaum tem sido propagandeada na América Latina  de forma a demonstrar que isso é uma espécie de resposta das forças democráticas do continente à extrema direita. Alguns mais audaciosos chegaram inclusive a dizer que, com a vitória do Morena no México, a extrema direita tinha ficado isolada na América Latina.

Trata-se de uma afirmação absurda porque nós temos a direita apoiada pela extrema direita no Uruguai, firme e forte.

No Paraguai é a direita quem governo, uma direita truculenta e violenta, praticamente uma extrema direita.

No Peru nós temos um golpe. E, portanto, uma política de extrema-direita, uma ditadura contra o povo.

No Chile existe Boric, um esquerdista que louvado por tantos, mas cujo governo está completamente desgastado, sendo que as previsões apontam para uma vitória da extrema direita nas próximas eleições.

Quanto à Bolívia, a vitória do atual presidente foi saudada como uma grande vitória da esquerda. Mas o que se tem agora é que os trabalhadores e suas organizações estão contra o governo. Evo Morales está contra o governo. Quer dizer, aconteceu um processo semelhante ao que aconteceu no Equador, e o governo age repressivamente contra a esquerda, que impediu Evo Morales de participar da eleição. No  Equador, o governo consiste numa ditadura também, aplicando um duro ataque contra o povo.

Na Colômbia, vigora um governo de esquerda que sempre foi muito instável, acossado pela direita.

Na Venezuela, encontra-se um governo de tipo nacionalista burguês, esquerdista. No mesmo campo, podemos dizer, encontram-se Cuba e Nicarágua.

Mas, por outro lado, há a situação de El Salvador, onde governa Bukele, da extrema direita.

A situação no continente é tal que não é possível afirmar que a direita está isolada e nem está marginalizada na América Latina. Agora, a grande pergunta é qual é o verdadeiro conteúdo da vitória do Lopes Obrador no México?

Lopez Obrador tem uma retórica esquerdista, embora seja bem uma retórica sem muita ação. Ele, por exemplo, defende a Venezuela, defende Cuba e afins, mas é uma defesa mais verbal do que qualquer outra coisa. Ele tem uma política social, não uma de grande envergadura, mas algo tímido e moderado. À primeira vista, poder-se-ia dizer que nós estamos diante de um governo de tipo nacionalista. Mas isso não é a realidade. A primeira coisa que chama a atenção é que a candidata do Lopez Obrador, Cluadia Sheinbaum, é apoiadora do sionismo.

Qual é a verdadeira natureza do processo político mexicano? Para entendermos bem, é necessário investigar o que está acontecendo no terreno da economia. O terreno da economia que foi o que inclusive possibilitou a vitória folgada da candidata de Lopez Obrador na eleição.

O México está se transformando numa plataforma para as empresas norte-americanas que estão se deslocando da China. Essa é a essência de todo o problema. Não se trata de um deslocamento total, porque isso aí seria um processo gigantesco de profundos abalos na economia internacional, mas de um deslocamento parcial. Diante dos atritos entre Estados Unidos e China, uma parte das empresas está vindo para o México.

É quase como se a empresa norte-americana estivesse produzindo nos Estados Unidos com mão de obra mexicana e com a legislação mexicana, com os sindicatos mexicanos, que são, obviamente, muito diferentes dos sindicatos norte-americanos. É quase como se estivesse dentro dos Estados Unidos. É quase uma anexação econômica do México aos Estados Unidos. Esse é o processo fundamental. Esse processo permitiu uma situação que é muito favorável para o imperialismo norte-americano no México. A tendência é se configurar um governo de aparência democrática, mas não tão democrático como se poderia pensar imediatamente. Ele vai fazer um aceno para setores populares. O governo tende a ter uma política social, mas também será empurrado a ter uma política muito repressiva, que já se esboçou durante o governo López Obrador.

Aqui nós temos que colocar um segundo elemento, um elemento fundamental, para entender o problema do México, que é o seguinte: o investimento maior do governo López Obrador não foi na questão social.

O investimento maior do governo López Obrador foi nas Forças Armadas mexicanas. E quem são essas Forças Armadas mexicanas? Elas são as mesmas que deram sustentação a uma ditadura no México que foi a ditadura do PRI, que acabou há cerca de duas atrás. Vale dizer: são forças armadas que não sofreram nenhum tipo de renovação, como é comum na América Latina; são forças armadas bastante direitistas, logicamente que ligadas, por uma série de vínculos, ao imperialismo.

O México tem uma fronteira enorme com os Estados Unidos. É uma fronteira praticamente impossível de se patrulhar. E, portanto, as drogas ou são produzidas no México, ou chegam ao México e lá vão para os Estados Unidos. Deve ser, assim, a maior concentração do comércio de drogas de todo o planeta Terra, a tal ponto que estima-se que 20% do PIB mexicano advém do tráfico de drogas.

Eles controlam a parte grande da política, controlam a polícia em vários lugares, controlam setores das Forças Armadas que estão envolvidos no tráfico de drogas. É um setor muito poderoso. Daí advém uma conclusão. Os norte-americanos impuseram uma condição ao governo mexicano para transferir as empresas para o território mexicano: que o governo promovesse uma enorme operação repressiva contra o crime organizado, contra o tráfico de drogas. Os escolhidos para a tarefa foram as Forças Armadas.

O que está sendo preparado no México sob a cobertura de um governo esquerdista é uma operação similar à ocorrido no Equador e em El Salvador. As consequências desse tipo de operação serão devastadoras. Em primeiro lugar, uma imposição será colocar uma parte significativa do poder político na mão dos órgãos de repressão. 

O cenário a partir disso é imprevisível. A repressão tende a respingar na população em geral. Quando se trata de um setor econômico que produz 20% do PIB, estamos falando de um setor com um relacionamento amplo com a população. Para se produzir 20% do PIB, é necessário empregar um percentual de pessoal correspondente a isso.

Conclusão: a repressão vai atingir um amplo setor social. É isso que está em marcha. Nesse sentido, um governo de esquerda é melhor do que um governo de direita, pois um governo de direita rapidamente seria acusado de configurar uma ditadura de direita, clássica. Logo, mascarar o caráter político do governo está na ordem do dia.

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