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Eleições francesas

Em nova capitulação, Mélenchon endossa indicação da direita

Em nova capitulação, França Insubmissa apoia direitista do Partido Socialista para segundo principal cargo no país

A França ainda não tem um primeiro-ministro desde que o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional. No entanto, a coalizão vencedora das eleições extraordinárias, a Nova Frente Popular (NFP), indicou, no dia 23 de julho, a direitista Lucie Castets, diretora financeira da prefeitura de Paris, para o cargo. Formada pela aliança entre o Partido Socialista (PS), o Partido Ecologista “Os Verdes”, o Partido Comunista Francês (PCF), forças menores como o Place Publique e o França Insubmissa (FI), a NFP conquistou 182 assentos, a maior quantidade de cadeiras da Assembleia Nacional (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil), mas bem menos do que os 289 assentos necessários para formar a maioria. Por isso, a indicação da NFP precisa ser apoiada por mais alguma força da Assembleia.

Desde 2014, a prefeitura de Paris é chefiada por Anne Hidalgo, do Partido Socialista, o que já indica a origem da indicada pela coalizão ao cargo de primeira-ministra francesa. O Partido Socialista, ao contrário do que seu nome indica, é um partido de direita, profundamente vinculado ao imperialismo. É o partido de François Hollande, que presidiu o país durante os bombardeios sobre a Síria.

A indicação de Castets foi vista como a forma de garantir o apoio da coalizão Juntos, dos partidos governistas, cujas 168 cadeiras garantiriam a vitória da primeira-ministra. Até a noite do dia 23, o presidente francês, Emmanuel Macron, não havia aceitado a indicação, alegando ser “falso dizer que a NFP tem maioria”.

“Ninguém venceu”, disse Macron em entrevista ao canal público France 2, acrescentado que “é falso dizer que a NFP teria maioria, fosse qual fosse”, atribuindo a vitória eleitoral do último dia 7 aos partidos da chamada “frente republicana”, aliança que unifica governo e esquerda contra a extrema direita. “Evidentemente, até meados de agosto, temos que nos concentrar nos Jogos (Olímpicos) e, a partir de então, em função da evolução destas discussões, caberá a mim nomear um primeiro-ministro”, acrescentou Macron, escancarando o golpe previsto por todos, menos o FI.

Na declaração conjunta dos partidos, Castets é apresentada como “dirigente de lutas associativas para a defesa e promoção dos serviços públicos (…) com experiência na luta contra a evasão fiscal e a criminalidade financeira”. Ou seja, nem os elogios conseguem esconder que se trata de uma pessoal da máquina estatal comandada pelo Partido Socialista. Uma pessoa, portanto, de confiança do regime político.

Além da nota oficial das agremiações, Jean-Luc Mélenchon, o principal líder da FI, publicou em seu perfil oficial no X uma mensagem de apoio à Castets, classificando sua indicação como “uma confirmação da capacidade da Nova Frente Popular de estar à altura da ocasião”. Disse o dirigente na rede social:

“A proposta de Lucie Castets para o mandato de primeira-ministra é uma confirmação da capacidade da Nova Frente Popular de estar à altura da ocasião, respeitando os compromissos assumidos com as mulheres e homens que a colocaram no topo das votações. O presidente da República não pode mais procrastinar. Ele deve nomeá-lo e respeitar as regras da democracia. O país está impaciente para ver sua decisão implementada!”

O anúncio representa uma nova e importante capitulação do FI e de seu dirigente, que, após ser traído pelos partidos que ajudou a fortalecer, agora apoia a candidatura que, em tese, seria aceita pelo imperialismo para o cargo reivindicado. Em comentário sobre a situação, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, destacou que, “já está claro que há um veto à França Insubmissa, está sendo formalizado um acordo político de sustentação do regime político francês”.

O partido de Mélenchon até conseguiu, com mais competência que a maioria das organizações de esquerda pelo mundo, se apresentar, em parte, como uma alternativa à política neoliberal. Foi isso que permitiu ao partido crescer eleitoralmente.

Ocorre que ao escamotear a luta contra a política econômica das forças imperialistas em favor da “defesa da democracia”, o partido deu início a uma aliança com o macronismo. Esse é o caminho do desastre.

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