O 1º de Maio deste ano foi marcado por fracassadas manifestações chamadas principalmente pela CUT e pelo PT. Diante dos recentes atos organizados pela extrema-direita, o ocorrido foi um verdadeiro vexame e uma aula de como não organizar uma manifestação, bem como, uma demonstração da crise da burocracia sindical da CUT.
Mesmo assim, como é de costume, o PSTU e suas centrais pelegas, chamaram uma manifestação “independente” para reforçar sua oposição ao governo Lula e a CUT, que, no caso, foi ainda mais esvaziada. Sim, se trata do mesmo partido que defendeu a lava jato, o golpe, e agora, mais uma vez, tentam tirar uma casquinha de qualquer que seja o erro cometido pelo PT para benefício próprio.
Isso ficou em uma matéria lançada no dia 3 de maio, no sítio oficial do PSTU, intitulada 1º de Maio: CSP-Conlutas realiza atos independentes, classistas, internacionalistas e de luta pelo país. Assim que começa a matéria, o PSTU coloca o que disse seu pré-candidato a prefeito de São Paulo, Altino Prazeres:
“A nossa luta é para construirmos uma alternativa socialista. Nunca vamos convidar governantes e patrões para o nosso ato. Não vamos convidar Lula nem Tarcísio e nem grandes empresários. Nosso convite é para os trabalhadores e trabalhadoras, para os servidores públicos federais que, neste momento, realizam uma greve contra o governo Lula”
Aqui já é possível ver o método clássico do PSTU de distorcer a realidade para seus objetivos, entre eles, o claro objetivo de dividir o movimento sindical e a própria greve organizada agora pelos servidores. É mentira afirmar que os servidores públicos federais realizam uma greve contra o governo Lula. Ou entre as palavras de ordem lançadas nas centenas de instituições paralisadas é o “Fora Lula” e o “Vera Lúcia” – várias vezes candidata do PSTU para presidente – presidente? Pelo contrário, a greve coloca problemas fundamentais para os servidores e todos os trabalhadores, como a questão do reajuste salarial, do orçamento federal, etc.
Altino Prazeres, na mesma citação, fala abertamente que o PSTU não vai convidar Lula para um ato. Lula muito provavelmente não iria em um ato organizado pela mesma esquerda golpista que cada vez mais perde popularidade com os trabalhadores. Entretanto, a não poderia estar mais equivocada a decisão de declarar que Lula é uma figura não grata para os atos do dia do trabalhador.
A vitória de Lula contra Bolsonaro foi atingida, mesmo sem nenhuma ajuda de partidos como o PSTU, com um esforço real da classe trabalhadora. Sem Lula, Bolsonaro teria vencido e a situação seria ainda mais complicada para a esquerda no Brasil. Um partido revolucionário sério, não precisa se aproveitar das inúmeras falhas do reformismo do PT para crescer. Os problemas precisam ser encarados e resolvidos, não por fora do PT e da CUT, mas sim, de sua base.
É fato que o ato foi mal convocado e com abordagens policialescas, bem como, o ato não foi organizado para ser uma verdadeira manifestação, com reivindicações reais da classe trabalhadora e dos movimentos populares, mas sim, um evento chapa branca. Ou seja, um 1 de maio não para mobilizar, mas para apresentar e elogiar o governo, que continua muito longe de resolver os problemas que a população brasileira enfrenta.
A “alternativa socialista” proposta pelo PSTU, não é nada diferente de suas centrais pelegas como a CSP-Conlutas, uma oposição oportunista a CUT que, na prática, faz ainda pior. Seu único caso de sucesso foi dividir a unidade sindical conquistada com a Central Única dos Trabalhadores.
Ninguém quer ir no ato chapa branca do PT, mal convocado e organizado, muito menos quer ir no “ato classista” feito pelo PSTU para tascar críticas a vontade no governo Lula. Vera Lúcia, presidente do PSTU, em vídeo postado no Instagram do partido, aproveita a ocasião para dizer, explicitamente, os variados motivos para não pisar em um palco ao lado de Lula:
“Não podemos ficar em palco junto a Lula que dá zero de reajuste aos servidores que estão em greve, que dá mais de 300 milhões para o agronegócio e nada para os pequenos agricultores, que não se confronta com os grileiros e madeireiros em defesa dos povos indígenas lá na Amazônia…”
O Governo Lula pode cometer diversos erros, ou mesmo, pressionado pela direita, pelos sionistas e pelo imperialismo, pode apoiar campanhas monstruosas como é a campanha em defesa da censura nas redes sociais. Agora, do que adianta para a classe trabalhadora analisar detalhadamente os mínimos erros do governo sem considerar concretamente qual o caminho para a luta dos trabalhadores?
O fracasso das manifestações foi ainda pior, pelo sucesso das últimas manifestações bolsonaristas. A extrema-direita mostra que ela está vencendo nas ruas, que tem mais apoio popular do que a direita. Em um momento no qual Bolsonaro consegue fazer carreatas por todo o Brasil e se preparar para as eleições.
Trata-se de uma situação onde a esquerda precisa discutir com todos os setores, especialmente os setores do próprio PT, nos sindicatos, bairros, universidades, etc. É preciso formar um polo para verdadeiramente combater a estrema direita – sem ajuda do Alexandre de Moraes.
O que faz o PSTU e todos que participam do ato para apontar os defeitos do PT, e que, ao mesmo tempo, também não fazem nada concretamente para vencer a extrema-direita, é ou uma ação completamente oportunista para ganhar um ou outro sindicato da CUT, ou uma desorientação tamanha que vai dificultar, ainda mais, que qualquer petista veja os problemas na direção do próprio partido.